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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 49 - 30 de Março de 2008

EDUARDO BATISTA DE OLIVEIRA
ebatistadeoliveira@ig.com.br

Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)

Dias de escândalos

Denúncias de “mensalão”, campanhas financiadas por “caixa dois”, licitações fraudulentas, orgias patrocinadas pelos cofres públicos. A cada dia é descoberto um novo escândalo no meio político brasileiro. E sempre foi assim. Sempre houve escândalos, aqui e em outros países, seja no meio político, no esportivo, no das celebridades ou em qualquer meio social. E por que será que passamos por isso? 

Como sempre fazemos, vamos buscar as respostas em Kardec e em Jesus, nossos irmãos-missionários, que estiveram encarnados em nosso meio, trazendo-nos revelações e luzes para melhor compreensão do mundo em que vivemos. 

Para Kardec, o escândalo, em seu sentido vulgar, é tudo o que choca a moral e as convenções, de maneira ostensiva, causando repercussões e estrépito. É bem o que temos vivido nos dias atuais. No sentido evangélico, a palavra escândalo ganha significação mais ampla: é toda má ação, de indivíduo para indivíduo, que resulta dos vícios e das imperfeições humanas, com ou sem repercussões. Nesse sentido, Jesus, referindo-se às pessoas que vivem ocultando pequenas mazelas, indecências e desonestidades a fim de preservar a reputação, disse que “se assemelham a sepulcros brancos por fora, mas cheios de podridão por dentro; vasos limpos por fora, mas sujos por dentro”. Disso, no fundo, ninguém duvida: de que adianta a ocultação de mazelas na sociedade em que vivemos, se somos Espíritos? 

Os escândalos são necessários, assevera determinado trecho evangélico. E por quê? Para que os homens se punam a si mesmos, pelo contato com os seus próprios vícios. Castigo para uns, prova para outros. É assim que Deus faz sair o bem do mal. Ou seja, os escândalos a que temos assistido hoje servem para nos chamar a atenção para os nossos próprios defeitos. Devemos aproveitar essa oportunidade para uma auto-análise: será que o nosso telhado também não é de vidro? Será que a nossa consciência está preparada e limpa e sairia impune de uma “CPI”? Isso não quer dizer que devamos nos conformar com o mal que nos acomete. Da auto-análise deve resultar sempre um desejo de transformação. 

Consola saber que esse mal, hoje necessário, não durará para sempre. Transformada a humanidade numa comunhão de homens de bem, ninguém fazendo o mal ao próximo ou a si mesmo, não haverá mais escândalos, nem culpados, nem a necessidade de castigo (entendido como efeito de uma causa). Tal é o estado dos mundos adiantados, dos quais o mal foi excluído. Tal será o estado da nossa Terra, assim que houvermos progredido em nossa senda evolutiva. Mas, por enquanto, “se a tua mão te serve de causa de escândalo, corta-a”. É preciso cuidado, evidentemente, na interpretação dessas palavras de Jesus: conquanto profundas, têm sentido alegórico. Querem dizer, por exemplo, que devemos cortar nossos vícios, arrancar do nosso coração todo sentimento impuro e toda tendência viciosa que adquirimos ao longo das várias encarnações. Pressupõem que devemos nos transformar em homens melhores, mais perfeitos. Uma sociedade melhor, mais ética, mais adiantada será mera conseqüência. 

E que não nos esqueçamos: em períodos de grande turbulência e crise, o melhor remédio é sempre a máxima orai e vigiai. Muita paz a todos.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita