Durante a
evolução sobre a Terra, nós,
seres humanos, vimos desenvolvendo
aos poucos nossas capacidades
intelectuais e espirituais. Passamos
do ‘ser totalmente instintivo’,
que lutava animalescamente por sua
sobrevivência num mundo hostil,
para um ‘ser mais sensível’,
que busca criar melhores condições
de sobrevivência para si mesmo e
sua prole. Nesta evolução passamos
pela idade do fogo, da pedra, do
ferro, chegamos ao que chamamos de
período civilizado. Enquanto ser
gregário, agrupamo-nos socialmente
para vivermos em comunidades, em
cidades.
Grandes
civilizações desenvolveram-se,
atingiram o apogeu e decaíram.
Crescemos intelectualmente e
espiritualmente, uns mais
rapidamente, outros tantos
lentamente, cada um de nós em um
ritmo próprio. Alguns povos
especializaram-se no desenvolvimento
do intelecto, outros nos valores
espirituais. Em muitas destas fases,
o primitivismo predominou através
de guerras ou do domínio dos fortes
sobre os mais fracos, tanto física
como psicologicamente.
Há 2.000 mil
anos, Jesus trouxe à Terra o amor
pelas criaturas, ensinando a todos
nós que somente através do amor o
homem atingirá seu apogeu
evolutivo. No entanto, recebemos
estes ensinos divinos e mal
percebemos a sua grandeza. Mesmo na
época de Jesus, muitos de nós não
conseguimos perceber estes ensinos,
além da sua utilidade prática,
momentânea, de cura de nossos males
físicos ou emocionais.
Como diz Amélia
Rodrigues através da mediunidade de
Divaldo Franco, "Jesus
aparece-lhes e abre-lhes um elenco
de novas possibilidades,
oferecendo-lhes recursos incomuns,
oportunidades antes jamais
imaginadas e causa uma rápida
mudança de conduta. ... A mensagem
dEle, de renovação e de
libertação interior, no entanto
passava quase despercebida..."
.
No entanto, a
mudança ocorre. A semente do amor
estava plantada. Assim, apesar de
momentos históricos negros, a arte
e a cultura ressurgem para nos
mostrar a beleza do mundo e
sensibilizar o nosso espírito
primitivo para as coisas mais
elevadas.
Deixamos de
apenas lutar pela sobrevivência.
Agora, ainda trabalhamos para viver,
mas apreciamos algumas comodidades e
muitos de nós já desenvolveram o
espírito crítico: político,
científico e artístico, alguns de
nós o ético-moral-religioso.
As guerras e
revoluções continuaram e
continuam, mas de tempos em tempos,
Espíritos mais elevados renascem
entre nós para iluminar todos os
campos da nossa cultura. Nestas
ocasiões o saber aprimora-se, e o
conhecimento científico utilizado
positivamente proporciona-nos cada
dia mais comodidades.
No final do
século 19, os Espíritos
ofereceram-nos a sua doutrina
através de Allan Kardec. No mundo
ocidental vivíamos a revolução
industrial. Desenvolvíamos cada vez
mais o conhecimento científico e a
nossa indústria sofreu forte
impulso e desenvolveu-se. Estávamos
também aptos a adquirirmos mais
conhecimentos sobre a vida
espiritual. E a verdade da vida
espiritual surgiu através de
manifestações em várias partes do
mundo. Allan Kardec iniciou o
trabalho de codificação da
Doutrina dos Espíritos e esta
também espalhou-se pelo mundo.
O século 20,
século das grandes descobertas
científicas, de Einstein, madame
Curie e outros tantos nomes que
contribuíram para o desenvolvimento
da nossa ciência em todos os seus
ramos, também nos traz uma outra
revolução – a da comunicação.
Já não vivemos isolados numa
região, mas somos co-participantes
no dia-a-dia da vida planetária.
Acompanhamos os acontecimentos no
planeta e co-participamos,
observando, criticando. E este virá
a ser um dos fatores importantes no
nosso processo evolutivo como ser
humano. Participar para entender.
Compreender para que possamos nos
modificar interiormente e mudar
também o mundo à nossa volta.
Facilidade de
locomoção terrestre, marítima e
aérea ajuda o redescobrimento de
culturas milenares como a da Índia,
Japão e da China. A medicina
tradicional que faz transplantes do
coração, microcirurgias via
computador, também é desafiada
pelas práticas milenares dessas
culturas. A medicina alternativa
propaga-se e começa a surgir a
medicina vibracional.
Nós queremos ser
co-participantes em todas as áreas
de nosso desenvolvimento!
Estamos,
portanto, em meio a uma revolução
na nossa história de seres humanos.
