Existe
vida em outros planetas?
Provavelmente
todos já nos fizemos esta
pergunta pelo menos uma vez.
Olhando para o céu noturno, é
difícil não se perguntar se
esses milhões de
"sóis" que o iluminam
não fariam parte de sistemas como
o nosso e, ainda mais, se dentro
desses sistemas não haveria um
planeta como a nossa Terra, o qual
pudesse abrigar seres humanos como
nós.
Vários
astrônomos passam noites adentro
coletando dados através de
telescópios potentes, à procura
de sistemas solares como o nosso
e, conseqüentemente, de planetas
como a Terra. O maior problema
encontrado nesta busca é que
planetas não têm luz própria, o
que os torna difíceis de serem
detectados.
Mais
de 200 exoplanetas – planetas
fora do Sistema Solar – já
foram identificados desde 1995. No
entanto, na sua maior parte são
planetas gigantes, maiores do que
Júpiter, e gasosos como ele. O
interessante seria encontrar
planetas formados por rochas,
similares à Terra. A procura de
um planeta "irmão da
Terra" vem motivando muitos
astrônomos há algumas décadas.
Em
janeiro de 2006, uma equipe
internacional de cientistas
anunciou a descoberta de um
planeta rochoso -
OGLE-2005-BLG-390Lb - fora do
nosso sistema solar, mas na nossa
galáxia.
O
OGLE-2005-BLG-390Lb é formado,
provavelmente, de rocha e gelo,
possui uma massa de 5 vezes a
massa da Terra e uma temperatura,
na sua superfície, da ordem de
225º C negativos. Encontra-se na
constelação de Sagitário e
orbita uma estrela vermelha, cinco
vezes menos massiva que o Sol,
localizada a uma distância de
20.000 anos-luz, não muito longe
do centro da Via Láctea.
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"Em
termos de massa, está mais
próximo da Terra do que qualquer
outro planeta descoberto. Por
dentro, tem um centro de
formação rochosa que também o
torna muito parecido. Não é
igual à Terra, mas estamos mais
perto do que antes dela", diz
Stéphane Brillant, astrônomo
francês do Observatório Europeu
Austral (ESO – Santiago do
Chile).
O
OGLE se encontra a uma distância
de sua estrela três vezes maior
que a distância que existe entre
a Terra e o Sol e leva 10 anos
para fazer seu movimento de
translação.
O
planeta foi localizado com a ajuda
de um efeito conhecido como "microlente
gravitacional", que usa o
desvio provocado em raios de luz
por um objeto para detectar sua
presença e estimar sua massa.
O
Gliese 581c - a mais recente
descoberta
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Já no mês passado
pesquisadores europeus
do Observatório Europeu do Sul
detectaram o Gliese 581c,
também localizado fora do
Sistema Solar. Este é outro
planeta que possui diversas
características da Terra, mas
a principal é que há
possibilidade de o planeta
abrigar água líquida, o que
poderá significar a existência
de vida extraterrestre. |
O
Gliese 581c orbita uma estrela
menor, mais fria e de brilho menos
intenso do que o Sol, e tem
diâmetro cerca de 1,5 vezes o
terrestre, massa cinco vezes
superior, o que significa que tem
densidade maior que a do nosso
planeta. A estrela anã vermelha
Gliese 581 é uma das cem mais
próximas do Sol, do qual dista
20,5 anos-luz. A sua massa
corresponde apenas a um terço da
do Sol.
"Estimamos
que a temperatura média dessa
super-Terra esteja entre 0ºC e
40ºC, ou seja, a água estaria na
forma líquida", disse
Stéphane Udry, do Observatório
de Genebra, na Suíça, e
principal autor do artigo
publicado na revista Astronomy
and Astrophysics.
"Devido à sua temperatura e
relativa proximidade, esse planeta
será provavelmente um alvo muito
importante das missões espaciais
futuras na busca por vida
extraterrestre", avalia Xavier
Delfosse, um membro da equipe, da
Universidade de Grenoble, na
França.
Michael Mayor, investigador suíço
que lidera a equipe européia,
prevê que dentro de duas décadas
os cientistas serão capazes de
encontrar sinais de vida
extraterrestre, caso esta exista.
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A
existência de água em estado
líquido sob temperaturas
moderadas é uma condição
importante para o surgimento da
vida, mas outros elementos, como o
oxigênio e o gás carbônico,
devem estar também disponíveis
no planeta.
O
Gliese 581c foi descoberto graças
a sua oscilação em torno de sua
estrela, um efeito comparável com
o movimento realizado por um
lançador olímpico de martelos. O
instrumento utilizado foi o HARPS
(High Accuracy Radial Velocity
Planetary Search), o
espectrógrafo mais preciso e
eficiente que existe para medir as
velocidades radiais de estrelas.
HARPS é capaz de detectar
variações de velocidade de até
1 metro por segundo – o
equivalente a uma pessoa
caminhando rápido –, algo
imperceptível para os
espectrógrafos disponíveis
atualmente.
"O
HARPS é uma máquina
caça-planetas única", diz
Michel Mayor. "Dada a sua
incrível precisão, temos
enfocado nosso esforço nos
planetas de baixa massa e podemos
dizer, sem dúvida, que temos tido
muito êxito: dos 13 planetas
conhecidos com uma massa
equivalente a 20 vezes a massa da
Terra, 11 foram descobertos com o
HARPS."
Segundo
Xavier Bonfils, um
colaborador da Universidade de
Lisboa, as anãs vermelhas são
estrelas ideais para procurarmos
planetas na sua proximidade, pois
emitem menos luz e a região
"habitável" se encontra
mais próxima à estrela. Qualquer
planeta que se encontre nesta
região será detectado mais
facilmente com o método da
velocidade radial. |