Realidade vivente
“Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei.” − Jesus
Frente
a um mesmo assunto, podemos
ter pontos de vista muito
diferentes, mas nem por isso
devemos nos agastar uns com os
outros.
O
filósofo espanhol José
Ortega conta que, “de
perspectivas diferentes, dois
homens podem olhar uma
paisagem e, sem embargo, não
enxergarem a mesma coisa.
Enquanto um deles realça
certos detalhes, o outro –
provavelmente – nem os
percebe. Teria sentido que
cada um declarasse falsa a
paisagem alheia? Evidentemente
não, pois tão real é uma
quanto a outra. Cada Vida é
um ponto de vista sobre o
Universo que nos cerca”.
O
que acontece com a visão corpórea
se cumpre igualmente em relação
a todos os outros sentidos,
mesmo com a vertente psicológica,
ou seja, o modo de percepção
e entendimento das coisas e
pessoas pode transcender o
campo objetivo.
Segundo
Ortega, esse fenômeno alcança
também as palavras ainda que
presas às suas raízes etimológicas.
Quando queremos saber o
significado de uma palavra, não
basta apenas recorrermos ao
dicionário, mas é necessário
também nos atermos ao aspecto
contextual, ou melhor: como a
palavra foi mencionada, por
quem, para quem, em que situação
etc.
Exemplifiquemos:
A palavra “cravo”
tanto pode significar uma
flor, um prego ou um
condimento muito utilizado
pelos doceiros. Assim, de
acordo com a circunstância,
pode ter diversas significações.
O
idioma ou língua é, pois, um
texto para ser entendido e
necessita sempre de ilustrações
e tais ilustrações consistem
na realidade
vivente a partir da qual
se contextualiza o fato,
realidade essa, por sinal,
instável, fugitiva que às
vezes chega e se vai para não
mais voltar.
De
tudo isso resulta que o
sentido real da palavra pode não
ser algumas das indicações
do dicionário, mas sim o
sentido imposto no instante
contextual em que é
pronunciada ou escrita.
Dessa
forma, para nos colocarmos de
acordo uns com os outros e
encontrarmos a solução mais
vantajosa para todos, embora
nossos pontos de vista
totalmente diferentes, basta
incluir em nossa realidade
vivente o notável e
singular ingrediente chamado:
AMOR!