A Revue Spirite
de 1859
(5a Parte)
Allan Kardec
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1859. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 10
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. É verdade que Kardec,
no contato com os
Espíritos, dava
preferência às
evocações?
Não. Dos dois sistemas
preconizados e
praticados à sua época,
enquanto uns preferiam
as comunicações
espontâneas, outros
preferiam as evocações.
“Quanto a nós – disse
Kardec – apenas
condenamos a
exclusividade de
sistemas.” (Revue
Spirite, p. 192.)
B. Que é preciso para
obtermos o concurso dos
bons Espíritos?
A primeira condição para
merecermos sua simpatia
é o recolhimento e a
pureza das intenções.
Kardec diz que é
conhecido o provérbio:
Dize-me com quem
andas e te direi quem
és. Podemos,
portanto, parodiá-lo em
relação aos nossos
Espíritos simpáticos,
dizendo: Dize-me o
que pensas, e te direi
com quem andas.
(Obra citada, pp. 195 e
196.)
C. Que táticas usam os
maus Espíritos para
conseguir seus
objetivos?
Uma de suas táticas é
semear a desunião,
porque sabem muito bem
que podem facilmente
dominar quem estiver sem
apoio. A experiência,
diz Kardec, ensina que
não é impunemente que
nos abandonamos ao
domínio dos maus
Espíritos, porque suas
intenções jamais são
boas. (Obra citada,
p. 197.)
D. De que depende a
estabilidade de uma
sociedade espírita?
A primeira condição para
a estabilidade de um
centro é, segundo
Kardec, a
homogeneidade de
princípios e da maneira
de ver. A segunda
condição é a
assistência dos bons
Espíritos, se ele
quiser obter
comunicações sérias.
(Obra citada, pp. 200 e
202.)
Texto para leitura
101. No discurso de
encerramento do ano
social (em junho de
1859), Kardec disse que
o número dos membros
titulares da Sociedade
Espírita de Paris
triplicara em alguns
meses e possuía ela
numerosos
correspondentes nos dois
continentes. (P. 188)
102. Kardec lembrou na
ocasião esta lição de
São Luís: "Zombaram das
mesas girantes, mas não
zombarão jamais da
filosofia, da sabedoria,
da caridade que brilham
nas comunicações
sérias". (P. 190)
103. Aquele que
realmente quer saber --
diz Kardec -- deve
submeter-se às condições
da coisa em si, e não
querer que esta se
submeta às suas
condições. Por isto a
Sociedade não se presta
a experimentações que
não dariam resultado,
pois sabe, por
experiência, que o
Espiritismo, como
qualquer outra ciência,
não se aprende de um
jato e em poucas horas.
(PP. 191 e 192)
104. Não perdemos tempo
-- diz o codificador --
em reproduzir os fatos
que já conhecemos, do
mesmo modo que um físico
não se diverte em
repetir as experiências
que nada de novo lhe
ensinam. Dirigimos nossa
investigação a tudo
quanto possa esclarecer
a nossa marcha,
preferindo as
comunicações
inteligentes, fonte da
filosofia espírita e
cujo campo ilimitado é
muito mais vasto que o
das manifestações
puramente materiais. (P.
192)
105. Dois sistemas
igualmente preconizados
e praticados se
apresentam na maneira de
receber as comunicações
de além-túmulo: uns
preferem esperar as
comunicações
espontâneas; outros
preferem as evocações.
Quanto a nós -- assevera
Kardec -- apenas
condenamos a
exclusividade de
sistemas. (P. 192)
106. A maneira de
conversar com os
Espíritos é uma
verdadeira arte, que
exige tato, conhecimento
do terreno que pisamos e
constitui, a bem dizer,
o Espiritismo prático.
(P. 193)
107. A crítica
sistemática censurou-nos
-- afirma Kardec -- por
aceitarmos muito
facilmente as doutrinas
de certos Espíritos,
sobretudo no que
concerne às questões
científicas. Ora,
estamos longe de aceitar
tudo quanto eles dizem
como artigos de fé. (P.
194)
108. Como nem todos são
perfeitos, não aceitamos
suas palavras senão com
reservas e jamais com a
credulidade das
crianças. Julgamos,
comparamos, tiramos
conclusões do que
observamos e os seus
próprios erros
constituem ensinamentos
para nós. (PP. 194 e
195)
109. Saibam, pois, que
tomamos toda opinião
emitida por um Espírito
como uma opinião
pessoal; que não a
aceitamos senão depois
de havê-la submetido ao
controle da lógica e dos
meios de investigação
fornecidos pela própria
Ciência Espírita. (P.
195)
110. O concurso dos bons
Espíritos -- eis com
efeito a condição sem a
qual não se pode esperar
a Verdade; ora, depende
de nós obter esse
concurso, e a primeira
condição para merecermos
sua simpatia é o
recolhimento e a pureza
das intenções. (P. 195)
111. É conhecido o
provérbio: Dize-me
com quem andas e te
direi quem és.
Podemos parodiá-lo em
relação aos nossos
Espíritos simpáticos,
dizendo: Dize-me o
que pensas, e te direi
com quem andas. (P.
196)
112. Dizer que Espíritos
levianos jamais
deslizaram entre nós --
diz Kardec -- seria uma
presunção de perfeição.
Os Espíritos superiores
chegaram mesmo a
permiti-lo, a fim de
experimentar a nossa
perspicácia e o nosso
zelo na pesquisa da
verdade. (P. 196)
113. O objetivo da
Sociedade Espírita de
Paris não é apenas a
pesquisa dos princípios
da Ciência Espírita. Ela
vai mais longe: estuda
também as suas
conseqüências morais,
pois é principalmente
nestas que está a sua
verdadeira utilidade.
(P. 197)
114. Ensina a
experiência que não é
impunemente que nos
abandonamos ao domínio
dos maus Espíritos.
Porque suas intenções
jamais podem ser boas.
Uma de suas táticas para
alcançar os seus fins é
a desunião, pois sabem
muito bem que podem
facilmente dominar quem
estiver sem apoio. (P.
197)
115. Perguntarão, então,
se não atrairemos os
maus Espíritos, evocando
pessoas que foram o
rebotalho da sociedade.
Não, porque jamais
sofremos a sua
influência. Só há perigo
quando é o Espírito que
se impõe; nunca, porém,
quando nos impomos ao
Espírito. (PP. 197 e
198)
116. Em seu discurso,
Kardec mostra que muitos
confrades o criticavam
por estar indo longe
demais, alegando que os
fatos não estavam ainda
suficientemente
observados e que não
havia certeza de que os
Espíritos que lhe deram
instruções não se
haviam enganado. Ele
respondeu: "O futuro
dirá se estou certo ou
errado". (P. 199)
117. Falando sobre
sociedades espíritas,
Kardec diz que a
primeira condição para a
estabilidade de um
centro é a
homogeneidade de
princípios e da maneira
de ver; a segunda
condição é a
assistência dos bons
Espíritos, se ele
quiser obter
comunicações sérias. (P.
200)
118. O objetivo do
Espiritismo é melhorar
aqueles que o
compreendem. Procuremos
dar o exemplo e mostrar
que para nós a doutrina
não é morta. Sejamos
dignos dos bons
Espíritos, se quisermos
a sua assistência. (P.
202)
119. Joseph Midard,
morto em combate, não se
deu conta imediatamente
da sua situação e não se
julgava morto. (P. 204)
120. Diz ele que a hora
da morte é marcada por
Deus. Se a gente deve
passar, nada o impedirá;
do mesmo modo ninguém
pode atingi-la, se sua
hora não houver soado.
(P. 207)
121. Vestido de turbante
e culote, ele não soube
explicar como arranjou
essas roupas, visto que
o uniforme de soldado
ficou no campo de
batalha. "Tenho um
alfaiate que as arranja",
disse Midard. (P. 208)
122. Outro militar morto
no mesmo combate disse
ter-se reconhecido quase
que imediatamente,
graças às vagas noções
que tinha do
Espiritismo, mostrando
que o conhecimento
abrevia o período de
perturbação. (P. 210)
123. O Abade Chesnel
volta a escrever em
L'Univers,
insistindo em que o
Espiritismo é, deve ser
e não pode deixar de ser
uma religião nova.
Kardec o contesta.
(N.R.: Neste caso o
tempo deu razão ao
Abade.) (P. 211)
(Continua no próximo
número.)