Aos jovens
que estão naquele período
decisivo de suas vidas, o de
escolher uma profissão, vou
pegar carona em algumas dicas
de Peter Drucker, o chamado
pai da administração
moderna.
Ele foi
reconhecido por ter uma visão
à frente de seu tempo,
revolucionando a forma de
administrar organizações.
Aliás...
nem sei por que citá-lo como
"dono" dessas dicas,
já que Allan Kardec, um
século antes, já havia
escrito a respeito. Mas vamos
lá.
Entre
tantas idéias que Drucker
deixou, interessante pensarmos
em três pontos que ele
julgava essenciais para os
profissionais se ajustarem à
realidade: Conhecimento de si
mesmo; saber o seu lugar; não
tentar fazer o que não nasceu
para fazer.
1.
Conhecimento de si mesmo
Conhecer a
si mesmo é a chave para
vivermos bem. Quanto mais
sabemos quem somos, nossos
gostos, nossas capacidades,
nossas conquistas e
deficiências, fica mais
simples viver.
Quando
conhecemos o que nos dá
prazer, direcionamos nossa
vida pra isso. Não há
sentido em viver ocupando o
tempo em trabalhos que não
sentimos gosto.
Uma
reflexão profunda sobre o que
guardamos dentro de nós,
dá-nos condições de
construir uma vida boa,
saudável e útil.
Quando
sabemos o que queremos
realmente, sem tentarmos nos
enganar, poderemos fazer
planos, organizar a vida com
focos definidos e todas as
atividades (profissionais ou
não) terão um sentido.
2. Saber o
seu lugar
Na medida
em que procuramos realmente
conhecer a nós mesmos, nosso
espaço vai se tornando mais
evidente.
A vocação
se mostra e, da mesma forma,
as possibilidades de
colocarmos à disposição da
sociedade nossas capacidades.
Se a
música me envolve de tal
forma e se canto, ou toco um
instrumento com beleza fica
evidente que meu lugar é
fazer música. É embelezar o
mundo, levando harmonia e paz
as pessoas.
Se as
letras me encantam, e me
completa ler e escrever, meu
lugar certamente será nas
áreas da comunicação
escrita.
Se os
organismos vivos me levam a
curiosidade científica, as
Ciências Biológicas serão o
meu espaço.
Se as leis
tocam a minha intimidade de
forma positiva, o Direito
fará parte da minha vida, sem
dúvida.
Conhecendo
a si mesmo, o ser humano
reconhece com mais facilidade,
nesse mar de possibilidades
profissionais que temos hoje,
seu lugar de felicidade e
serviço.
3. Não
tentar fazer o que não nasceu
para fazer
Esse é um
tema difícil.
Para ser um
profissional que realmente
está prestando um serviço
bom a sociedade, teríamos
que: gostar do que fazemos,
fazer bem o que fazemos e
sempre aprimorar o que
fazemos.
Alguém
pode gostar muito de tocar
violão, mas talvez não toque
bem. Outro pode tocar bem o
violão, mas ficar sempre nas
mesmas músicas, sem desejar
se aprimorar (às vezes por
não ter disciplina para
isso).
É claro
que no campo das artes, por se
tratar de padrões estéticos,
não há um consenso em
relação ao belo.
Mas já na
Medicina, no Direito, na
Educação, na Engenharia, na
Veterinária e tantas outras
funções, não fazer bem,
mesmo que se goste muito, traz
prejuízos graves à
sociedade.
Por isso é
bom fugir das pressões e dos
modismos e atender a
vocação. Nunca esquecendo
que tudo exige aprimoramento
e, para tanto, devemos sempre
empreender todo esforço
possível. É assim que
podemos oferecer algo de bom
à vida e sermos pessoas
realizadas.
Não é o
dinheiro que talvez venha em
troca, ou o desejo dos pais
(por mais que nos sejam caros
e merecedores de toda nossa
gratidão) que terão força
suficiente para nos tirar da
rota.
Nosso
propósito está em nossa
intimidade. Basta parar e
refletir para conhecê-lo.
Basta
meditar profundamente e
atender ao chamado da vida,
para realizarmos todo o bem
possível nesse tempo tão
curto entre o nascimento e a
morte.
E para
encerrar...
Alguns
trechos da primeira obra de
Allan Kardec:
- O conhecimento de si
mesmo é, portanto, a
chave do progresso
individual.
- Evidentemente, por
meio da especialidade
das aptidões naturais,
Deus indica a nossa
vocação neste mundo.
- ...o verdadeiro
bem-estar consiste em
cada um empregar o seu
tempo como lhe apraza e
não na execução de
trabalhos pelos quais
nenhum gosto sente. Como
cada um tem aptidões
diferentes, nenhum
trabalho útil ficaria
por fazer. Em tudo
existe equilíbrio; o
homem é quem o
perturba.