A entrevista foi
dividida em três
blocos: temas de
natureza
doutrinária,
questões e
problemas da
atualidade e
assuntos
pertinentes ao
movimento
espírita.
Ei-la, a seguir,
na íntegra:
O Consolador –
Nossos animais
de estimação
ficam por algum
tempo numa
espécie de
erraticidade, no
chamado mundo
espiritual, ou
são de imediato
encaminhados a
uma nova
encarnação?
O egrégio
Codificador do
Espiritismo
informa-nos que
o período em que
os animais se
demoram na
erraticidade é
breve, logo
retornando à
reencarnação.
Nada obstante, a
mediunidade vem
demonstrando que
ocorrem períodos
mais longos,
conforme
encontramos
narrações nas
obras ditadas
pelo Espírito
André Luiz ao
venerando médium
Francisco
Cândido Xavier,
assim como
Charles à
nobre médium
Yvonne do Amaral
Pereira. Essas
informações não
colidem com a
palavra do
mestre de Lyon,
porque o
desdobramento
dos estudos
doutrinários
estava previsto
por ele,
ampliando as
informações
contidas nas
obras básicas.
Recordo-me, por
exemplo, de
Sultão, o
cão que
acompanhava o
padre Germano,
conforme narrado
nas Memórias
do Padre
Germano, de
Amália Domingo
Soler, e da vida
de Dom Bosco,
que era
defendido por um
cão, nas
diversas vezes
em que atentaram
contra a sua
vida.
Pessoalmente, já
tive diversas
experiências com
animais,
especialmente
cães
desencarnados,
que permanecem
na erraticidade
desde há algum
tempo.
O Consolador –
Para haver
gravidez,
independentemente
do desejo dos
pais e do
reencarnante,
existe
necessidade de
autorização das
autoridades
espirituais?
Certamente que
sim, porquanto
no mapa da
reencarnação dos
futuros pais já
se encontram
delineados os
filhos que
devem, que podem
ou que queiram
ter. Graças a
isso, ocorrem as
facilidades na
concepção ou os
grandes
impedimentos que
vêm sendo
vencidos pela
ciência, através
dos tempos,
facultando a
ocorrência
sempre sob
supervisão
espiritual.
O Consolador –
Você acha válida
a proposta de
Kardec
pertinente à
atualização
periódica dos
ensinamentos
espíritas, tendo
em vista o
avanço da
Ciência? Se acha
válida, como
devemos
implementar essa
medida?
Creio que o
pensamento do
preclaro
Codificador
encontra-se
firmado no seu
bom senso e na
percepção dos
notáveis avanços
que teriam a
ciência e a
tecnologia do
futuro, conforme
vem ocorrendo.
Em razão disso
propôs que, pelo
menos uma vez em
cada quarto de
século, fosse
realizada uma
atualização dos
ensinamentos
espíritas. Nada
obstante, também
me pergunto como
isso seria
realizado, por
exemplo, na
atualidade, com
tantas correntes
dissonantes em
nosso Movimento,
pelo menos no
Brasil...
O Consolador –
Em sua opinião,
os Espíritos
desencarnados
mantêm relações
sexuais tal qual
se verifica na
crosta?
Conforme a
questão nº 200
de O Livro
dos Espíritos,
o Espírito
é, em si mesmo,
assexuado,
sendo-lhe a
anatomia uma
contribuição
para o fenômeno
da procriação.
Ao desencarnar,
no entanto, o
Espírito mantém
as suas
tendências,
especialmente
aquelas de
natureza
inferior às
quais aferrou-se
em demasia,
prosseguindo com
as construções
mentais que lhe
eram habituais.
Como resultado,
acreditam-se
capazes de
intercursos
sexuais nas
regiões
inferiores onde
se encontrem,
como efeito da
condensação das
energias
viciosas no
perispírito.
Frustrantes e
perturbadoras,
essas relações
são degradantes
e afligentes,
porquanto são
mais mentais que
físicas,
dando lugar a
processos de
loucura e de
perversão...
O Consolador –
Como deve
posicionar-se um
casal espírita
diante do
diagnóstico de
anencefalia no
filho que se
encontra na fase
de gestação.
