Olhava
os outros animais
e não se
conformava com seu
aspecto. E
perguntava para
sua mãe:
-
Por que só eu,
mamãe, entre
todos os meus
amigos, tenho o
nariz tão
comprido e tão
feio?
- Porque Deus quis
assim, meu filho.
E tudo o que Deus
faz é bem feito, Dedé.
-
Mas eu queria ter
o focinho delicado
como o coelho, ou
o elegante focinho
afilado da raposa!
- respondia o
elefantinho
revoltado.
Inconformado
com a sua figura,
o pobre Dedé
ficava horas a
mirar-se nas
límpidas águas
do lago, chorando
e se lamentando da
sorte:
- Buá!... buá!...
buá!... Como sou
horrível!
Certo dia,
após muito
chorar, deitou-se
à sombra de uma
árvore e dormiu.
Quando acordou,
para espanto seu,
notou que alguma
coisa estava
faltando nele.
Afinal descobriu:
- Minha tromba
sumiu! Viva!...
Minha tromba
sumiu!...
No
lugar dela havia
um focinho como o
do porco,
parecendo uma
tomada. Agradeceu
a Deus o socorro
que lhe enviara e
levantou-se para
mostrar aos amigos
o seu novo e belo
focinho, tão
elegante e
discreto.
Mas
como estava muito
calor, Dedé
resolveu
refrescar-se nas
águas do lago.
Tentou
pegar água com o
focinho para lavar
as costas, mas
não conseguiu. E
era tão bom
quando podia jogar
água como um
chuveiro!
-
Não tem
importância,
pensou. - Estou
com fome e vou
comer algumas
folhas.
Saiu
da água e
dirigiu-se para a
árvore onde lá
no alto viu umas
lindas e tenras
folhinhas novas.
Logo
percebeu que não
conseguiria.
Esticou...
esticou... esticou
o focinho e nada.
Era muito curto e
não conseguia
alcançar o galho
da árvore.
Tentou
apanhar algumas
folhas no chão,
como sempre fazia
com a tromba, mas
também não deu
certo.
Chiiii!
Tentou coçar as
costas, tentou
tomar água, mas
tudo sem
resultado.
Ele,
que estava tão
satisfeito e
animado com o novo
focinho, começou
a ficar triste e
desolado, pensando
que ia morrer de
fome e sede sem a
sua tromba.
Andou
um pouco pela
floresta pensando
em como iria
resolver o seu
problema, quando
encontrou o coelho
e o esquilo, seus
amigos. Ambos
deram um grito,
assustados, sem o
terem reconhecido.
- Sou eu, Dedé.
Não me
reconhecem?
O
coelho e o esquilo
olharam para ele,
já mais
tranqüilos, e
responderam a uma
só voz:
- O que aconteceu,
Dedé? Você está
horrível!
E
ele contou como
tinha pedido tanto
a Deus para que
lhe tirasse a
tromba
indesejável.
-
Ora, e agora como
é que você vai
nos levar para
passear nas suas
costas? Sem a
tromba, como é
que vamos subir?
- É mesmo! -
lembrou-se Dedé,
já arrependido.
Deixou
os amigos e foi
para casa. Mas seu
pai, sua mãe e os
irmãozinhos não
o aceitaram,
dizendo:
- Vá embora! Não
reconhecemos
você!
- Mas eu sou o
Dedé! Não me
reconhecem?
-
Mentiroso. O Dedé
é bem diferente e
tem uma linda
tromba como a
nossa. Suma daqui!
E
o elefantinho,
expulso pela
família que ele
tanto amava e que
não o
reconhecera,
afastou-se a
chorar
desconsolado.
Nisso,
Dedé acordou
ainda com
lágrimas a
caírem pelo seu
rosto. E muito
satisfeito
percebeu que tudo
não passara de um
sonho. Olhou sua
tromba, novamente
no lugar, com
muito carinho, e
suspirou aliviado.
Correu
a contar à sua
mãe o sonho que
tivera e
acrescentou com
firmeza:
-
Agora eu sei que
Deus sabe
realmente o que
faz. Nossa tromba
é muito
importante e útil
em nossa vida.
-
Exatamente, meu
filho, e fico
feliz que você
tenha entendido
essa verdade -
concordou sorrindo
a mãe de Dedé.
E
desse dia em
diante nunca mais
Dedé desejou ser
diferente, vivendo
sempre feliz com o
que Deus lhe
concedera.
TIA CÉLIA