ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)
Fatalidade
Entre os árabes
existe uma
expressão (Macktub)
que define o
tipo de
pensamento que
predomina entre
eles a respeito
do homem e de
seu destino.
Segundo eles,
tudo está
escrito. Há uma
determinação
superior que
governa nossos
passos. Tudo
está previsto,
tudo
predeterminado.
É a doutrina do
fatalismo, do
determinismo.
Interessante que
na vida tudo
parece conduzir
para esse tipo
de entendimento.
Havia um dito
popular, quando
eu era menino,
que expressava
bem esse
pensamento.
Costumava-se
dizer que “quem
nasce para
tostão nunca
chega a mil
réis”. O ditado
é antigo, por
isso a presença
de uma moeda que
os mais jovens
não chegaram a
conhecer.
Quantas vezes
ocorre a um
indivíduo
salvar-se de um
acidente para
imediatamente
cair em outro.
Quanta luta, às
vezes, sem
resultado
nenhum. O
problema é tão
sério que Kardec
não se furtou a
examiná-lo
buscando a
orientação dos
Espíritos
superiores,
conforme se vê
nas questões 851
a 867 e nas
questões 525 a
540 de O
Livro dos
Espíritos.
Recordando: a
doutrina do
fatalismo é a
que admite que o
curso da vida
humana esteja,
em graus e
sentidos
diversos,
previamente
fixado, sendo a
vontade ou a
inteligência
impotentes para
dirigi-lo ou
alterá-lo. Quer
dizer: quem nos
criou já nos
traçou um
roteiro e nada
contra esse
roteiro podemos
fazer. Seríamos,
segundo essa
teoria, meros
robôs, sem
direitos e sem
vontade,
cumprindo um
papel para o
qual não fomos
sequer
consultados.
Indaga-se: é a
doutrina do
fatalismo
absolutamente
falsa? Estamos
ou não estamos
sujeitos a
determinadas
ocorrências
contra as quais
nada podemos
fazer? Essa a
questão.
O
LIVRE-ARBÍTRIO
Segundo a
Doutrina
Espírita nós
somos dotados
por Deus do
direito de
decidir, por nós
mesmos, o
caminho que
vamos seguir.
Agimos de acordo
com a nossa
consciência e
segundo a nossa
vontade. Somos
livres para
fazermos o que
quisermos, mas
somos igualmente
responsáveis
pelas
conseqüências do
que fizermos.
Quando Deus nos
criou, deu-nos a
todos uma mesma
origem e
estabeleceu para
todos a mesma
destinação. Para
todos: o
progresso final,
a perfeição
possível.
Da origem ao
objetivo final,
há um caminho a
percorrer. Esse
caminho é
construção
nossa. Não
importa o tempo
que iremos levar
nessa
construção. A
vida não tem
pressa. O certo
é que existe aí
uma fatalidade:
Todos iremos
chegar lá, um
dia. Nessa
caminhada, nós
nos ferimos a
nós mesmos e
ferimos aos
nossos
companheiros de
jornada.
Feridas que
precisam ser
cicatrizadas.
Doenças que
precisam ser
tratadas. É a
intensidade dos
ferimentos e a
gravidade das
doenças que
dirão do tempo e
da forma do
tratamento a que
seremos
submetidos. Como
se vê, o nosso
livre-arbítrio
cria um tipo de
fatalidade para
nós. Pelo
livre-arbítrio,
cometemos erros,
ferimos o
próximo,
semeamos
discórdias,
desequilíbrios,
doenças. Esses
ferimentos,
esses
desequilíbrios
terão que ser
tratados
fatalmente.
ESCOLHA DAS
PROVAS
Os erros
cometidos,
quando
estagiamos pelo
planeta, terão
que ser
corrigidos
através de nossa
experiência no
planeta. Não é
justo que outros
venham retirar
os espinhos que
nós semeamos
pelos caminhos.
Fazemos isso por
meio da
reencarnação. É
através delas
que vamos
curando as
feridos que
fizemos no
próximo e
tratando as que
fizemos em nós
mesmos. Esse
tratamento é
doloroso.
Doloroso e
demorado, porque
essencial ao
nosso
aprendizado.
Para que os
erros não voltem
a acontecer, não
se repitam.
As reencarnações
são programadas.
Projetam uma
tarefa a se
cumprir, num
tempo
determinado.
Quando nascemos,
trazemos a
provisão de
fluido vital
necessário ao
cumprimento da
tarefa. Tal qual
o oxigênio que o
mergulhador
carrega no seu
escafandro para
suportar o
trabalho no
fundo do mar.
Esgotado o
oxigênio, o
mergulhador tem
que subir, vir à
tona. Esgotado o
fluido vital, o
Espírito
encarnado tem
que voltar à sua
condição de
Espírito: é a
morte.
O tratamento das
nossas doenças,
enquanto
encarnados, é
feito em etapas
preestabelecidas.
E tem um tempo
de alta, tempo
em que o
tratamento
parece
concluído. Às
vezes, são
necessárias
várias
encarnações para
que a saúde
volte a ser
plena. Durante o
tratamento (a
encarnação) nós
podemos cometer
outros erros.
Acumular novos
débitos. Criar
novas
fatalidades
futuras.
A escolha das
provas é feita
com a nossa
participação.
Escolhidas, elas
acontecerão.
Quando fazemos a
escolha, nós nos
criamos certa
fatalidade que
culmina com a
única fatalidade
definitiva: a
morte. Os
Espíritos não
deixam dúvidas,
quando dizem:
“Fatal no
verdadeiro
sentido da
palavra, só o
instante da
morte o é.
Chegado esse
momento, de uma
forma ou de
outra, a ele não
podeis
furtar-vos”.
Então, como
ficamos? Existe
ou não a
fatalidade?
A fatalidade
existe
unicamente pela
escolha que o
Espírito fez, ao
encarnar, desta
ou daquela prova
para sofrer.
Escolhendo-a,
instituiu para
si uma espécie
de destino, que
é a conseqüência
mesma da posição
em que vem a
achar-se
colocado.
Falamos das
provas físicas,
pois que, pelo
que toca às
provas morais e
às tentações, o
Espírito,
conservando o
livre-arbítrio
quanto ao bem e
ao mal, é sempre
senhor de ceder
ou de resistir.
(Questão 851)
E por que há
pessoas que
parecem
perseguidas por
uma fatalidade,
independente
da maneira por
que procedem?
– São, talvez,
provas que lhes
caiba sofrer e
que elas
escolheram, mas,
muitas vezes,
são simples
conseqüências de
suas próprias
faltas; de sua
imprudência ou
imprevidência ou
irresponsabilidade.
Pode-se entender
que se não for a
hora, qualquer
que seja o
perigo que nos
ameace, nós não
morreremos?
– Sim, assim é:
temos milhares
de exemplos
disso, todos os
dias.