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Internacional
Ano 10 - N° 460 - 10 de Abril de 2016
JÚLIO ZACARCHENCO
juliokachenco@gmail.com
Sumaré, SP (Brasil)
 

 

Divaldo Franco: “A mensagem de Jesus está toda centrada
na lei de amor”

Na parte final de sua visita aos Estados Unidos, Divaldo Franco falou aos espiritistas das cidades de Boston, Nova York e Miami

No dia 20 de março, o médium e orador espírita Divaldo Franco realizou um seminário na cidade de Boston, Estado de Massachusetts, Estados Unidos. O evento foi realizado no auditório do “Bunker Hill Community College” e contou com a participação de um público de 450 pessoas.

Na ocasião, o médium recebeu uma homenagem da Assembleia Legislativa do Estado de Massachusetts, representada nas figuras de seu presidente, o Senhor Robert A. DeLeo, e da Deputada Denise Provost.

O tema do seminário foi “Vitória sobre a Depressão”.

Abrindo a conferência, Divaldo referiu-se a Friedrich Nietzsche e sua conhecida obra “Assim Falou Zaratustra”, destacando sua proposição sobre a completa desnecessidade de Deus e também a sua morte. O filósofo alemão, disse Divaldo, era um depressivo crônico.

Em seguida, descreveu o trabalho do médico francês Dr. Philippe Pinel, considerado por muitos o Pai da Psiquiatria, que libertou os seus pacientes esquizofrênicos do terrível pavilhão Bicêtre, do Hospital da Salpêtrière, para dar-lhes um tratamento mais humano e restituir-lhes a dignidade, criando, assim, o que passou a ser conhecido como “terapia moral”.

Fazendo uma retrospectiva histórica das questões em torno do tema proposto, principalmente a partir do século XVIII, o palestrante falou sobre os estudos e experiências hipnológicas do Dr. Jean Martin Charcot, no Hospital Salpêtrière, em Paris, assim como de Sigmund Freud, sobre os sonhos, os conflitos sexuais, o subconsciente, e de Carl Gustav Jung, sobre o inconsciente profundo - individual e coletivo -, os arquétipos etc., esclarecendo que, com os conhecimentos da Psiquiatria e das Neurociências, foi possível realizar grande avanço também na Psicologia, de maneira a se constatar que além das problemáticas de natureza puramente psiquiátricas, físicas, haveria outras de natureza psicológica.

Nesse contexto, a depressão assumiria uma posição de grande relevo mundial, uma vez que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, até o ano de 2025, ela alcançaria a primeira posição como causa de mortes no planeta, especialmente por meio de suicídios com uso de arma de fogo.

Os transtornos depressivos teriam estado presentes na Humanidade desde os primórdios da Civilização, embora sob outros nomes, já que o termo depressão surgiria apenas no século XVII. O orador relatou os casos históricos das personagens bíblicas Jó (capítulo 3 do livro de Jó) e rei Saul, e, ainda, de Arjuna, do livro hindu Bhagavad Gita. Além disso, recordou que na Grécia Antiga tais transtornos eram frequentes e conhecidos como melancolia, sendo que Hipócrates já se referia à necessidade de uso da alegria para o combate àquele estado.

Divaldo discorreu sobre o trabalho de Emil Kraepelin, psiquiatra alemão e pai da moderna Psiquiatria, e sua descoberta a respeito das duas vertentes da depressão: a unipolar e a bipolar. 

Sobre as causas dos transtornos psiquiátricos e psicológicos, e mais especificamente sobre a depressão, afirmou que, no passado, foram estabelecidas diversas gêneses, quase todas equivocadas, tais como o pecado original de Eva no Paraíso ou o desequilíbrio dos fluidos corporais. Mas, com o avanço da Psiquiatria, da Psicologia e das Neurociências, fora descoberto que as causas podem ser endógenas (hereditariedade, alterações fisiológicas etc.) e exógenas (eventos de vida, traumas de infância etc.), sendo elas, portanto, de dupla natureza: biológica e psicológica. Em suas colocações, explicou o trabalho dos neurocomunicadores, como a noradrenalina, a serotonina, a dopamina, e do funcionamento das neurocomunicações, esclarecendo sobre a importância da harmonia desses elementos em nosso cérebro.