Espírita ou não,
o casal que gera
um filho
anencéfalo e
cuja anomalia é
detectada ainda
na vida fetal,
deve amar a esse
Espírito que irá
reencarnar-se
com a
problemática a
que faz jus em
razão de atos
praticados
anteriormente e
que lhe
modelaram a
forma atual. A
vida fetal não
pode ser
interrompida,
senão quando a
gestante
encontra-se
ameaçada...
Diversos
anencéfalos,
mesmo diante dos
prognósticos
médicos de que
não
sobreviveriam ao
nascimento,
demoram-se
despertando mais
amor até o
momento em que
concluem o
período de que
necessitam para
a libertação.
O Consolador –
Qual deve ser, à
luz do
Espiritismo, a
posição de uma
jovem e sua
família diante
de uma gravidez
originada de um
estupro?
Embora
lamentável e
dolorosa a
circunstância
traumática da
ocorrência, é
dever da jovem e
dos seus
familiares
manterem a
gravidez,
auxiliando o
Espírito que se
reencarna em
situação
aflitiva e
angustiante.
Compreende-se a
dor da vítima e
dos seus
familiares, no
entanto, não se
tem o direito de
matar o ser
reencarnante que
necessita do
retorno naquela
maneira, a fim
de crescer para
Deus. Não raro,
esses seres que
renascem nessa
conjuntura
tornam-se
amorosos e
profundamente
agradecidos
àqueles que lhe
propiciaram o
recomeço
terrestre: a mãe
e os
familiares.
“A culpa,
consciente ou
não,
desempenha na
depressão um
papel de alta
relevância”
O Consolador –
Como sabemos, a
depressão é um
problema que
aflige muitas
pessoas nos dias
atuais. Em uma
obra espírita
recente lemos
que a depressão,
em qualquer de
suas variantes,
é sempre
conseqüência da
posição de
arrogância
cultivada pelo
ser na aventura
de superar a si
mesmo e aos
semelhantes. É
verdade essa
informação?
Sem dúvida,
anuímos que
não há
enfermidades,
mas enfermos,
isto é: o
Espírito é
sempre o incurso
no processo de
evolução,
trazendo as
marcas do
passado que se
lhe manifestam
como
enfermidades ou
processos outros
degenerativos de
que necessita
para resgatar os
comportamentos
equivocados e
infelizes. A
culpa,
consciente ou
não, desempenha
na depressão,
entre outros
fatores
endógenos e
exógenos, um
papel de alta
relevância. No
entanto, centrar
todas as causas
na posição de
arrogância
do Espírito
parece-me algo
desproposital.
Esse conceito
deve ter as suas
raízes na
opinião dos
estudiosos que
afirmam
tratar-se a
depressão de um
conflito que se
deriva da
necessidade de
impor-se, de
dominar, e, não
conseguindo, o
indivíduo tomba
na armadilha do
grave
transtorno.
O Consolador –
Se é verdade que
o advento do
mundo de
regeneração está
tão próximo,
qual será a
situação dos
nossos amigos
terrenos que
ainda vivem tão
primitivamente
em tribos
existentes em
muitos lugares
do mundo?
É verdade, sim,
que o advento do
mundo de
regeneração
está próximo,
mas não
imediato, e
aqueles
Espíritos que
ainda se
encontram em
fase primitiva
estão tendo a
oportunidade de
despertar para a
realidade, dando
continuidade ao
processo
evolutivo em
outro planeta,
caso não logrem
fazê-lo aqui
mesmo, qual
ocorre
periodicamente
com as grandes
migrações de um
para outro
sistema,
conforme ensina
a Doutrina.
O Consolador –
Se a Terra está
em evolução, por
que ainda tantos
crimes hediondos
acontecem,
especialmente
com crianças?
Como explicar
tantas
atrocidades?
Vivemos o
momento da
grande transição
de mundo de
provas e de
expiações
para mundo de
regeneração,
que ainda se
demorará
ocorrendo por
algum tempo na
Terra.
