A devoção
a determinados santos (Santo
Expedito, São Judas, São
Jorge, Nossa Senhora
Aparecida, Frei Galvão etc)
é um fenômeno sociológico
que merece reflexão. Milhares
de fiéis rendem homenagens a
eles (imagens, santinhos,
amuletos e faixas nas ruas),
servindo para lembrar a
memória e, o que deve mais
chamar a atenção, querendo
retribuir uma graça ou favor
alcançado (oito milhões de
pessoas por ano vão ¨fazer
agradecimentos¨ na cidade de
Aparecida, SP).
O ENTENDIMENTO ESPÍRITA
O
Espiritismo não fica
indiferente a esse fenômeno
social. O Catolicismo se
arroga no direito de
beneficiar-se da situação,
que na verdade nada tem a ver
com religião. O fato de
milhões de pessoas irem a uma
certa Igreja, com o nome de
determinado Santo, num certo
dia, deve ser interpretado
como uma forma do devoto
querer retribuir uma ajuda
espiritual recebida, como ele
entende, não significando que
ele seja seguidor do
Catolicismo e siga seus
postulados. O detalhe que
chama a atenção é que os
beneficiados alimentam a
crença de que um determinado
Santo seja o responsável pela
satisfação dos benefícios.
Uma
pergunta que surge é por que
admitir que um único
Espírito responda pela
atuação nos detalhes do
cotidiano de milhões de
crentes? Quem admitisse isso
reconheceria que determinado
Espírito dispõe de
inimagináveis e
incompreensíveis recursos que
lhe confeririam uma
Onisciência Divina, lhe dando
a capacidade de favorecer
milhões de pessoas ao mesmo
tempo, em diferentes lugares.
Neste
ponto, o Espiritismo, em O
Livro dos Espíritos,
questões 490 e ss, esclarece
que todas as pessoas têm um
Espírito protetor, com a
tarefa de guiar o protegido
pela senda do bem, auxiliá-lo
com seus conselhos,
consolá-lo nas aflições,
levantar-lhe o ânimo nas
provas da vida e ampará-lo no
que for possível. Também
chamado Anjo da Guarda, ou
Guia Espiritual, este
Espírito acompanha o tutelado
desde o nascimento até a
morte deste e, muitas vezes, o
acompanha mesmo depois da
morte.
Considerando
isso, o fato de alguém evocar
o nome de determinado Santo,
quando está em necessidade, e
por qualquer razão o pedido
é satisfeito, isto não quer
dizer que houve atuação
espiritual do Espírito
evocado. Devemos lembrar que
os Espíritos protetores, que
acompanham cada pessoa, e que
a todo o tempo nos cercam,
atuam sempre, pouco importando
que os créditos da ajuda
espiritual fiquem em nome de
outro, pois eles humilde e
anonimamente estão
interessados em nos auxiliar,
e isto o que importa. Se o
pensamento de alguém foi
educado a evocar o nome de um
Santo qualquer em situações
de necessidade, este nome
ficará com o crédito do
auxílio que porventura
ocorra.
Parece mais
racional admitir que a ajuda
espiritual que eventualmente
se receba, quando é possível
ser oferecida, seja do Espírito
Protetor que nos acompanha
sempre (e que nem sabemos seu
nome), do que admitir que esta
ajuda espiritual seja de um
único Espírito, que teria a
tarefa de ajudar milhões de
pessoas, de diversas cidades e
países.
A pessoa
que orou muito para que o fato
acontecesse, e se o fato
ocorre mesmo, o favorecido
percebe a resposta espiritual
de suas súplicas e ninguém
conseguirá convencê-la que o
responsável pelo favor
alcançado tenha sido um ser
diferente ao que ele recorreu.
Outro
aspecto que deve ser lembrado
é que quem defendesse ser
determinado Santo quem
satisfizesse esses desejos
imediatos da vida, estaria
admitindo que ele, no
além-túmulo, nada tem a
fazer, passando a vida ocupado
só em resolver as
questiúnculas materiais de
milhões de fiéis encarnados
na Terra, no gozo de uma
Onisciência Divina e de uma
ociosidade ainda não
explicados. Mesmo no meio
espírita existe algo
parecido, com os Espíritos
Bezerra de Menezes, Meimei,
Scheilla, Batuíra, Frei
Fabiano, Joanna de Ângelis,
Emmanuel etc, onde são sempre
eles a receberem os créditos
da ajuda espiritual.
De modo
algum pretendendo tirar o
prestígio popular destes
Santos ou Espíritos,
diríamos que os crentes que
se dizem devotos deles, se
algum dia mereceram receber
alguma ajuda espiritual,
acreditamos que tenha sido de
seus Guias Espirituais,
os Espíritos Protetores, entendimento
que não deve servir para
diminuir a afeição que
certas pessoas possam votar a
um Santo ou a um Espírito
qualquer.
Fica o
convite para que busquemos
estreitar os laços de
afeição com nossos devotados
Espíritos Protetores,
estabelecendo contatos de
gratidão sempre, pois
necessário reconhecer que o
número de dádivas recebidas
na vida é muito superior à
quantidade de prejuízos, e
busquemos valorizar mais as
bênçãos do que os
desgostos.
Oportuno
lembrar uma curiosidade
cômica, que ilustra bem o
tema. Um homem se encontrava
num avião, em perigo de cair,
fazendo um apelo fervoroso a
"São Francisco",
para que evitasse a queda da
aeronave. Surgiu uma grande
mão no Céu, numa atitude de
segurar o avião, e o homem
ouviu uma voz espiritual
dizendo: "Você chamou
São Francisco de Assis ou
São Francisco Xavier?".
O homem respondeu:
"Chamei São Francisco de
Assis." A voz respondeu: "Sinto
muito, foi engano; sou São
Francisco Xavier". E
a mão que saiu do Céu, para
salvar o avião, desapareceu
totalmente, deixando que ele
caísse!!!!