Ainda a respeito das causas, Divaldo acrescentou as conhecidas pela Ciência acadêmica, os conflitos e culpas de reencarnações anteriores e as obsessões espirituais. A obsessão mereceu um capítulo especial na obra O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Essas influências negativas e persistentes de Espíritos inferiores sobre um indivíduo poderiam levá-lo a estados de transtornos psicológicos e psiquiátricos, como a depressão, afetando-lhe não apenas o equilíbrio psicológico, como também sua estrutura física, nos casos de perturbações de longo curso.

Diante disso, o tratamento para esses transtornos deveria ser multidisciplinar, englobando as terapias psicológicas, psiquiátricas e espírita (passes, orientação espiritual ao depressivo e familiares, atendimento do obsessor em reuniões mediúnicas especializadas, palestras, a terapia da água fluidificada etc.).

Mencionando os estudos de James Hollis, de Carl Gustav Jung e de Milton Erickson, o palestrante ressaltou a importância de o paciente realizar um saneamento mental, mudando sua forma de encarar a vida e criando em si um amadurecimento psicológico com ideias positivas, otimistas. Orientou que toda vez que surja uma ideia negativa em nossa mente, deveríamos substituí-la por uma positiva.

Retornando ao filósofo Nietzsche, reafirmou que a declaração dada por ele sobre a desnecessidade de Deus e de sua morte seria resultado de seu estado depressivo profundo, de sua revolta e do vazio existencial que o afligia. Desse modo, Deus nunca teria deixado de existir e sua compreensão mais profunda e lógica seria trazida pelo Espiritismo, ajudando-nos a entender a nossa própria origem divina. Além disso, a Doutrina Espírita teria resgatado a mensagem pura e simples do Evangelho de Jesus, não em sua feição meramente religiosa, senão também profundamente terapêutica.

Divaldo lembrou, na sequência, que a mensagem de Jesus está toda centrada na lei de amor, a se constituir na mais profunda psicoterapia para o ser humano, segundo estabeleceriam renomados especialistas nas áreas da Psiquiatria, Psicologia e Neurociências.

Esse amor apresentar-se-ia em duas formas: o autoamor e o amor às demais criaturas. E um dos desdobramentos desse sentimento seria o perdão, também em duas formas: autoperdão e perdão aos semelhantes.  O amor e o perdão seriam, assim, uma das mais excelentes formas de profilaxia e tratamento para a depressão. 

Por isso, ressaltou o médium, os psiquiatras Viktor Frankl e Carl Gustav Jung estabeleceram que é imprescindível que a criatura humana eleja para si e vivencie uma meta existencial profunda, para dar sentido à sua vida e evitar o vazio existencial e, por via de consequência, a depressão. Para eles, a mais profunda meta seria o amor.

Ao final de sua dissertação, Divaldo discorreu sobre os estudos em torno da empatia, de como devemos realizar o bem ao próximo colocando-nos no seu lugar e buscando identificar a sua real necessidade, a fim de oferecer-lhe aquilo que lhe seja de melhor e não conforme o nosso desejo. Falou, ainda, da importância de “enxergarmos” os seres humanos “invisíveis” na sociedade, aqueles que são desconsiderados e marginalizados pelos outros, para os tornarmos socialmente visíveis e dignificados. 

Finalizou, dizendo que devemos buscar a alegria nas coisas simples da vida, no cotidiano, amando sempre e em qualquer circunstância, nunca valorizando o mal, procurando, paulatinamente, vencer as nossas más inclinações, até que alcancemos a plenitude. 

Esquizofrenia e Obsessão 
 

No dia 21 de março, o médium e orador espírita Divaldo Franco realizou uma conferência pública na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. O evento foi realizado na sede da organização “Casa do Brasil”, em Manhattan, e recebeu um público de mais de 450 pessoas, que lotaram o auditório.

O tema da conferência foi “Esquizofrenia e Obsessão”.

A conferência teve início com a narrativa do notório trabalho do médico francês Dr. Philippe Pinel, na época dos dias de terror

da Revolução Francesa. Dr. Pinel, chamado de “o pai da Psiquiatria”, somente teria aceitado o convite para trabalhar como médico no Hospital da Salpêtrière, em Paris, com a condição de poder libertar os 53 pacientes esquizofrênicos do tétrico pavilhão Bicêtre.

 

Na época, o pensamento religioso dominante considerava a esquizofrenia uma punição divina. A Ciência ainda não tinha explicações para a doença. O nobre médico notabilizou-se por considerar os pacientes com transtornos mentais como doentes, merecedores de compaixão e tratamento humano, para que pudessem ter sua dignidade restituída, e jamais serem tratados com violência ou indiferença. Para a indagação que lhe fora feita a respeito do que faria se o seu tratamento com os esquizofrênicos falhasse, Dr. Pinel teria apenas respondido: “Se falhar, então irei apenas amá-los”.

