Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 26)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Que tipo de
Espíritos se
encontrava na
ala dos
sonâmbulos, um
setor do
Hospital a que o
autor se refere
nesta obra?
Irmãos
sonâmbulos é uma
expressão que
designa os
Espíritos que
chegam à
Erraticidade e
ali permanecem
por largo tempo
anestesiados nos
centros da
consciência, até
quando o Amor os
recambia à
reencarnação em
processos
dolorosos de
recuperação.
Trata-se, muitas
vezes, de
suicidas,
psicopatas,
pessoas que são
vítimas de
desencarnação
violenta e cujo
processo de
despertamento é
muito difícil em
razão das
circunstâncias
que os
arrebataram do
corpo somático.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
B. Pode haver
deformidade
perispiritual
produzida pelo
próprio
Espírito, sem
participação de
terceiros?
Sim. Na ala dos
irmãos
sonâmbulos
viam-se muitos
casos assim. Dr.
Inácio explicou:
“Difere esse
processo dos
lamentáveis
casos de
zoantropia,
licantropia e
diversos
equivalentes,
porque não são
produzidos por
hipnose
exterior, mas
por exclusiva
responsabilidade
do enfermo”. E
advertiu: “Nunca
será demasiado
insistir-se na
necessidade da
educação do
pensamento, na
disciplina das
aspirações
mentais, nas
buscas psíquicas
relevantes, a
fim de evitar-se
o enredamento
nas malhas das
próprias
construções
idealizadas”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
C. Agenor era o
nome de um dos
Espíritos que se
encontravam na
ala dos
sonâmbulos. É
verdade que ele
havia
desencarnado
antes da hora?
Sim. Além de uma
vida de
desregramento,
toda dedicada ao
prazer, Agenor
foi consumido
pelas drogas e
sucumbiu em um
distúrbio
depressivo sob a
ação mental de
vingador
inclemente, até
que, inspirado
pelos Espíritos
perversos com os
quais convivia
mentalmente,
desertou do
corpo através de
uma superdose.
Fatos assim são
catalogados como
casos de
suicídio
involuntário.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
Texto para
leitura
135. A ala
dos irmãos
sonâmbulos
– Cada paciente
com o qual
travara contato
naqueles dias,
ensejava um
vasto cabedal de
informações para
o próprio
burilamento de
Manoel P.de
Miranda. A todo
instante, em
cada um
patenteava-se a
lição que
deveríamos
insculpir a fogo
na consciência:
ninguém foge da
vida. Miranda já
se encontrava no
Hospital
psiquiátrico por
duas semanas de
enriquecimento
espiritual,
quando o dr.
Inácio lhe disse
que desejava
levá-lo às
enfermarias onde
se encontravam
os irmãos
sonâmbulos. Não
lhe era estranha
a situação em
que muitos
Espíritos chegam
à Erraticidade e
ali permanecem
por largo tempo
anestesiados nos
centros da
consciência, até
quando o Amor os
recambia à
reencarnação em
processos
dolorosos de
recuperação.
Trata-se, muitas
vezes, de
suicidas,
psicopatas,
pessoas que
haviam sido
vítimas de
desencarnação
violenta e cujo
processo de
despertamento
era difícil em
razão das
circunstâncias
que os
arrebataram do
corpo somático.
No entanto, a
forma como o
Diretor se
referiu àqueles
pacientes chamou
particularmente
sua atenção,
despertando-lhe
saudável
curiosidade.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
136. A
mente e seu
papel em nossa
vida –
Chegados ao
local, o Diretor
informou:
“Trata-se de um
lugar específico
em nosso
pavilhão onde se
encontram
amparados
inúmeros
Espíritos em
estado de
hibernação
temporária. A
mente exerce em
todos nós,
conforme é do
nosso
conhecimento, um
papel
preponderante. A
denominada mente
abstrata concebe
e o nominalismo
verbal envolve a
ideia que passa
a ter existência
real, tomando
forma e
facultando-nos
identificar
pensamentos,
coisas, pessoas,
assim como
intercambiar
mensagens.