É natural que
estejam
reencarnando-se,
neste período,
Espíritos
inferiores que
estavam retidos
em regiões
punitivas desde
há muito, em
face da
crueldade de que
são portadores.
Muitos deles
fizeram parte
das tribos
bárbaras que
invadiram a
Europa: hunos,
godos,
visigodos,
normandos e que,
agora, estão
sendo
beneficiados
pela
oportunidade de
optar pelo Bem.
Permanecendo
vinculados ao
primarismo em
que se
comprazem, serão
exilados para
outros planetas
na escala dos
mundos
inferiores, a
fim de se
depurarem,
retornando
oportunamente,
porque “o Pai
não deseja a
morte do pecador
mas sim a do
pecado”,
conforte
acentuou Jesus.
As atrocidades
que sucedem
amiúde,
especialmente
com crianças –
Espíritos velhos
em reencarnação
libertadora –
são também um
convite à
reflexão das
demais pessoas,
que marcham
indiferentes aos
acontecimentos
dolorosos em
relação ao seu
próximo...
Resgatando os
seus graves
delitos, esses
Espíritos não
necessitariam
que outros
fossem o
instrumento da
sua libertação,
pois que a
Divindade possui
mecanismos
especiais que
dispensam o
concurso desses
infelizes, mas
se utiliza do
seu estado
primitivo para
que se executem
as propostas do
progresso.
O Consolador –
Como você vê a
oficialização do
casamento entre
homossexuais e a
adoção de filhos
por parte deles?
A questão é
momentosa, em
face das
ocorrências
desse gênero que
não mais podem
permanecer
ignoradas pela
sociedade. O
homossexualismo
sempre esteve
presente no
processo
histórico,
aceito em um
período, noutro
combatido,
desprezado em
uma ocasião e
noutra ignorado,
mas sempre
presente...
Penso que se
trata de uma
conquista em
relação aos
direitos humanos
a legalização de
algo que
permanecia à
margem, dando
lugar a
situações graves
e embaraçosas.
Quanto à adoção
de filhos, penso
que, do ponto de
vista
psicológico,
será gerado
algum conflito
na prole em
relação à imagem
do pai ou da
mãe, conforme o
caso, que se
apresentará
confusa e
perturbadora. O
tempo
demonstrará o
acerto ou o
equívoco de tal
comportamento.
O Consolador –
Qual deve ser o
posicionamento
dos espíritas em
relação às
pesquisas com
células-tronco
embrionárias?
A reencarnação,
conforme nos
ensina a
Doutrina
Espírita, tem
início no
momento da
fecundação do
óvulo, a partir
de cujo momento
passa a existir
vida, seja pelo
processo
biológico
natural, seja
in vitro.
Qualquer
tentativa de
interrupção do
desenvolvimento
do futuro
zigoto, que é o
ser humano em
formação,
constitui um
crime.
As pesquisas com
as
células-tronco
embrionárias são
de resultado
ainda incerto,
embora se
apresentem
teoricamente
positivas,
porquanto não
está comprovado
que os
resultados sejam
os anelados,
mesmo porque
existe alto
risco como a
geração de
tumores,
provável
rejeição...
Em face dos bons
resultados
conseguidos com
as
células-tronco
adultas, é mais
válido que se
prolonguem as
experiências,
com menores
riscos e
excelentes
resultados em
doenças como as
leucemias, os
Acidentes
Vasculares
Cerebrais, etc.
Continuando os
esforços dos
pesquisadores,
certamente hão
de surgir outras
alternativas tão
benéficas como
as que se
esperam das
células-tronco
embrionárias.
“Nunca será
demais que os
dirigentes
espíritas e
todos nós
estejamos
vigilantes”
O Consolador – O
terrorismo vem
causando muitos
males em todos
os cantos da
Terra. Muitas
vidas foram e
continuarão
sendo ceifadas
em nome do
fanatismo
religioso. Como
entender que
alguém possa
morrer e matar
em nome de Deus?
Infelizmente, o
fanatismo de
qualquer
natureza
responde pela
predominância da
natureza
animal sobre a
natureza
espiritual do
ser (questão
742 de O
Livro dos
Espíritos),
dando lugar a
atrocidades
inimagináveis.