O conferencista explanou sobre os avanços da Ciência, notadamente nas áreas das Neurociências, da Psiquiatria, da Psicologia, destacando a complexidade de nosso cérebro e suas funções, assim como de nossa psique, lembrando que, ao longo da História, várias teorias e tratamentos foram desenvolvidos e, posteriormente, abandonados por se revelarem inócuos, prejudiciais ou, ainda, superados por outros mais eficientes e humanos. 

Foi apresentada a história da descoberta do “centro de uso da palavra” (ou centro de Broca), realizada pelo médico e anatomista francês Pierre Paul Broca. 

Divaldo falou, também, sobre a importância de outra descoberta, a dos neurônios cerebrais e que, mais tarde, o conhecimento científico teria desvelado que tais estruturas poderiam se ramificar, mediante o exercício mental do indivíduo, que criaria, com isso, super-redes de comunicação neuronal e propiciaria para si uma vida mental e cerebral saudáveis, mesmo em idade avançada.

Em seguida, dissertou sobre algumas relevantes teorias e trabalhos da Psiquiatria, referindo-se às experiências hipnológicas de Jean Martin Charcot, a demonstrar o poder da mente; à descoberta de Sigmund Freud sobre a existência do subconsciente e de doenças que não teriam causas físicas, mas psiquiátricas; e à revelação de Carl Gustav Jung a respeito do inconsciente (individual e coletivo) e dos arquétipos. 

No que tange aos arquétipos, foi esclarecido que o termo tem como significado “registro antigo” e que fora primeiramente usado por São Irineu, no século II d.C. Essas informações armazenadas em nós poderiam ser desta ou de existências anteriores. Os registros negativos poderiam constituir-se conflitos a migrarem de uma existência para outra, de uma reencarnação para outra, o que estaria perfeitamente concorde com a Doutrina Espírita, conforme ensinado no capítulo 5 da obra O Evangelho segundo o Espiritismo, que trata das causas atuais e anteriores das aflições humanas.

Os conflitos, quando não devidamente tratados, transformar-se-iam em fobias, depressão etc., ensejando campo de desenvolvimento da esquizofrenia, essa doença mental crônica caracterizada por sintomas como presença de alucinações e delírios, alterações do pensamento, confusão mental, perda da capacidade de ter e demonstrar emoções, apatia etc.

A criatura humana seria, então, constituída de dois arquétipos essenciais: o Ego e o Self.  O primeiro seriam as nossas “máscaras”, a nossa personalidade, o “eu” inferior. O Self seria o Espírito imortal fadado à perfeição, que traz em si a chama divina, a luz, que ainda se encontra oculta na maioria de nós. Jung afirmaria que quase todos nós trazemos elementos negativos em nosso mundo íntimo, o que ele designou de sombra.

Em uma análise paralela entre o Espiritismo e a Psicanálise junguiana, Divaldo correlacionou a sombra com o estudo de Allan Kardec a respeito de nossas más inclinações e do esforço que o ser humano deveria realizar para vencer suas imperfeições morais. E, seguindo na mesma linha comparativa, demonstrou a concordância entre o pensamento do psiquiatra Emilio Mira y López, que, no século XX, teria afirmado que as 3 primeiras emoções desenvolvidas pela criatura humana seriam, nesta ordem, medo, ira e amor, e o ensinamento espírita, contido no texto “A Lei de Amor”, que, no século XIX, já afirmava que no início de seu processo evolutivo o Espírito só teria instintos, para mais tarde desenvolver sensações/emoções e, finalmente, o amor.

Divaldo recordou que até o início do século XX os métodos de tratamento da esquizofrenia eram cruéis. Com o progresso da Ciência, novas terapêuticas teriam surgido, como a convulsoterapia com uso de metrazol, depois a insulina, desenvolvida pelo Dr. Manfred Sakel, e a terapia do eletrochoque, proposta pelos Drs. Bini, Cerlletti e Kalinowski.

Além dos métodos físicos, começariam a ser utilizadas abordagens psicoterápicas para os tratamentos desses pacientes e, na sequência, substâncias químicas desenvolvidas em laboratórios, os chamados barbitúricos, seriam usadas nos esquizofrênicos, para suprir as deficiências dos neurocomunicadores naturais. 

