ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O Grande Enigma
(6a
Parte)
Léon Denis
Continuamos nesta edição
o estudo do clássico
O Grande Enigma, de
Léon Denis, conforme o
texto da 7a
edição publicada pela
Federação Espírita
Brasileira. O estudo
está sendo aqui
apresentado em 10
partes.
Questões
preliminares
A. Que é que a Natureza
nos mostra?
R.: Ela nos mostra, em
toda a beleza da vida, o
prêmio do esforço
paciente e corajoso e a
imagem dos nossos
destinos sem-fim, e nos
diz que tudo está em seu
lugar no Universo,
embora tudo evolua e se
transforme, almas e
coisas. (O Grande
Enigma, p. 134.)
B. Qual era a idéia
fundamental do
druidismo?
R.: Era a evolução, o
progresso e o
desenvolvimento, idéia
essa tomada, até certa
medida, à Natureza e
completada pela
Revelação. (Obra
citada, p. 137.)
C. Qual deve ser o papel
principal da ordem
social?
R.: Considerando que a
evolução é a lei central
do Universo, o principal
papel da ordem social
deve ser, na proposição
de Léon Denis,
facilitá-la a todos os
seus componentes.
(Obra citada, p. 138.)
Texto para leitura
91. Após referir-se de
forma poética à beleza e
à vastidão do Universo,
Denis diz que as
estrelas que povoam o
firmamento parecem
sorrir, qual se fossem
amigas esquecidas. Seus
mistérios nos atraem,
contudo, mais tarde, nos
séculos futuros,
conheceremos essas
maravilhas que nosso
pensamento hoje apenas
toca. (P. 126)
92. Tudo na floresta,
segundo Léon Denis, é
encanto, mas ela não
constitui somente
maravilhoso espetáculo:
é também perpétuo
ensinamento, pois nos
fala das regras fortes,
dos princípios augustos
que regem toda a vida e
presidem à renovação dos
seres e das estações.
(P. 132)
93. A Natureza
mostra-nos, em toda a
beleza da vida, o prêmio
do esforço paciente e
corajoso e a imagem dos
nossos destinos sem-fim,
e nos diz que tudo está
em seu lugar no
Universo, embora tudo
evolua e se transforme,
almas e coisas. A morte
é apenas aparente; aos
tristes invernos sucedem
os dias primaveris,
cheios de vida e de
promessas. (P. 134)
94. A lei de nossas
existências não é
diferente das estações.
Depois dos dias de sol,
no verão, vem o inverno
da velhice e, com ele, a
esperança dos
renascimentos e de nova
mocidade. (P. 134)
95. A floresta é o
adorno da Terra e a
verdadeira conservadora
do globo. Sem ela, o
solo, arrastado pelas
chuvas, cedo voltaria
aos abismos do mar
imenso. Ela retém as
largas gotas da
tempestade em seus
tapetes de relva, no
enredamento de suas
raízes. Por toda parte
em que as árvores
desaparecem, a terra se
empobrece, perde sua
beleza e chegam,
gradualmente, a
monotonia, a aridez e
depois a morte. (PP. 134
e 135)
96. Lembrando como os
gauleses tratavam com
carinho as suas
florestas, Denis tece
ligeiro comentário sobre
a idéia fundamental do
druidismo, que era a
evolução, o progresso e
o desenvolvimento, idéia
essa tomada, até certa
medida, à Natureza e
completada pela
Revelação. (P. 137)
97. Com efeito, a
impressão geral que
ressalta do espetáculo
do mundo é um sentimento
de harmonia, uma noção
de encadeamento, uma
idéia de fim e de lei,
isto é, relações eternas
dos seres e das coisas.
“A concepção evolutiva
- afirma Léon Denis -
emana do estudo
dessas leis. Há uma
direção, uma finalidade
na evolução, e esse rumo
traz o conjunto das
vidas, por gradações
insensíveis e seculares,
para um estado sempre
melhor.” (P. 137)
98. O Catolicismo
afastou essa idéia, mas
a Ciência nos torna a
levar para ela.
