Uma das causas
da derrocada da família imperial
russa, que culminou com a
Revolução Comunista de 1918, foi
sem dúvida nenhuma a influência
exercida sobre ela pelo místico
siberiano Gregoire Ifimovitch
Rasputin, que, dizia-se, era capaz
de controlar mentalmente a czarina
Alexandra (assim como outras
pessoas, principalmente do sexo
feminino). Foi também uma das
causas alegadas pelo Conde Felix
Yusupov para matá-lo como nos
conta em seu livro "Como
Matei Rasputin".
Inegável a
queda do povo russo pelas
questões psíquicas, muito embora
os revolucionários que
transformaram a Rússia no pilar
central do materialismo dialético
se esforçassem por destruir essas
tendências ditas pouco racionais.
Em 1940 o
então todo-poderoso ditador da
União Soviética Joseph Stalin
convocou para uma reunião um
telepata polonês, já conhecido
em todo o mundo como médium de
poder, que havia sido testado na
época por Einstein, Freud e
Gandhi. Stalin ouvira falar na
capacidade que Wolf Messing tinha
de projetar telepaticamente o seu
pensamento no espírito de outra
pessoa e, por assim dizer, de lhe
controlar ou embaralhar a mente.
Planejando
utilizar as faculdades peculiares
do médium, Stalin ordenou uma
prova direta do talento de Messing.
Este teria de realizar um assalto
psíquico a um banco e tirar
100.000 rublos do Gosbank de
Moscou, onde ninguém o conhecia.
– Dirigi-me
ao caixa e estendi-lhe um pedaço
de papel em branco, arrancado de
um caderno escolar, – diz
Messing. Em seguida, abriu uma
pasta e colocou-a sobre o balcão.
Depois, ordenou mentalmente ao
caixa do banco que lhe entregasse
a enorme soma de dinheiro. O idoso
funcionário olhou para o pedaço
de papel. Abriu o cofre e dele
retirou 100.000 rublos. Messing
ajeitou as notas na pasta e saiu.
Foi encontrar-se com as duas
testemunhas oficiais de Stalin,
encarregadas da experiência.
Depois que estas constataram que a
prova tinha sido satisfatoriamente
realizada, Messing voltou ao
caixa. Quando começou a devolver
os maços de notas, o funcionário
do banco olhou para ele, olhou
para o pedaço de papel em branco
que ainda estava sobre a sua mesa
e caiu ao chão, vítima de um
insulto cardíaco.
Felizmente não
era fatal, diz Messing.
Teríamos
pensado muita coisa a respeito de
Stalin, menos que fosse um
pesquisador psíquico. Esses
relatos extraordinários não
saíram da Rússia
contrabandeados, transmitidos à
surdina. Os próprios soviéticos
os publicaram na importante
revista, "Ciência e
Religião", como parte da
autobiografia de Messing, "Sobre
mim Mesmo." O simples
fato de haverem passado pelos
censores políticos e pela
política ateística oficial
constitui boa prova da sua
validade. Em "Sobre Mim
Mesmo" Messing observa
que teve muitos encontros com
Stalin.
Não apenas
para Stalin, mas para um vasto
número de soviéticos, Wolf
Grigorevich Messing foi uma
criatura brilhante, uma espécie
de superastro conhecido
em todos os níveis da sociedade,
uma figura lendária, por mais de
um quarto de século. O nome é
familiar até para célebres
cientistas. O detentor russo do
Prêmio Nobel de química, Dr.
Nikolai Semyonov, disse em Ciência
e Religião, em setembro de
1966:
"È muito
importante estudar cientificamente
os fenômenos psíquicos de
sensitivos como Wolf Messing".
Há sobejos
motivos para a lenda, além
do endosso "testado por Stalin".
Messing conta
como tudo começou.
Sendo a
família de Messing pobríssima,
porém excessivamente religiosa,
Wolf, aos seis anos de idade,
graças à sua memória
prodigiosa, conhecia muito bem o
Talmude. O rabino decidiu que o
garoto cursaria uma escola
religiosa a fim de preparar-se
para o rabinato. A família ficou
entusiasmada com a oportunidade
que se oferecia ao filho, mas Wolf
recusou-se terminantemente a ir
para a escola.