Entretanto, o
suicídio através
de bombas e de
outras formas
hediondas
constitui o mais
degradante
processo de
conduta em
relação à
dignidade
humana, porque a
vida física é
sublime dom
concedido por
Deus, que
ninguém tem o
direito de
interromper,
porque faculta o
desenvolvimento
intelecto-moral
do Espírito.
Tal
comportamento
demonstra o
estágio primário
em que ainda se
reencarnam
muitos Espíritos
desvairados sem
possibilidade de
manter o
equilíbrio...
O Consolador –
Qual deve ser a
atitude dos
dirigentes
espíritas
relativamente a
essa enxurrada
de obras
mediúnicas de
origem duvidosa
que tem
infestado o
mercado de
publicações
espíritas nos
últimos tempos?
Vivemos um
momento de
grandes
equívocos na
sociedade, em
face do tumulto
que ocorre em
toda parte.
Nesse sentido,
há uma grande
busca por
notoriedade,
pela fama...
Pessoas
imprevidentes,
portadoras ou
não de
mediunidade, são
tomadas de
improviso por
tais
inquietações e,
porque entraram
em contato com o
Espiritismo,
logo se
acreditam
portadoras de
faculdades
extraordinárias,
em razão do
campo fértil
para a
credulidade e
tornam-se, de um
para outro
momento,
psicógrafos,
expositores,
debatedores de
relevo. Nunca
será demais que
os dirigentes
espíritas e
todos nós
estejamos
vigilantes,
observando as
recomendações da
Doutrina,
mantendo
critérios
cuidadosos, a
fim de não
sermos enganados
nem enganarmos a
ninguém. Por
outro lado,
Espíritos
perversos,
adversários do
Bem,
aproveitam-se do
descalabro
existente e
inspiram pessoas
invigilantes,
presunçosas,
falsamente
humildes, mas
prepotentes,
tornando-as
portadoras de
mensagens
destituídas de
autenticidade,
que geram
confusão e
dificuldades no
movimento
espírita. Alguns
desses
descuidados
irmãos
auto-elegem-se
herdeiros de
personalidades
históricas e
missionários do
amor,
utilizando-lhes
indevidamente o
nome,
apropriando-se
da sua herança
para o
exibicionismo no
banquete da
fatuidade, o que
é realmente
lamentável.
O Consolador –
Como resgatar as
velhas e boas
sessões práticas
de doutrinação
de Espíritos
desencarnados
que tantos
benefícios
trouxeram a
companheiros em
dificuldade, na
carne ou fora
dela, em face da
penúria de bons
medianeiros com
que se vêm
defrontando
nossos Centros
Espíritas?
Penso que se
torna inadiável
o dever de
voltarmos à
simplicidade e à
humildade,
evitando-se as
complexidades
que ora se
apresentam em
torno da
mediunidade,
exigindo-se
estudos úteis,
indiscutivelmente,
mas que se
prolongam por
vários anos,
evitando-se o
treinamento
edificante e
salutar.
Por outro lado,
um expressivo
número de
pessoas
recusa-se a
servir de
instrumento aos
sofredores,
aspirando ao
contato com os
anjos e
serafins, sem
recordar-se de
que a
mediunidade está
a serviço da
consolação e da
iluminação de
consciências.
No silêncio do
anonimato nas
instituições
espíritas, sem
alarde nem
divulgação,
devem ser
instalados os
grupos sinceros
de devotados
servidores de
Jesus, a fim de
trabalharem em
favor da
doutrinação dos
irmãos em
sofrimento, por
cujo meio
ascendemos na
direção do
Servidor
Incessante, que
é Jesus.
O Consolador –
Como despertar o
interesse de
jovens e
adolescentes
para o estudo da
Doutrina
Espírita?
O Espiritismo é,
essencialmente,
uma doutrina
para jovens e
adolescentes,
tendo em vista o
seu conteúdo
iluminativo, de
fácil aplicação
no cotidiano e
libertador de
tabus e
influências
perniciosas.