Primeiramente, ela
espiritualiza a matéria,
reduzindo-a a centros de
força, e nos mostra o
sistema nervoso
tornando-se cada vez
mais complexo na escala
dos seres, para chegar
ao homem. (P. 137)
99. Considerando que a
evolução é a lei central
do Universo, o principal
papel da ordem social é
facilitá-la a todos os
seus componentes. A vida
é boa, útil e fecunda.
Diante das perspectivas
infinitas que ela nos
abre, todos os
sentimentos deprimentes,
o pessimismo, a dúvida,
a tristeza e o desespero
desaparecem para dar
lugar às inspirações
imortais, à esperança
imperecível. (P. 138)
100. O mar é um grande
regenerador. Sem ele, a
terra seria estéril e
infecunda. Em seu seio
se elaboram as chuvas
benéficas; todo o
sistema de irrigação do
globo a ele deve o
nascimento. Sua efusão
de vida é sem limites.
(P. 144)
101. O mar foi o cadinho
gigantesco em que se
elaboraram as primeiras
manifestações da vida.
Ainda hoje ele é a mãe,
a nutriz fecunda por
meio da qual se
desenvolvem as
existências prodigiosas,
a seiva transbordante,
da qual nada, nem a
raiva destrutiva do
homem, nem as causas
reunidas de mortalidade,
de luta, de guerra entre
as espécies, pode
minorar a intensidade.
(P. 146)
102. O poder de
reprodução de certas
espécies é tal que, sem
as forças que a combatem
e lhe atenuam os
efeitos, o mar se teria
há muito tempo
transformado em massa
sólida. Cada fêmea de
arenque contém em média
cinqüenta mil ovos e
cada ovo se multiplica,
por sua vez, por
cinqüenta mil. O
bacalhau, que se
alimenta do arenque, tem
nove milhões de ovos - o
terço do seu peso. Para
o mundo dos mares, como
se vê, a obra essencial
é amar e multiplicar! O
Oceano é comparável a
imensa cuba sempre em
fermentação de
existências. A morte aí
produz a vida; sobre os
resíduos orgânicos dos
seres destruídos, outros
organismos aparecem e se
desenvolvem
incessantemente! (PP.
146 e 147)
103. A montanha é uma
bíblia, cujas páginas
apresentam um sentido
oculto, um sentido
profundo. Em suas
camadas rochosas,
enrugadas, revolvidas
pelos abalos plutônicos,
podemos ler a gênese do
globo, as grandes
epopéias da História do
mundo, antes da aparição
do homem. (P. 154)
104. As fontes quentes
nos demonstram que as
entranhas do globo
encerram ainda a vida
ardente, crepitante,
prestes a jorrar, e que
a ação do enorme e
tenebroso ciclope é
sempre possível. (P.
155)
105. Do mesmo modo que a
flor se abre às carícias
do Sol e das lágrimas do
rocio, a alma se expande
sob a influência radiosa
da grande Natureza. (P.
155)
106. Diante da beleza
das montanhas, não é de
admirar que os fatos
mais consideráveis da
história religiosa se
tenham passado sobre os
cimos. O Merom, o Gaya,
o Sinai, o Nebo, o Tabor
e o Calvário são os
altares soberbos de onde
sobe, em poderoso
transporte, a prece dos
iniciadores. (PP. 157 e
158)
107. Reportando-se ao
mosteiro situado na
Grande Chartreuse, Léon
Denis lembra que nas
épocas de ferro e de
sangue a vida monástica
era o único refúgio para
uma alma delicada e
estudiosa. Eis por que
daquele santuário
alpestre irradiam sobre
todo o país benéficas
influências, embora os
monges hajam
desaparecido e o sítio
tenha sido abandonado,
perdendo, assim, seu
prestígio religioso.
(PP. 167 e 168)
(Continua no próximo
número.)