– Foi então
que aconteceu o primeiro milagre
em minha vida, recorda Messing.
Meu pai me mandara à venda
comprar um maço de cigarros. Já
era lusco-fusco. A entrada da
nossa casinha de madeira estava
escura. Subitamente, surgiu no
degrau uma figura gigantesca,
escura, toda vestida de branco.
"Meu
filho! Sou um mensageiro vindo lá
de cima para predizer o seu
futuro! Vá à escola! As suas
orações agradarão ao céu!.
.".
E a visão
desapareceu.
"Seria
difícil transmitir a impressão
que essas palavras causaram aos
sentimentos nervosos e místicos
de um menino", continua
Messing. "Foram como o brilho
do relâmpago, o troar do trovão.
Caí ao chão e perdi os
sentidos".
"Quando
tornei a mim, meu pai e minha mãe
liam orações por mim. Lembro-me
dos seus rostos conturbados. Mas
depois que me recuperei, ficaram
mais calmos. Contei-lhes o que
acontecera. Fingindo tossir, papai
murmurou":
"Quer
dizer que Ele quer. .".
"Minha
mãe permaneceu em
silêncio".
"Depois
desse pasmoso incidente, eu não
poderia continuar
resistindo", confessa Messing.
E, obediente, foi para a escola
religiosa, em outra aldeia.
O menino,
porém, não se sentia feliz com
uma vida de orações. Aos onze
anos, com dezoito centavos no
bolso, partiu para o mundo
desconhecido no primeiro trem que
passou por lá. Enfiou-se debaixo
de um banco num vagão quase vazio
e adormeceu.
Eu,
naturalmente, não tinha passagem,
prossegue Messing.
"Rapazinho,
ainda posso ouvir-lhe a voz nos
meus ouvidos, a sua
passagem..."
"Nervosamente,
tensamente, estendi-lhe um
pedacinho de papel sem valor
algum, arrancado de uma página de
jornal. Os nossos olhos se
encontraram. Com todas as minhas
forças, eu quis que ele aceitasse
o pedaço de papel como uma
passagem. "O chefe do trem
pegou-o e, de um modo estranho,
virou-o e revirou-o entre as
mãos. Eu recuei, procurando impor
a minha vontade. Ele enfiou o
pedacinho de jornal entre as
mandíbulas pesadas do perfurador.
E, devolvendo-me a
"passagem",
perguntou-me:
"Já que
você tem passagem, por que está
aí debaixo do banco? Levante-se!
Dentro de duas horas chegaremos a
Berlim".
"Foi a
primeira vez em que se
manifestaram os meus
poderes de sugestão
mental", declara Messing.
Em Berlim, Wolf
Messing conseguiu um emprego de
mensageiro no bairro judeu.
Levando um embrulho para um
subúrbio da cidade, um dia,
desmaiou de fome numa ponte. Sem
amigos, longe de casa, foi levado
para um hospital. Sem pulso, sem
respiração, o corpo frio,
Messing foi conduzido ao
necrotério. Teria sido enterrado
numa vala comum não fora a
interferência de um estudante de
medicina, que notou nele um
batimento cardíaco fraco, muito
fraco. Era quase imperceptível,
infreqüente, mas era um
batimento.
Até como
"cadáver" Messing tinha
uma aura teatral. Segundo os
melhores scripts de filmes de
terror, o pulso e os batimentos
cardíacos, gradativamente,
voltaram a normalizar-se e, três
dias depois, ele recuperou os
sentidos. No hospital, o Dr. Abel,
psiquiatra e neuropatologista,
explicou que o seu fora um caso
raríssimo de letargia.
"Não
somente devo minha vida ao Dr.
Abel, mas também o descobrimento
e o desenvolvimento das minhas
capacidades psíquicas",
escreve Messing em sua
autobiografia.
– Você tem a
capacidade da catalepsia
auto-induzida, assim como a
capacidade paranormal –
disse-lhe Abel. A catalepsia é o
gênero de vida suspensa que os
iogues altamente treinados
demonstram às vezes.
O Dr. Abel
inspirou a Messing a confiança em
seus poderes psíquicos. Com a
ajuda do Dr. Schmidt, um colega
psiquiatra, e da esposa de Schmidt,
Abel exercitou Messing na
telepatia.