Na atualidade, a esquizofrenia não seria mais uma doença incurável, do ponto de vista médico, conforme asseverou o palestrante, necessitando de tratamento de ampla abordagem: psiquiátrica, psicológica e espiritual. Isso porque, além das causas endógenas (hereditariedade, doenças infectocontagiosas etc.) e exógenas (eventos da vida, conflitos da infância, conflitos sexuais, narcisismo etc.), haveria uma terceira causa para os transtornos psiquiátricos e psicológicos (incluindo a esquizofrenia), que seriam as obsessões espirituais, isto é, as influências negativas e de longa duração de um Espírito sobre outro.

Conforme mencionado, Allan Kardec teria estudado profundamente o tema “obsessões” no capítulo XXIII da obra O Livro dos Médiuns, explicando que nem toda loucura é apenas uma doença física ou psicológica, podendo, muitas vezes, ser o resultado de uma influenciação espiritual negativa, a obsessão.

Utilizando-se da proposição da Organização Mundial de Saúde, que afirma não existirem doenças, mas doentes, foi esclarecido que é o Espírito imortal que adoece, com reflexos em seu corpo somático, por causa dos seus conflitos íntimos, das culpas que carrega, da má conduta, dos maus pensamentos, necessitando o paciente de realizar o esforço para mudar de padrão de pensamentos e de comportamentos, para melhor. 

Ressaltando um outro dado daquele mesmo órgão internacional de saúde, a respeito da pandemia mundial de depressão, que poderá elevar o suicídio ao “status” de causa de mortes número 1 no mundo, Divaldo afirmou que a crise pela qual a Humanidade passe é, em realidade, individual; trata-se da crise moral do ser humano.

A solução para esse panorama sombrio estaria na Doutrina dos Espíritos, a propor que o indivíduo empenhe todos os seus esforços para vencer suas más inclinações e realizar todo o bem que esteja ao seu alcance. Esse ensinamento estaria resumido na recomendação evangélica do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo”. O amor seria não apenas uma recomendação teológica, mas verdadeira proposta psicoterápica de profilaxia e tratamento dos transtornos psiquiátricos e psicológicos.

Evocando o pensamento de Carl Gustav Jung e Viktor Frankl, o orador falou sobre a imprescindibilidade de eleger-se um sentido psicológico profundo para a existência. Para o Espiritismo, a meta mais profunda seria a imortalidade: viver com vistas à nossa imortalidade, amando sempre e em qualquer circunstância.

Na parte final de sua conferência, Divaldo destacou a união entre a Ciência e o Espiritismo, mencionando que a Psicologia Transpessoal, a denominada Quarta Força ou Psicologia com Alma, corrobora a proposta espírita, falando-nos a respeito do ser imortal que somos e da necessidade de descobrirmos e vivenciarmos essa nossa transcendência, cultivando a alegria de viver e a saúde moral, para conquistarmos a saúde integral, a plenitude. 

Miami: a etapa final da viagem 

No dia 22 de marco, no prédio histórico do Scottish Rite Temple, em Miami, ocorreu a abertura oficial da Leal Publisher, parceira editorial da Mansão do Caminho, nos Estados Unidos da América, com sede em Miami, Florida, cujo objetivo é divulgar a mensagem espírita caracterizada pela palavra sublime de Jesus e as explicações profundas de Allan Kardec.

Unindo esforços com o Departamento Editorial e Gráfico - Livraria Espírita Alvorada - que pertence ao Centro Espírita Caminho da Redenção - Mansão do Caminho - em Salvador, Bahia, Brasil, dispõe-se hoje deste canal nos Estados Unidos, para poder facilitar a divulgação das obras mediúnicas – ou não – através de Divaldo Pereira Franco e de outros tantos seareiros encarnados e desencarnados

O evento inaugural ocorreu com a presença de 515 pessoas que lotaram o auditório do belíssimo edifício histórico do Scottish Rite Temple, situado neste endereço: 471 NW 3rd Street, Miami, 33128.

As portas se abriram às 18h e a cerimônia inaugural teve início às 20h, com excelente apresentação de gaitas de fole e a voz encantadora da soprano Rhona Gift, membro do coral de Andrea Bocceli.

Em seguida, Divaldo Franco proferiu belíssima palestra, trazendo a todos os presentes, como sempre, a palavra inspirada que o caracteriza. 


Nota do Autor: 

Colaboraram nesta reportagem, no trecho relativo a Miami, os confrades Marcelo Neto (texto) e Eduardo Dubal da Veiga (fotos).




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita