JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília,
Distrito Federal
(Brasil)
Espiritismo, base para
transformação dos
parlamentos teológicos
em academias de
espiritualidade
Podemos afirmar com
tranqüilidade que o
Espiritismo é uma
religião, até porque
Kardec registrou que no
sentido filosófico o
Espiritismo é uma
religião, e disso nos
honramos, pois que é a
doutrina que funda os
laços da fraternidade e
da comunhão de
pensamentos não em uma
simples convenção, mas
sobre a mais sólida das
bases: as próprias leis
da Natureza.
Acrescenta que para
muitos a religião é
incompatível com os
postulados kardecianos,
posto que o termo
religião seja
inseparável da noção de
culto, e evoca
unicamente uma idéia de
forma, com o que o
Espiritismo não guarda
qualquer relação. Se se
tivesse proclamado uma
religião, o público nele
não veria senão uma nova
versão dos princípios
inexoráveis em questão
de fé, uma hierarquia
sacerdotal com seu
cortejo de
convencionalismos,
cerimônias e
privilégios; não o
distinguiria das idéias
de misticismo e dos
enganos contra os quais
se está freqüentemente
bem instruído.
Não apresentando nenhuma
das características de
uma religião, na acepção
usual da palavra, o
Espiritismo não poderia
nem deveria ornar-se de
um título sobre cujo
significado
inevitavelmente haveria
mal-entendidos. Eis por
que ele se diz
simplesmente uma
doutrina filosófica e
moral.
Mister considerar que a
grande diferença entre o
Espiritismo e as
religiões ordinárias é
que estas normalmente
interpretam o Senhor da
Vida como um ser
supremo, criador de tudo
o que existe, porém com
características humanas
(antropomorfismo).
Filosoficamente a
Doutrina Espírita
enuncia-o como "a
Inteligência Suprema,
Causa Primária de todas
as coisas" dando-lhe por
atributos "a eternidade,
a imutabilidade, a
imaterialidade, a
unicidade, a onipotência
e a soberana justiça e
bondade”, o que
evidentemente exclui
qualquer caráter
antropomórfico.
Outra diferença básica
encontra-se na forma
pela qual a Doutrina
Espírita entende que a
busca de Deus deve ser
realizada sem especial
caráter de regras morais
ou da satisfação de
cultos formais e
externos de várias
ordens. Nas hostes
espíritas seus
postulados não se
acoplam às práticas de
batismo, crisma,
comunhão, confissão;
participação em cultos
exóticos, rituais,
cerimônias; realização
de gestos corporais;
recitação de fórmulas e
rezas; adoração de
imagens e objetos
diversos; promessas,
penitências, jejuns etc.
Os Espíritos explicam
que a comunhão da
criatura ao Criador se
faz basicamente pela
coerência de sua conduta
a determinados códigos
morais e as medidas de
ordem exterior sendo
tidas dispensáveis.
Difere também as
propostas kardecianas no
que tange às questões de
ordem moral. O
Espiritismo entroniza-as
como, sobretudo, aquelas
sugeridas por Jesus, e
que se circunscrevem no
preceito do amor ao
próximo. Já as religiões
tradicionais tendem
incluir ou não as que
têm força de normas
evangélicas, ou
incluí-las parcialmente,
ou acrescentar-lhes
outras, ou alterar-lhes
a interpretação original
etc. Destarte,
terminante diferença
surge no modo pelo qual
essas regras éticas são
justificadas.
Atualmente o
cristianismo moderno
"justifica" as normas
morais que propõe,
evocando a autoridade
deste ou daquele
indivíduo ou
instituição; são dogmas,
portanto, artigos de fé
a serem aceitos sem
exame. Refletindo sobre
a mecânica lógica da
vida, dia virá em que os
fiéis intérpretes de
Kardec serão auxiliares
preciosos na
transformação dos
parlamentos teológicos
em academias de
espiritualidade. Até
porque o Espiritismo
estriba seus preceitos
éticos no conhecimento
de que cientificamente
alcança as conseqüências
das ações humanas ao
longo da existência
ilimitada dos seres
(reencarnações),
conjugado à cláusula
teleológica de que todos
almejam a felicidade.
Nos seus postulados não
há espaço para dogmas e
injunções dogmáticas,
porém, exclusivamente
investigação livre e
racional dos fatos.
A missão do Espiritismo
consiste precisamente em
nos esclarecer sobre a
imortalidade, a
comunicação dos
"mortos", a
reencarnação, a
habitabilidade em outros
planetas.
É a realidade que nos
aparece, pois que são os
próprios seres de
além-túmulo que nos vêm
descrever a situação em
que se acham e relatar o
que fazem,
facultando-nos assistir
a todas as vicissitudes
da nova vida, que lá
vivem, e mostrando-nos,
pela mediunidade, o
fadário inevitável que
nos está destinado, de
acordo com as nossas
obras.