De um lado, o materialismo oriundo
da revolução industrial e
científica. De outro, a busca de
conhecimento espiritual e do
autodescobrimento, a busca da força
interior. Já não lutamos contra as
feras para sobreviver. Mas lutamos
conosco mesmo, num esforço supremo
para nos conhecermos e
libertarmo-nos dos grilhões de
ferro a que nos atamos ao longo dos
séculos.
Hoje temos o
conhecimento científico e
espiritual à mão. Os Espíritos
trouxe- ram a vida espírita à luz
do nosso conhecimento. E não
somente através do Espiritismo,
pois em todas as religiões os
fenômenos mediúnicos estão
presentes. É o mundo espiritual
ajudando o mundo terreno a
progredir, ajudando a nos
libertarmos através do
conhecimento, ajudando-nos a galgar
degraus evolutivos mais rapidamente.
Temos, portanto,
tempo para pensar e capacidade para
analisar. Temos à nossa
disposição o conhecimento
científico e o conhecimento
mundano. E nós espíritas temos à
disposição os ensinamentos morais
e espirituais lançados por Jesus e
novamente analisados à luz do
Espiritismo.
Ganhamos muito
nestes milênios de nossa evolução
de homens e mulheres primitivos a
seres civilizados. Ganhamos
bem-estar social, vivemos mais.
Temos à nossa disposição na
prateleira do supermercado a
alimentação para o corpo,
entretemo-nos com o rádio, a
televisão, o vídeo. Podemos nos
comunicar com o mundo pelo telefone
e até pelo computador. Temos ainda
à nossa disposição alimento para
alma, nos centros espíritas, nos
livros espíritas, no evangelho.
E o que o
fazemos? Repetimos automaticamente
como se a palavra, o conhecimento
trazido pelos Espíritos não fosse
para nós mesmos, mas para outros.
Propagandizamos nosso conhecimento,
mas não o aplicamos a nós mesmos.
Esquecemos que Jesus advertiu: "Pedir-se-á
muito àquele que muito recebeu, e
prestará contas aquele a quem foram
confiadas muitas coisas. (Lucas
12:47-48)".
Onde está a
nossa responsabilidade de
espíritas?
Adquirimos muito
conhecimento. É-nos dado conhecer
as diferentes facetas dos
ensinamentos de Jesus, explicados
pelos Espíritos através de Allan
Kardec, Chico Xavier, Divaldo
Franco, Raul Teixeira e tantos
outros que nos apresentam as leis
divinas, a moral cristã e a vida
espiritual em seus livros
psicografados ou não. Temos ainda a
oportunidade de discutir e analisar
estas verdades nas reuniões e
palestras nos centros espíritas
diariamente.
E o que fazemos
com este conhecimento? Engavetamos
no armário da sala, na cristaleira
fechada a sete chaves, onde todos
vêem mas ninguém toca? Ou vivemos
o que já conhecemos no nosso
dia-a-dia, dando aos outros o que
já adquirimos?
Viver o
Espiritismo é viver o Cristianismo,
é colocar em prática o que
aprendemos com Jesus! É se
preocupar com os conselhos dos
Espíritos em cada comunicação, em
cada palestra a que assistimos ou
que proferimos, para entender onde
ele se aplica na nossa vida, e
então praticá-lo. Praticá-lo na
nossa casa, no nosso trabalho, na
nossa comunidade, na cidade, no
país em que vivemos.
O conhecimento
que adquirimos é sempre primeiro
para nós mesmos; depois de
consolidado, pode vir a ser
transmitido e exemplificado para
outros. E por isto Jesus
adverte-nos: "Por que vedes
o arqueiro no olho do vosso irmão,
vós que não vedes uma trave no
vosso? (Mateus 7:3)".
Muitas vezes recebemos o
conhecimento, e o colocamos como
exemplo para alguém que está ao
nosso lado, esquecendo de analisar o
nosso próprio comportamento à
vista deste ensinamento. Que
ilusão! É a ilusão dos fariseus,
que se achando sábios esqueceram de
praticar, para somente tagarelar!
Seremos nós como os antigos
fariseus? Estaremos somente
repetindo as palavras sem a
preocupação de colocá-las em
prática na nossa vida?
Seremos nós como
aqueles homens que viveram com Jesus
e não O conheceram?
Já não somos
cegos. Recebemos muito conhecimento.
Temos portanto, o dever e a
responsabilidade de espalhar esta
luz, não através das palavras que
proferimos, mas das ações que
praticamos!
Comunicar é a
palavra do momento!
No entanto,
comunicar somente não basta – é
preciso dar o exemplo!