O PERFIL
ESPIRITUAL NO BHAGAVAD-GITA
Na
realidade religiosa da Índia,
a reencarnação é lugar
comum na população e pode-se
dizer que a maioria do povo é
reencarnacionista. Além de
muçulmanos (11%), cristãos
(2%), sikhs (2,5%) e budistas
(1%), os hindus aparecem com
83%, dividindo-se nas
seguintes crenças: BRAMANISMO
(conhecido por HINDUÍSMO),
com princípios estabelecidos
no ''Código de Manu''; o BUDISMO,
fundado por Buda; e menção
deve ser feita a ASOKA (séc.
3 a.C.), um dos mais notáveis
soberanos da Índia que reinou
de 274 a 232 a.C.
Dentre as
obras mais conhecidas entre os
indianos está a epopéia
Mahâbhârata, o maior poema
do mundo, onde no 18o
dia de uma batalha Krishna
discute com o guerreiro Arjuna
sobre o significado da vida e
da morte. A narrativa do 18o
dia ficou conhecida como
Bhagavad-Gita (a Sublime
Canção da Imortalidade),
compilada na forma atual entre
os séculos 5 e 1 a.C.
Consultamos
os dezoito capítulos dessa
obra e suas centenas de versos
e é claro que como o próprio
nome indica ele é verdadeiro
um poema da Imortalidade da
alma, e da reencarnação.
Para ilustrar, transcrevemos
somente cinco de seus versos:
1) Assim
como, neste corpo, a alma
corporificada seguidamente
passa da infância à
juventude e à velhice, do
mesmo modo, chegando a morte,
a alma passa para outro corpo.
(Krishna, Bhagavad-Gita,
Capítulo 2, verso 13);
2) Assim
como alguém veste roupas
novas, abandonando as antigas,
a alma aceita novos corpos
materiais, abandonando os
velhos e inúteis. (Krishna,
Bhagavad-Gita, Capítulo,
verso 2, verso 22);
3) Alguém
que nasceu com certeza
morrerá, e após a morte ele
voltará a nascer. (Krishna,
Bhagavad-Gita, Capítulo 2,
verso 27);
4) Antes
de abandonar o corpo atual, se
alguém for capaz de tolerar
os impulsos dos sentidos
materiais e conter a força do
desejo e da ira, ficará em
situação privilegiada e
será feliz neste mundo. (Krishna,
Capítulo 5, verso 23);
5) Após
muitos nascimentos e mortes,
aquele que tem verdadeiro
conhecimento rende-se a Mim,
sabendo que sou a causa de
todas as causas e de tudo o
que existe. (Krishna,
Capítulo 7, verso 19)
Em toda a
literatura indiana há
exemplos da imortalidade da
alma e reencarnação, como
constatamos também no Srimad
Bhãgavatam, que são
comentários de Sukadeva
Gosvãmi aos Vedas, redigidos
há cinco mil anos. Obra de
quase trinta volumes (com
tradução e comentários),
anotamos só o seguinte verso,
onde a lei de ação e
reação (carma) está bem
explícita: Portanto, como
as atividades ímpias e
invejosas causam um corpo no
qual se sofre na vida
seguinte, por que deveria
alguém agir impiedosamente?...
a pessoa invejosa deverá
temer ser hostilizada por seus
inimigos, nesta vida ou na
próxima. (Sukadeva
Gosvãmi, Canto 10, Capítulo
1, verso 44).
A
METEMPSICOSE
Os indianos
crêem na reencarnação mas
acreditam que as almas foram
criadas felizes e perfeitas e,
devido aos erros praticados
nas encarnações, isto fez
com que passassem a poder
encarnar em corpos de animais;
essa possibilidade de
transmigração de almas, em
corpos de animais é que se
chama metempsicose.
Animais
são venerados na Índia
porque eles acreditam na
possibilidade de eles serem
almas de antepassados. O
Espiritismo explicou que as
almas são criadas simples e
ignorantes e através das
encarnações adquirem a
progressão contínua, não
sendo possível que uma alma
humana reencarne no corpo de
um animal. Enquanto a
metempsicose dos indianos
está baseada na degradação
das almas, a pluralidade das
existências dos espíritas se
funda na progressão contínua
das almas.
Que cada um
conclua qual doutrina é mais
racional e lógica, e qual
revela a bondade e justiça de
Deus? Seria um contra-senso
que almas criadas perfeitas
viessem a cometer erros e
retrogradar, pois então
evidenciaria que elas nunca
foram "perfeitas".
Mas o importante é registrar
que a Lei da Reencarnação
está presente na cultura
indiana, ainda que de uma
forma imprecisa, necessitando
ser burilada e aperfeiçoada,
e foi o que fez a Doutrina dos
Espíritos no século XIX!