EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Pratique a vida!
− Qual é a lição
que você me
ensinaria para
depois de tudo?
– perguntou o
menino de
cabelos
vermelhos.
O pássaro,
atento, pensou
bastante.
− Peça a seu
Deus, você deve
honrar um, para
lhe ensinar
quando for o
momento de
deixar ir.
É caráter
próprio daquele
que tem fé
confiar em um
futuro melhor e
aceitar a
pluralidade das
existências como
postulado
favorável à
conquista da
felicidade. E
avesso à dúvida,
aquele que tem
fé na
imortalidade crê
que o Espírito
não pode morrer,
pois evoluir é
indispensável à
condição
humana.
“Espiritualmente
falando, apenas
conhecemos um
gênero temível
de morte – a da
consciência
denegrida no
mal, torturada
de remorso ou
paralítica nos
despenhadeiros
que marginas a
estrada da
insensatez e do
crime”.
(1)
Atados à
afirmativa de
Emmanuel, para
melhor viver,
precisamos
entender os dois
tipos de morte:
a do corpo,
vestimenta
material do
Espírito,
inexorável, e a
da consciência,
que faz o
coração
endurecer e, em
conseqüência,
retardar o passo
na jornada.
No que toca à
segunda morte –
a da
consciência, o
importante aqui
é não se
confinar no
bloqueio, não se
fiar no nó que
impede a
manifestação e o
fluxo da energia
do conhecimento,
uma vez que a
ignorância, tal
como ensinara
Sócrates, é a
fonte dos males
e dos
sofrimentos, ou
seja, a falta de
instrução conduz
o indivíduo ao
desespero,
enfado, ódio,
tudo aquilo que
obscurece a luz
e o que, por
derivação, o
manterá cativo
na
inconsciência, à
medida que, ao
mesmo tempo, faz
acelerar a
rigidez do
coração...
Praticar a vida,
ao contrário da
“morte”, implica
viver com o
coração aberto,
que é exigente
de disciplina e
atenção. Nesse
propósito, creio
que devamos
estimular o
exercício diário
do
desenvolvimento
dos cinco
corações,
citados por Thom
Cavalli (2), que
não são
disjuntivos, mas
sim
complementares:
-
Um coração
gentil e
obediente
tem coragem
de dizer
“Sim”.
-
Um coração
contrito diz
“Sinto
muito”,
admite os
próprios
erros e
reflete
sobre eles.
-
Um coração
modesto dá
crédito aos
outros por
qualquer
realização.
-
Um coração
voluntário
diz “Eu
faço” sem
pensar em
benefícios.
-
Um coração
agradecido
diz “Muito
obrigado”.
Se é o medo que
nos confunde e
nos motiva a
adoção de
sistemas de
defesa
incoerentes,
como a
arrogância ou o
controle, e que
nos prejudica no
lugar de nos
auxiliar,
precisamos nos
munir de coragem
para deixar de
nos identificar
somente com o
território do
corpo (plano
material e
suscetível à
decrepitude)
para aprender a
viver orientado
pela dimensão
espiritual, que
nos aprofunda a
vivência da
esperança, da
espontaneidade,
da
autovalorização,
pois fortalece a
ampliação da
consciência que
pede o pensar
por nós mesmos e
o assumir
responsabilidades,
embora isso seja
assustador.
Ainda, para
viver com
clareza não é
exigido a
negação do medo,
mas sim o seu
enfrentamento –
ir adiante e
buscar-se nas
relações consigo
mesmo (para
melhorar-se) e
com os outros.
Jean-Yves Leloup
explica que o
ser humano
muitas vezes é
mantido nas
garras da morte
(permanência na
dimensão escura)
pela ignorância
da verdadeira
vida. Com isso,
sinto que o
essencial é ter
como meta não se
encerrar em
sentimentos de
culpa, mas
insistir no
autoperdão, no
abandono dos
traumatismos do
passado
(cultivar o
“deixar-ir”) e,
desse modo,
caminhar e
confiar na Luz,
pois disse
Jesus: “Eu
sou a luz do
mundo”.
Antes de tudo,
portanto,
trata-se,
simplesmente, de
despertar para
essa luz e nela
se instruir,
pois assim o pó
(corpo)
tornar-se vivo
(Espírito).
Bibliografia:
(1)
EMMANUEL/XAVIER,
Francisco
Cândido. Pão
nosso. 28
ed.
RJ: FEB, 2006,
p. 99.
(2) CAVALLI,
Thom F.
Psicologia
alquímica.
Tradução de
Carlos Salum,
Ana Lucia
Franco. São
Paulo: Cultrix,
2005, p. 292.