CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Aborto
Não ouso abordar
aqui as facetas
melindrosas
dessa situação
gravíssima. Não
quero deter-me
nos casos
extremos
decorrentes da
violência
sexual, ou dos
inúmeros
aspectos da
gravidez de
risco. Estas
linhas tão
somente sugerem
reflexão aos
episódios das
gestações de
perfil comum -
decorrentes do
relacionamento
sexual
consciente e
voluntário
entre homens e
mulheres
saudáveis e
lúcidos!
Acabo de
assistir a um
trecho de vídeo
que me
aniquilou; são
imagens cruas,
brutais, de
cenas de aborto
– exclusivamente
da ótica do
feto! Melhor
dizendo: da
criança, um
pouco menorzinha
do que naquele
instante em que
enfim vem ter à
luz! Da criança
que – sim! – é
já um pequeno
bonequinho
irrequieto e
cheio de vida
com pouquíssimas
semanas no
útero: íntegro,
com mãozinhas e
pés, se agitando
no espaço
uterino de um
lado para outro
- os ultrassons
de última
geração não nos
deixam mentir!
Sim, caríssimos,
imagens dos
momentos
ignóbeis do
assassinato de
alguns daqueles
nenenzinhos
angelicais, que
são crianças
vivas, e – mais
que tudo! –
seres humanos
indefesos e
completamente
dependentes de
quem os nutrem e
geram na
intimidade de
seu útero, bem
como daqueles
que se
responsabilizarão
pela tarefa
sagrada de
auxílio na hora
de trazê-los ao
mundo quando do
uso dos métodos
cirúrgicos.
Não consegui ver
o pps.
até o fim.
Talvez tenha
sido o que de
mais hediondo já
presenciei
durante a vida,
e não ouso aqui,
mesmo por
respeito à
sensibilidade
alheia, mesmo
por contrição
para com as
vitimazinhas
inocentes destas
atrocidades
bárbaras
perpretadas
justo por
aqueles de quem
se esperaria ao
menos reverência
pelas suas vidas
aniquiladas tão
selvagemente –
vidas, em
iguais condições
de expressão em
cada organismo,
e em cada
coração humano –
não ouso
descrever algo
das imagens de
uma crueldade
intraduzível!
O ensejo do
texto, pois, é
de apelo à
reflexão e à
conscientização,
amigos, de
que não detemos
o direito
autoral sobre a
vida na face da
Terra, em
decorrência do
que não temos
também o direito
de subtraí-la de
quem quer que
seja!
Principalmente
dos serezinhos
gerados na
intimidade do
nosso corpo na
mais fática
manifestação de
vida a partir da
vida segundo as
deliberações
sagradas de algo
muito maior do
que nós: o
Criador!
Há o engano
incompreensível,
e talvez
derivado do
vício escabroso
de só se crer no
que se vê – de
se considerar
que a criança só
existe a partir
do momento em
que deixa o
ventre materno.
E a pergunta sem
resposta é como
que mães
– mães, que
interagem
facilmente com o
serzinho ativo
em suas
entranhas logo a
partir dos
primeiros
movimentos
sentidos nas
primeiras
semanas – podem
conceber tão
equivocadamente
o fenômeno sem
paralelos que
eclode e se
nutre a partir
de si mesmas: um
indivíduo
pequenino e
indefeso que,
literalmente, se
nutre e se
desenvolve de
sua própria
nutrição,
defesas,
energias
emocionais e
psicológicas –
numa palavra, a
partir de suas
vidas?!
Perguntem-se,
caros, o óbvio:
qual a sensação,
o paroxismo de
terror que
experimentariam
se, amarrados
repentinamente
num local
escuro, sem
acesso externo,
sem a mínima
compreensão do
que existe e do
que se dá cá
fora, fossem de
abrupto
arrebatados por
facadas que lhes
esquartejassem
os membros todos
em retalhos, ou
se vissem
vítimas
indefesas de
insólito banho
de produto
violento e
corrosivo que em
questão de
segundos lhes
derretesse até a
intimidade de
todas as
entranhas?!
Qual seria a
palavra adequada
para a descrição
da dor, do
desespero
impotente, da
desorientação
dolorosa do se
ser vítima de
uma covardia sem
qualificação
possível?! Pois
é esta, a mesma
dor desesperada,
meus amigos, que
experimenta o
serzinho
indefeso na hora
do ato bárbaro
que lhe
extermina a vida
iniciante por
nenhuma razão
outra que não
seja a mistura
tétrica do nosso
egoísmo com a
ignorância
lastimável das
conseqüências de
ordem moral e
espiritual para
tal atentado
contra a
sacralidade da
vida!
Tantas
alternativas
viáveis! Há
países que
contam com a
adoção prévia
para crianças
cujas mães se
reconhecem
incapacitadas,
por inúmeras
razões, para a
criação de seus
filhos. Tantas
famílias que as
acolheriam com
amor; tantas
instituições
idôneas de mãos
estendidas para
a solução a
contento!
Tantos dispostos
a ofertar,
gratuitamente,
amor!...
Caros... como
bem já citava
Pietro Ubaldi,
O mundo ainda
é um inferno
porque vós sois
monstros; no dia
em que fordes
anjos, o mundo
será o paraíso!
Enquanto as
barbáries
originadas neste
mais espúrio
estado de
inconsciência
para com o valor
da vida humana
prosseguirem
sendo
perpretadas
diante da nossa
omissão
conivente, o
mundo não
logrará sequer o
devido
merecimento para
a concretização
de todos os
nossos melhores
projetos
entressonhados
de coexistência
harmônica e de
cidadania, tanto
no âmbito do
nosso próprio
país, quanto
mais para com os
outros povos da
Terra e, por
extensão, do
Universo!
A maior lição de
amor é aprendida
primeiro a
partir da célula
familiar mais
querida, e no
templo sagrado
dos recessos de
nossa
consciência.
Por enquanto,
esta flor ainda
é estiolada...
Com a alma cheia
de pesar.