Esclarecendo a
mente e
confortando o
sentimento, o
Espiritismo
fascina as
mentes juvenis,
convidando-as a
reflexões
demoradas e a
comportamentos
saudáveis.
Infelizmente, o
exemplo dos pais
no lar, nem
sempre
compatível com
as lições
ministradas pela
Doutrina
Espírita,
constitui um
grande
impedimento para
o estudo e a
vivência dos
postulados
espiritistas por
esses candidatos
juvenis.
Tomando
conhecimento da
filosofia
espírita e da
necessidade de
aplicação em
todos os
momentos, os
jovens
decepcionam-se
no lar, quando
verificam a
diferença de
comportamento
dos pais, no que
se refere àquilo
em que dizem
crer e a maneira
pela qual se
conduzem.
Desse modo, o
exemplo no lar é
de fundamental
importância para
o despertamento
dos jovens e
adolescentes
para o estudo e
a vivência do
Espiritismo, ao
mesmo tempo em
que instrutores
jovens e
sinceros
tornem-se
líderes em
relação aos
demais membros
do grupo
juvenil.
O Consolador –
Em suas viagens
pelos
continentes,
qual foi a
situação que
mais marcou sua
vida?
As situações que
mais me marcaram
nas diferentes
viagens ao
Exterior foi
sempre poder
constatar que
nunca nos
encontramos a
sós. Em momentos
muito difíceis
em países onde o
Espiritismo era
totalmente
desconhecido,
não falando o
idioma local,
sempre fui
inspirado a
tomar as
decisões
acertadas,
equacionadas as
dificuldades
momentâneas que
me constituíam
desafios. Jamais
me faltou esse
concurso dos
Espíritos
superiores, que
me
proporcionaram
divulgar a
Doutrina
Espírita com
dignidade nos
mais variados
pontos do
planeta,
deixando sempre
marcas
positivas,
espaços abertos
para os que
chegaram ou se
apresentarão
depois.
“Espiritizar
os indivíduos é
a
tarefa de todos
aqueles que
divulgam o
Espiritismo”
O Consolador –
Temos visto
muitas práticas
nas Casas
Espíritas que
causam
dependência
entre os
freqüentadores e
trabalhadores,
com hábitos
desnecessários e
muitas vezes
místicos. A
tolerância
fraternal nos
solicita
compreender o
estágio de
instituições e
confrades, uma
vez que nós
mesmos dela
também temos
necessidade.
Devemos dizer a
esses
companheiros
sobre a
inutilidade de
algumas práticas
que possamos
presenciar ou
nos dedicarmos
simplesmente a
divulgar o
correto
Espiritismo?
Acredito que
ambas as formas
estão corretas.
No entanto,
considero que o
amor que devemos
dedicar à
Doutrina esteja
acima das
conveniências
decorrentes das
amizades e
escrúpulos na
abordagem das
dificuldades que
permeiam o nosso
Movimento. Não
raro, tais
comportamentos
inadequados que
notamos em
diversas Casas
Espíritas são
frutos da
ignorância, do
atavismo
ancestral
herdado de
outras
religiões, que
são incorporadas
às práticas
espíritas. Desse
modo,
conversando com
lealdade e em
particular com
os diretores da
instituição, a
nós nos cumpre o
dever de
orientar
corretamente,
apresentando a
pulcritude do
Espiritismo, de
forma que sejam
eliminados esses
comportamentos
doentios.
Como existem
também aqueles
indivíduos que
se acreditam
portadores do
conhecimento
integral e não
aceitam a
contribuição dos
outros, ajamos
conforme nos
recomenda a
consciência
espírita, sem
nos preocuparmos
com as reações
que venham a
ocorrer. Como a
nossa
preocupação não
deve ser a de
agradar, mas a
de esclarecer
espiriticamente
as criaturas,
não receemos em
ser leais à
Codificação,
mesmo quando
tenhamos que
pagar o ônus da
incompreensão
dos menos
preparados
doutrinariamente...
