Árdua ascensão
“Quem desejar
a cristificação
não desdenhe a
crucificação”.
(Bezerra de
Menezes) (1)
Em poética
linguagem,
Lázaro (1)
ratifica a
cruenta saga dos
cristãos do
Paleocristianismo
que, “ébrios
de esperança,
desceram às
arenas dos
circos”
arrastados pela
crueldade
humana, a fim de
oferecerem a
Vida em
holocausto de
testemunho, por
amor ao Cristo,
na imarcescível
certeza que a
todos vitalizava
acerca da
transitoriedade
da vida física e
da perenidade da
verdadeira Vida
que é a
espiritual. O
impertérrito
testemunho lhes
abria a porta da
Eternidade onde
Jesus os
aguardava.
Hoje, o
Espiritismo,
vitalizando a
mesma certeza
que empolgava os
cristãos dos
tempos primeiros
acerca da
realidade do
“post-mortem”,
ergue (2) a
lápide dos
túmulos vazios,
e a
reencarnação,
triunfando da
morte, revela às
criaturas
deslumbradas o
seu patrimônio
intelectual.
Sem embargo,
para atingirmos
a meta que nos
está assinalada,
urge vencer os
instintos, as
feras
interiores...
Não mais circos
com seus animais
ferozes e
ameaçadores de
dentes e garras
afiados. As
feras atuais são
internas,
invisíveis,
dissimuladas:
orgulho,
egoísmo,
vaidade,
personalismo,
petulância,
presunção e
outras mais...
O solo sáfaro
rasgado pelo
arado e
devidamente
tratado pelo
lavrador
reverdece em
abundante
seara. Da mesma
forma, o campo
agreste da alma
só eclodirá em
frutos sazonados
após passar pelo
cadinho
esfogueante das
provas e
expiações.
Em seus
consoladores
esclarecimentos,
o inolvidável
Médico dos
Pobres (1) vem
nos lembrar que
“Jesus é o
mesmo hoje como
o era há dois
mil anos.
Restaurado na
palavra
consoladora da
Doutrina
Espírita, Ele
nos conclama à
união dos
corações para a
unificação dos
postulados em
torno do ideal
da Verdade”.
Mas avisa de
maneira
irretorquível
(1):
“Não creiais que
o vosso
compromisso com
a Vida seja uma
viagem agradável
ao país da
fantasia, ou uma
excursão ao
oásis do prazer.
Propuseste-vos
ao trabalho de
renovar a Terra,
candidataste-vos
à obra de
edificação do
bem, abristes os
braços para que
o amor se
expanda em um
hino de
solidariedade
universal,
pesquisastes
para possuirdes
a certeza,
elucidastes os
enigmas para que
não paire
dúvida...”
Agora é ação.
Quem desejar a
cristificação,
não desdenhe a
crucificação.
Certamente não
provareis do
cutelo, não
defrontareis as
feras esfaimadas
da arena. Não
obstante,
espíritas, meus
irmãos, tereis
em vosso mundo
íntimo os
instintos
agressivos
predominando e
tentando
obstaculizar-vos
o avanço da
mansuetude,
tereis lâminas
aguçadas dos
desejos servis
dilacerando-vos
as carnes da
alma, e o vosso
não será o
holocausto
público, mas o
martirológio
silencioso da
abnegação que só
Jesus e os
vossos Guias
saberão.
Não temais, pois
nunca ficareis a
sós. Nos
momentos mais
rudes, Ele vos
dirá baixinho:
“Tende bom
ânimo. Eu não
venci no mundo
dos negócios,
nem nas orgias,
mas Eu venci o
Mundo. Vencei-o,
espíritas, meus
irmãos, e ide em
paz!”
Bibliografia:
(2) Kardec, A.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo
– Capítulo XI,
item 8 – FEB.