E o pobre
Espantalho se
sentia muito
infeliz assim
isolado de todos,
considerando-se
rejeitado e
inútil.
Com seus enormes
olhos de botão,
via o homem com a
enxada na mão
cavando a terra,
jogando as
sementes no solo,
colocando estacas
nos pés de tomates
e de ervilhas,
arrancando as
ervas daninhas,
todo cansado e
coberto de suor.
Tinha um desejo
imenso de ajudar,
mas não podia sair
do lugar, sempre
na mesma posição.
O tempo passou...
As sementes
floresceram, os
tomates e ervilhas
amadureceram; as
cenouras, couves e
alfaces já estavam
no tempo de ser
colhidas.
Um dia, chegou o
dono da horta
trazendo seu filho
pela mão e um
embrulho debaixo
do braço. O homem
falou com muito
carinho, mostrando
a horta ao menino:
— Veja meu filho,
como está bela a
nossa plantação!
As hortaliças e os
legumes cresceram
fortes e sadios e,
agora, prontos
para serem
colhidos e servir
de alimento a
muita gente. Mas
tudo isso devo a
alguém sem cuja
ajuda inestimável
não teria
conseguido. Alguém
que sempre esteve
firme no seu
posto, que nunca
abandonou a tarefa
que lhe foi
confiada. Alguém
que, antes da
aurora, já estava
trabalhando e que,
quando o sol sumia
no horizonte,
ainda estava firme
no seu lugar.
E, para surpresa
do boneco, que
acompanhava a
conversa muito
interessado, ele
concluiu,
apontando-o:
— Meu amigo, o
Espantalho!
E aquele pobre
boneco, cujo
coração era feito
de palha, ficou
emocionado e até
sentiu lágrimas
umedecerem seus
olhos de botão.
Aproximando-se com
um sorriso
carinhoso e
agradecido, o
homem disse:
— Você, meu
querido
Espantalho, por
toda a ajuda que
me prestou sem
nada exigir em
troca, mantendo
longe os animais e
pássaros que
estragariam as
plantinhas, vai
ganhar um
presente!
E, desembrulhando
o pacote que
trouxera, mostrou
orgulhoso:
— Vai ganhar uma
roupa nova!
E quem passasse
por aquelas
bandas, dali em
diante, veria um
lindo Espantalho
com belo terno de
paletó xadrez,
chapéu novo na
cabeça, tomando
conta da horta,
todo orgulhoso da
sua tarefa. E,
coisa curiosa, se
observasse bem,
veria que um
ligeiro sorriso de
satisfação
alegrava o rosto
de palha do
Espantalho.
Porque agora ele
sabia que, assim
como todas as
pessoas, também
era útil. Tinha
uma tarefa a
realizar e, por
pequena que ela
fosse, era muito
importante.
E também porque,
agora, sentia-se
AMADO!
TIA CÉLIA