O Consolador –
Muitos centros
incentivam
estudos intensos
sobre romances e
outras obras
ditas como
complementares
em detrimento
das obras da
Codificação
espírita. Que
conseqüências
doutrinárias
esse
comportamento
poderá
acarretar?
O dever básico
do Centro
Espírita é
divulgar a
doutrina
conforme no-la
ofereceu o
egrégio
Codificador nas
obras básicas e
na Revista
Espírita entre
janeiro de 1858
a março de 1869.
O estudo do
Espiritismo deve
ser realizado
nas obras
fundamentais.
Aquelas que são
complementares,
por mais
respeitáveis que
se apresentam,
são confirmações
e ampliações das
obras básicas
nas quais se
alicerça a
Doutrina
Espírita.
Como estudar
romances, ditos
espíritas, sem o
conhecimento do
Espiritismo, ou
mergulhar o
pensamento no
desdobramento de
propostas que
são ignoradas na
sua estrutura
inicial?
Espiritizar
os indivíduos,
afirma-me o
Espírito Joanna
de Ângelis, é a
tarefa de todos
aqueles que
divulgam o
Espiritismo,
especialmente na
instituição que
lhe ostenta o
nome.
O Consolador –
Doutrina
religiosa, sem
dogmas
propriamente
ditos, sem
liturgia, sem
símbolos, sem
sacerdócio
organizado e sem
rituais, ao
contrário de
quase todas as
demais
religiões, como
entender a
prática ou
adoção de
rituais no
Centro Espírita?
A presença de
quaisquer
práticas
ritualísticas no
Centro Espírita
desfigura-lhe a
condição de
fidelidade à
Doutrina. Sendo
o Espiritismo
a religião
cósmica do amor,
não existem
justificativas
para quaisquer
comportamentos
supersticiosos e
vinculados a
outros credos,
pois que
proporciona a
ligação da
criatura com o
Criador sem a
necessidade de
intermediários
humanos ou
circunstanciais,
de pessoas ou de
ritos
extravagantes e
desnecessários.
O Consolador –
Considerando-se
que o
Espiritismo é
uma religião
eminentemente
educadora e que
o Espírito
reencarna para
aperfeiçoar-se,
você não acha
que as
atividades que
visam à
evangelização da
criança não têm
recebido o apoio
na proporção da
importância da
tarefa?
É de lamentar
essa constatação
em inúmeros
Centros
Espíritas.
Acreditam os
seus diretores
que são imortais
no corpo, sem a
preocupação de
preparar as
novas gerações
para os
substituírem,
tanto quanto
trabalhar a
criança, a fim
de produzir uma
sociedade feliz,
sem vícios nem
conflitos, que o
Espiritismo
dirime e
equilibra.
Esse infeliz
comportamento
traduz a
ignorância em
torno da
educação, que
mereceu do
insigne Allan
Kardec, o nobre
educador,
páginas de
relevante
beleza.
Educar a criança
de hoje, é dever
inadiável, a fim
de não se ter
que punir o
cidadão do
futuro, conforme
o pensamento de
nobre filósofo
grego...
O Consolador –
Nota-se que há
no meio espírita
um verdadeiro
movimento
iconoclasta que
tem tachado
pejorativamente
de
conservadores,
de donos da
verdade e de
censores todos
aqueles que se
preocupam com a
manutenção do
nível de
equilíbrio, de
sobriedade, de
fidelidade
doutrinária.
Será que esse
movimento
mundial de
questionamento
de padrões
éticos, que
surgiu nas
últimas décadas
do século vinte,
está chegando ao
Movimento
Espírita?
Vivemos o
momento da
grande transição
e é natural que
ocorram
fenômenos dessa
natureza,
especialmente
quando se trata
da preservação
dos valores
ético-morais da
sociedade. O
tédio emocional
decorrente da
exaustão dos
sentidos no gozo
da inutilidade e
das paixões
subalternas
rebela-se contra
tudo quanto
invita à
reflexão, à
preservação do
bom, do nobre,
do belo,
convidando à
rebelião, às
mudanças, na
busca de novos
estímulos para a
sobrevivência
daqueles que se
lhe fazem
vítimas.
O Espiritismo é
doutrina grave e
profunda, que
não se adapta às
novidades com
que muitos
desejam
mascará-lo, de
modo a
permanecerem na
futilidade e no
sensacionalismo.
Aqueles
espíritas sérios
que zelam pela
preservação dos
valores
doutrinários
sobreviverão aos
modismos, porque
a Doutrina
permanecerá
conforme a
recebemos de
Allan Kardec e
dos nobres
Espíritos que a
Codificaram e a
desdobraram
através dos
anos.
“O proselitismo,
conforme vem
sendo praticado
por diversas
seitas, tem
sido mais
prejudicial do
que útil”
O Consolador –
Um fato bem
peculiar em
grande parte da
Europa é a
existência de
Grupos Espíritas
fundados e
mantidos por
brasileiros,
cujos
trabalhadores e
freqüentadores
são em sua
maioria
brasileiros.
Poucos grupos
conseguiram
despertar nos
europeus a
vontade de
aprender mais
sobre a Doutrina
Espírita, no seu
tríplice
aspecto. O que
está faltando?
Acredito que
essa é a fase
inicial,
decorrência
natural da
dificuldade de
alguns grupos
ainda não
realizarem
atividades no
idioma do país
em que se
encontram. Por
outro lado, a
falta de livros
traduzidos para
os diversos
idiomas – e que
vem sendo
solucionado pelo
CEI com muita
eficiência –
também contribui
para o
desinteresse dos
nacionais.
Esse esforço dos
brasileiros é
valioso sob
todos os
aspectos
considerados:
sustenta-lhes a
fé, ajuda o seu
próximo e
oferece
oportunidade de
conhecer o
Espiritismo
àquele que, por
acaso, se venha
a interessar.
Esse fenômeno
ocorreu também
com o
Cristianismo em
Roma, convém
lembrar.
Ademais, conheço
excelentes
grupos na Europa
que estão
encontrando
ressonância
entre os
nascidos nos
países em que se
encontram
fixados.
Aguardemos,
confiantes,
auxiliando esses
admiráveis
desbravadores.
O Consolador –
Como conseguir
estreitar mais
estes laços e,
por conseguinte,
contar com a
participação dos
europeus nas
atividades
espíritas?
A questão é
delicada,
especialmente em
se considerando
que o
Espiritismo não
é doutrina que
impõe, mas que
expõe. O
europeu, em
geral, exceção
aos da península
ibérica, onde o
Movimento
espírita
encontra-se
muito bem
organizado e
difundido,
sofreu muitas
guerras,
experimentou
muitas
dificuldades,
cansou-se da fé
religiosa que
lhe foi
oferecida e vive
um período de
agnosticismo,
senão de
materialismo, em
alguns
disfarçado em
postura
religiosa vazia
de
religiosidade...
Com os esforços
que vêm sendo
envidados pelas
sociedades que
estão
conseguindo
registros
oficiais e do
CEI, confiamos
que haverá mais
estreitamento
entre os
brasileiros e os
europeus que
simpatizam com o
Espiritismo.
O Consolador –
Quando gostamos
muito de uma
coisa, é natural
que queiramos
compartilhá-la.
Por que
evitarmos o
proselitismo, se
estamos
plenamente
convencidos de
que o
Espiritismo
seria tão
benéfico e
consolador para
todos?
O proselitismo,
conforme vem
sendo praticado
por diversas
seitas e
doutrinas de
variada
denominação, tem
sido mais
prejudicial do
que útil, porque
faz adeptos
inconscientes,
fanáticos,
presunçosos...
O Espiritismo
não deverá
realizar esse
tipo de
divulgação,
arrastando
multidões
para as suas
fileiras,
considerando os
diversos níveis
psicológicos de
consciência em
que se situam os
indivíduos, o
que não permite
uma aglutinação
na horizontal
dos interesses.
É válida a
tentativa de
elucidar e
conquistar novos
adeptos, isto
porém se dará no
momento quando
houver maior
amadurecimento
espiritual e
moral dos
indivíduos, após
saturar-se das
paixões
dissolventes a
que se aferram.
