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Clássicos do Espiritismo
Ano 1 - N° 47 - 16 de Março de 2008

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

O Grande Enigma
(6
a Parte)

Léon Denis

Continuamos nesta edição o estudo do clássico O Grande Enigma, de Léon Denis, conforme o texto da 7a edição publicada pela Federação Espírita Brasileira. O estudo está sendo aqui apresentado em 10 partes.

Questões preliminares  

A. Que é que a Natureza nos mostra?

R.: Ela nos mostra, em toda a beleza da vida, o prêmio do esforço paciente e corajoso e a imagem dos nossos destinos sem-fim, e nos diz que tudo está em seu lugar no Universo, embora tudo evolua e se transforme, almas e coisas. (O Grande Enigma, p. 134.)

B. Qual era a idéia fundamental do druidismo?

R.: Era a evolução, o progresso e o desenvolvimento, idéia essa tomada, até certa medida, à Natureza e completada pela Revelação. (Obra citada, p. 137.)  

C. Qual deve ser o papel principal da ordem social?

R.: Considerando que a evolução é a lei central do Universo, o principal papel da ordem social deve ser, na proposição de Léon Denis, facilitá-la a todos os seus componentes. (Obra citada, p. 138.) 

Texto para leitura

91. Após referir-se de forma poética à beleza e à vastidão do Universo, Denis diz que as estrelas que povoam o firmamento parecem sorrir, qual se fossem amigas esquecidas. Seus mistérios nos atraem, contudo, mais tarde, nos séculos futuros, conheceremos essas maravilhas que nosso pensamento hoje apenas toca. (P. 126)

92. Tudo na floresta, segundo Léon Denis, é encanto, mas ela não constitui somente maravilhoso espetáculo: é também perpétuo ensinamento, pois nos fala das regras fortes, dos princípios augustos que regem toda a vida e presidem à renovação dos seres e das estações. (P. 132)

93. A Natureza mostra-nos, em toda a beleza da vida, o prêmio do esforço paciente e corajoso e a imagem dos nossos destinos sem-fim, e nos diz que tudo está em seu lugar no Universo, embora tudo evolua e se transforme, almas e coisas. A morte é apenas aparente; aos tristes invernos sucedem os dias primaveris, cheios de vida e de promessas. (P. 134)

94. A lei de nossas existências não é diferente das estações. Depois dos dias de sol, no verão, vem o inverno da velhice e, com ele, a esperança dos renascimentos e de nova mocidade. (P. 134)

95. A floresta é o adorno da Terra e a verdadeira conservadora do globo. Sem ela, o solo, arrastado pelas chuvas, cedo voltaria aos abismos do mar imenso. Ela retém as largas gotas da tempestade em seus tapetes de relva, no enredamento de suas raízes. Por toda parte em que as árvores desaparecem, a terra se empobrece, perde sua beleza e chegam, gradualmente, a monotonia, a aridez e depois a morte. (PP. 134 e 135)

96. Lembrando como os gauleses tratavam com carinho as suas florestas, Denis tece ligeiro comentário sobre a idéia fundamental do druidismo, que era a evolução, o progresso e o desenvolvimento, idéia essa tomada, até certa medida, à Natureza e completada pela Revelação. (P. 137)

97. Com efeito, a impressão geral que ressalta do espetáculo do mundo é um sentimento de harmonia, uma noção de encadeamento, uma idéia de fim e de lei, isto é, relações eternas dos seres e das coisas. “A concepção evolutiva - afirma Léon Denis - emana do estudo dessas leis. Há uma direção, uma finalidade na evolução, e esse rumo traz o conjunto das vidas, por gradações insensíveis e seculares, para um estado sempre melhor.” (P. 137)

98. O Catolicismo afastou essa idéia, mas a Ciência nos torna a levar para ela. Primeiramente, ela espiritualiza a matéria, reduzindo-a a centros de força, e nos mostra o sistema nervoso tornando-se cada vez mais complexo na escala dos seres, para chegar ao homem. (P. 137)

99. Considerando que a evolução é a lei central do Universo, o principal papel da ordem social é facilitá-la a todos os seus componentes. A vida é boa, útil e fecunda. Diante das perspectivas infinitas que ela nos abre, todos os sentimentos deprimentes, o pessimismo, a dúvida, a tristeza e o desespero desaparecem para dar lugar às inspirações imortais, à esperança imperecível. (P. 138)

100. O mar é um grande regenerador. Sem ele, a terra seria estéril e infecunda. Em seu seio se elaboram as chuvas benéficas; todo o sistema de irrigação do globo a ele deve o nascimento. Sua efusão de vida é sem limites. (P. 144)

101. O mar foi o cadinho gigantesco em que se elaboraram as primeiras manifestações da vida. Ainda hoje ele é a mãe, a nutriz fecunda por meio da qual se desenvolvem as existências prodigiosas, a seiva transbordante, da qual nada, nem a raiva destrutiva do homem, nem as causas reunidas de mortalidade, de luta, de guerra entre as espécies, pode minorar a intensidade. (P. 146)

102. O poder de reprodução de certas espécies é tal que, sem as forças que a combatem e lhe atenuam os efeitos, o mar se teria há muito tempo transformado em massa sólida. Cada fêmea de arenque contém em média cinqüenta mil ovos e cada ovo se multiplica, por sua vez, por cinqüenta mil. O bacalhau, que se alimenta do arenque, tem nove milhões de ovos - o terço do seu peso. Para o mundo dos mares, como se vê, a obra essencial é amar e multiplicar! O Oceano é comparável a imensa cuba sempre em fermentação de existências. A morte aí produz a vida; sobre os resíduos orgânicos dos seres destruídos, outros organismos aparecem e se desenvolvem incessantemente! (PP. 146 e 147)

103. A montanha é uma bíblia, cujas páginas apresentam um sentido oculto, um sentido profundo. Em suas camadas rochosas, enrugadas, revolvidas pelos abalos plutônicos, podemos ler a gênese do globo, as grandes epopéias da História do mundo, antes da aparição do homem. (P. 154)

104. As fontes quentes nos demonstram que as entranhas do globo encerram ainda a vida ardente, crepitante, prestes a jorrar, e que a ação do enorme e tenebroso ciclope é sempre possível. (P. 155)

105. Do mesmo modo que a flor se abre às carícias do Sol e das lágrimas do rocio, a alma se expande sob a influência radiosa da grande Natureza. (P. 155)

106. Diante da beleza das montanhas, não é de admirar que os fatos mais consideráveis da história religiosa se tenham passado sobre os cimos. O Merom, o Gaya, o Sinai, o Nebo, o Tabor e o Calvário são os altares soberbos de onde sobe, em poderoso transporte, a prece dos iniciadores. (PP. 157 e 158)

107. Reportando-se ao mosteiro situado na Grande Chartreuse, Léon Denis lembra que nas épocas de ferro e de sangue a vida monástica era o único refúgio para uma alma delicada e estudiosa. Eis por que daquele santuário alpestre irradiam sobre todo o país benéficas influências, embora os monges hajam desaparecido e o sítio tenha sido abandonado, perdendo, assim, seu prestígio religioso. (PP. 167 e 168) (Continua no próximo número.)
 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita