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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 5 - 16 de Maio de 2007

WASHINGTON L. N. FERNANDES
washingtonfernandes@terra.com.br
São Paulo - SP (Brasil)

Índia - A civilização milenar
da reencarnação

Comentaremos um testemunho da reencarnação (conhecida por alguns como metempsicose) de um dos maiores e mais antigos países do mundo: a Índia.

O PERFIL MATERIAL

Com população de mais de um bilhão de pessoas, o país tem superfície territorial de quase três milhões de km2. A maioria dos indianos tem origem nos povos ários, que chegaram à Índia entre 2000 e 1500 a.C.. Com 400 línguas registradas somente dezoito são oficialmente reconhecidas e difundidas nas várias regiões. O sânscrito é a escrita e a História Antiga divide-se em quatro períodos (védico, épico, bramânico e búdico).

O PERFIL ESPIRITUAL NO BHAGAVAD-GITA

Na realidade religiosa da Índia, a reencarnação é lugar comum na população e pode-se dizer que a maioria do povo é reencarnacionista. Além de muçulmanos (11%), cristãos (2%), sikhs (2,5%) e budistas (1%), os hindus aparecem com 83%, dividindo-se nas seguintes crenças: BRAMANISMO (conhecido por HINDUÍSMO), com princípios estabelecidos no ''Código de Manu''; o BUDISMO, fundado por Buda; e menção deve ser feita a ASOKA (séc. 3 a.C.), um dos mais notáveis soberanos da Índia que reinou de 274 a 232 a.C.

Dentre as obras mais conhecidas entre os indianos está a epopéia Mahâbhârata, o maior poema do mundo, onde no 18o dia de uma batalha Krishna discute com o guerreiro Arjuna sobre o significado da vida e da morte. A narrativa do 18o dia ficou conhecida como Bhagavad-Gita (a Sublime Canção da Imortalidade), compilada na forma atual entre os séculos 5 e 1 a.C.

Consultamos os dezoito capítulos dessa obra e suas centenas de versos e é claro que como o próprio nome indica ele é verdadeiro um poema da Imortalidade da alma, e da reencarnação. Para ilustrar, transcrevemos somente cinco de seus versos:

1) Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, chegando a morte, a alma passa para outro corpo. (Krishna, Bhagavad-Gita, Capítulo 2, verso 13);

2) Assim como alguém veste roupas novas, abandonando as antigas, a alma aceita novos corpos materiais, abandonando os velhos e inúteis. (Krishna, Bhagavad-Gita, Capítulo, verso 2, verso 22);

3) Alguém que nasceu com certeza morrerá, e após a morte ele voltará a nascer. (Krishna, Bhagavad-Gita, Capítulo 2, verso 27);

4) Antes de abandonar o corpo atual, se alguém for capaz de tolerar os impulsos dos sentidos materiais e conter a força do desejo e da ira, ficará em situação privilegiada e será feliz neste mundo. (Krishna, Capítulo 5, verso 23);

5) Após muitos nascimentos e mortes, aquele que tem verdadeiro conhecimento rende-se a Mim, sabendo que sou a causa de todas as causas e de tudo o que existe. (Krishna, Capítulo 7, verso 19)

Em toda a literatura indiana há exemplos da imortalidade da alma e reencarnação, como constatamos também no Srimad Bhãgavatam, que são comentários de Sukadeva Gosvãmi aos Vedas, redigidos há cinco mil anos. Obra de quase trinta volumes (com tradução e comentários), anotamos só o seguinte verso, onde a lei de ação e reação (carma) está bem explícita: Portanto, como as atividades ímpias e invejosas causam um corpo no qual se sofre na vida seguinte, por que deveria alguém agir impiedosamente?... a pessoa invejosa deverá temer ser hostilizada por seus inimigos, nesta vida ou na próxima. (Sukadeva Gosvãmi, Canto 10, Capítulo 1, verso 44).

A METEMPSICOSE

Os indianos crêem na reencarnação mas acreditam que as almas foram criadas felizes e perfeitas e, devido aos erros praticados nas encarnações, isto fez com que passassem a poder encarnar em corpos de animais; essa possibilidade de transmigração de almas, em corpos de animais é que se chama metempsicose

Animais são venerados na Índia porque eles acreditam na possibilidade de eles serem almas de antepassados. O Espiritismo explicou que as almas são criadas simples e ignorantes e através das encarnações adquirem a progressão contínua, não sendo possível que uma alma humana reencarne no corpo de um animal. Enquanto a metempsicose dos indianos está baseada na degradação das almas, a pluralidade das existências dos espíritas se funda na progressão contínua das almas.

Que cada um conclua qual doutrina é mais racional e lógica, e qual revela a bondade e justiça de Deus? Seria um contra-senso que almas criadas perfeitas viessem a cometer erros e retrogradar, pois então evidenciaria que elas nunca foram "perfeitas". Mas o importante é registrar que a Lei da Reencarnação está presente na cultura indiana, ainda que de uma forma imprecisa, necessitando ser burilada e aperfeiçoada, e foi o que fez a Doutrina dos Espíritos no século XIX!


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita