Toda tarefa,
seja qual for, exige trabalhador
preparado para ser bem feita e a
tarefa de desobsessão não é
diferente: o preparo do
trabalhador não deve, em
absoluto, ser negligenciado,
sob pena de se cair em graves
conseqüências, haja vista a
instrução expressa e específica
de Kardec nesse sentido: estudar
primeiro; praticar depois...
Infelizmente não é o que se
observa em muitas Instituições
Espíritas, onde criaturas
totalmente despreparadas
freqüentam as reuniões de
desobsessão. O desastre não se
faz esperar...
Eis o que
ensina Manoel Philomeno de Miranda,
em seu livro Trilhas da
Libertação, psicografado por
Divaldo P. Franco:
"As
incursões socorristas ao mundo
espiritual, lidando com seres
equivocados e perversos, é um
capítulo do Espiritismo
experimental muito delicado. Por
isso mesmo, a mediunidade
responsável não se permite
aventuras insensatas, nem se
faculta entusiasmos descabidos.
O labor de
desobsessão é terapia avançada
que exige equipes hábeis de
pessoas e Espíritos adestrados
nas suas realizações, de modo a
se conseguir os resultados
positivos esperados. Não raro,
candidatos apressados e
desaparelhados aventuram-se em
tentames públicos e privados de
intercâmbio espiritual,
desconhecendo as armadilhas e a
astúcia dos desencarnados,
procurando estabelecer contatos e
procedimentos para os quais não
se encontram preparados,
comprometendo-se desastradamente
com aqueles aos quais pretendem
doutrinar ou impor suas idéias.
Arrogantes uns,
ingênuos outros, permitem-se a
leviandade de abrir portas
mediúnicas a intercâmbio
desordenado, na pressuposição de
que se podem fazer respeitados,
obedecidos, incorrendo em grande
risco de natureza psíquica.
A Vida
espiritual é pujante, rica de
movimento e de ação, base para a
formação da Vida física. Quanto
se expressa na esfera corporal é
pálida condensação da realidade
que vibra fora dos fluidos
materiais. Todo o cuidado, pois,
nesse campo como noutros, é
sempre proveitoso para o
principiante ou mesmo para quem
não possua os instrumentos morais
indispensáveis.
Frustração,
revide, amargura, ciúme, inveja,
ódio e todo um elenco de paixões
infrenes caracterizam incontáveis
seres em perturbação além do
corpo somático, que a morte não
consumiu. A sós ou em grupos,
submetidos a organizações
cruéis ou desarvorados,
prosseguem vivos e pensantes,
perseguindo propósitos infelizes
que abraçam, ameaçadoramente.
Com certeza,
contrapondo-se a essas hordas
asselvajadas, pululam os recursos
do amor, alcançando-as e
defendendo-as umas das outras,
assim como às criaturas em
ignorância dessa realidade
teimosamente desconsiderada ou
posta em plano secundário na
viagem ilusória do mundo
sensorial.
Como
conseqüência, recorrendo à sua
situação de seres invisíveis,
muitos Espíritos se aproveitam
para realizar conúbios
perturbadores com os indivíduos
invigilantes, executar planos
nefastos, recorrer a expedientes
malsãos, de forma que se
refestelam nas sensações que
neles predominam.
Dessa forma,
utilizam-se dos presunçosos e
inadvertidos que pretendem manter
contato com eles, sem estrutura
moral, sem conhecimentos
próprios, iniciando-se processos
de obsessão de longo curso em que
se comprazem.
Todos aqueles,
portanto, que desejam manter
intercâmbio com os Espíritos,
equipem-se com valores morais e
intelectuais, de modo a se
precatarem contra as surpresas e
ciladas que lhes podem ser
apresentadas.
(...) Nesses
futuros próximos dias, a
mediunidade exercida com
consciência de responsabilidade,
oferecerá valioso contributo para
a compreensão do ser holístico. Esse
exercício mediúnico, porém,
será com Jesus, não remunerado,
não exaltado, destituído de
estrelismo, de exibicionismo. Tomando
cuidado com o "dar de
graça o que de graça se
recebe", o ínclito
Codificador do Espiritismo
advertiu, elucidando que a
mediunidade nobre "jamais
subirá aos palcos" e a
sua gratuidade, conforme lemos, é
sempre condição "sine-qua-non"
para merecer respeito,
confiança e apoio espiritual
relevante.
Trabalhemos
todos por esses programados dias
do amanhã, oferecendo a nossa
cota, na certeza de que logo
chegarão, felicitando-nos, bem
como ao planeta que nos tem sido
formoso lar-escola de
evolução."