O Consolador – A
todo instante
somos colocados
diante de
situações que
exigem nossa
imediata
avaliação e
inevitável
julgamento. Que
fazer, no âmbito
profissional ou
familiar, para
adotar o
princípio
cristão sem
correr o risco
de falharmos por
omissão?
Como nos
encontramos na
Terra, torna-se
inevitável que
participemos
dignamente das
imposições
vigentes no
mundo, avaliando
e julgando.
Tenhamos como
exemplo as
autoridades que
devem exercer as
suas funções, os
chefes de
setores, os
responsáveis por
atividades que
abrangem grupos
humanos e
sociais...
O não julgar
a que se refere
o Evangelho
constitui uma
advertência a
não pensarmos
mal dos outros,
a não
concluirmos
apressadamente
quando não
conhecemos os
fatos, a não
atirarmos pedras
em nosso
próximo.
Dispondo porém,
de argumentos,
de informações e
dados, é-nos
concedido o
direito de
avaliar e de
julgar de
maneira
equilibrada,
contribuindo
para a
regularização do
que esteja
errado, a fim de
ser corrigido.
Não podemos
concordar com
tudo, o que nos
pode empurrar
para uma postura
hipócrita,
pusilânime ou
conivente com o
erro...
O Consolador –
Qual o melhor
caminho para que
desenvolvamos
dentro de nós o
amor cristão
pelo próximo, a
bondade
espontânea no
coração e
foquemos nossas
vidas mais pelos
caminhos da
solidariedade,
essa virtude
ainda tão
esquecida?
Confesso não
conhecer esse
melhor caminho.
Na minha
experiência de
uma longa
existência e
como decorrência
da convivência
com os Espíritos
amigos aprendi a
compreender o
meu próximo,
tentando ser
melhor, mesmo
que, com
dificuldades,
permitindo que
os outros pensem
de mim o que
lhes aprouver,
enquanto estarei
procurando
pensar o melhor
de todos...
Tenho aprendido
a não revidar o
mal com o mal, e
embora sabendo
que tenho
inimigos – em
ambos os planos
da Vida –
luto para não
ser inimigo
de ninguém, e
venho buscando
cumprir com o
dever com que
sou honrado na
atual
reencarnação.
O Consolador –
Há um ano,
quando
comemorávamos
150 anos de
existência de
O Livro dos
Espíritos,
foi lançada esta
revista,
redigida
especialmente
para circular na
internet.
Passados doze
meses, que
avaliação você
faz da criação
da revista e da
importância da
internet na
difusão do
Espiritismo no
globo em que
vivemos?
Recordo-me com
imenso júbilo da
planificação do
primeiro número
da nossa cara
Revista
eletrônica e
acompanhei o seu
processo de
crescimento e de
qualidade,
graças à
cooperação de
novos
articulistas,
entrevistados e
a segura direção
dos caros Astolfo
e José Carlos.
A internet, como
tudo que o homem
toca e
corrompe
infelizmente,
tornou-se
veículo de
informações
incorretas, de
agressões, de
desmoralizações,
de infâmias, de
degradação e de
crime... mas
também de
grandiosas
realizações que
dignificam o
gênero humano e
preparam a
sociedade para
dias mais belos
e mais felizes.
Nesse sentido, a
Revista vem
realizando o seu
papel de
difundir o
Espiritismo com
elegância, nunca
se permitindo
vulgaridade,
qualquer tipo de
arrogância ou de
combate inútil,
fiel aos
postulados da
Codificação, o
que me faz
recordar os
excelentes
artigos da
Revue Spirite,
fundada e
dirigida por
Allan Kardec até
a data da sua
desencarnação –
31-3-1869 – cujo
sesquicentenário
comemoramos
desde janeiro
próximo passado.
Penso que se
Allan Kardec
estivesse
reencarnado,
nestes dias,
utilizar-se-ia
da internet com
a mesma nobreza
com que recorreu
à imprensa do
seu tempo na
divulgação e
defesa do
Espiritismo
diante dos seus
naturais
adversários.
Parabéns à
Revista
eletrônica, aos
seus diretores e
a todos os seus
cooperadores. |