Quando essas
formulações
possuem conteúdo
edificante,
saudável, e
aspirações
nobres,
transformam-se
em paisagens de
beleza e de
alegria,
favorecendo o
bem-estar e a
tranquilidade
naquele que as
cultiva. Da
mesma forma,
quando tendem ao
primarismo, ao
exclusivamente
sensorial,
particularmente
nas áreas do
prazer e do
mesquinho,
igualmente se
convertem em
províncias de
gozo rápido e
sombrio,
envoltas em
névoa densa, na
qual se
movimentam e se
vitalizam
arquétipos
grosseiros e
princípios
espirituais em
transição
evolutiva.
Noutras
ocasiões,
homiziam-se,
nesses redutos
mentais,
Espíritos
profundamente
asselvajados que
se alimentam
dessas emanações
deletérias em um
círculo vicioso
entre o
paciente, seus
hospedeiros e
vice-versa. Como
efeito do baixo
teor dessas
vibrações, a
mente degenera
na seleção de
mensagens e
retrai-se,
fixando-se
apenas naquelas
em que se
comprazem os
indivíduos. Com
o passar do
tempo, quase
monoidealizando-se,
o Espírito deixa
de emitir novos
influxos
psíquicos e o
perispírito
sofre alterações
correspondentes,
retraindo-se,
volvendo às
expressões
iniciais...”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
137. O
porquê das
deformidades do
perispírito
– Continuando
suas
explicações, o
Diretor
acrescentou:
“Difere esse
processo dos
lamentáveis
casos de
zoantropia,
licantropia e
diversos
equivalentes,
porque não são
produzidos por
hipnose
exterior, mas
por exclusiva
responsabilidade
do enfermo.
Nunca será
demasiado
insistir-se na
necessidade da
educação do
pensamento, na
disciplina das
aspirações
mentais, nas
buscas psíquicas
relevantes, a
fim de evitar-se
o enredamento
nas malhas das
próprias
construções
idealizadas”. Em
seguida, o grupo
desceu ao piso
inferior, no
qual se
encontrava
Ambrósio, e
adentrou uma
dentre várias
enfermarias de
maior porte.
Embora se
tratasse de uma
sala de dimensão
expressiva, com
janelas que
davam para o
exterior — mesmo
a construção se
encontrando em
uma espécie de
subsolo — eram
elas
resguardadas por
cortinas
espessas para
impedir a
claridade que
pudesse vir de
fora. Apesar da
suave luz que se
derramava do
alto, pairava no
ambiente uma
tênue névoa
pardacenta que
cobria
praticamente
todo o ambiente
acima dos leitos
bem cuidados e
paralelamente
arrumados em
ambos os lados,
mantendo uma
ampla passagem
central que os
separava. Na
parte do fundo,
Miranda observou
que havia alguns
biombos, que
recordavam os
existentes nas
enfermarias
terrestres, para
preservar a
intimidade dos
doentes.
Sentia-se também
um odor
nauseante
especial,
conforme ele já
havia também
percebido nas
visitas a
Ambrósio,
enquanto
diversas
Entidades
amigas,
vigilantes e
dedicadas,
permaneciam
silenciosas
assistindo-os a
todos. Era
possível escutar
o ressonar
pesado dos
adormecidos, com
variações de
ritmo, que
certamente
representava o
estado de torpor
ou de pesadelo
vigente em cada
qual.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
138. Uma
mãe dedicada
– Acercando-se
de um leito
assistido por
uma Senhora que
denotava
elevação
espiritual, o
Diretor saudou-a
afavelmente e
apresentou-lhe
os amigos que o
acompanhavam. “A
querida amiga —
disse dr. Inácio
com naturalidade
— é a genitora
do irmão Agenor,
que se encontra
em estado
sonambúlico, há
mais de dois
anos entre nós.
Com frequência
vem visitar o
filho e
envolvê-lo em
energias
diluentes do
casulo no qual
se encarcerou. A
sua constância e
amor têm
contribuído
eficazmente para
o refazimento do
jovem
equivocado,
lentamente
arrancando-o da
auto-hipnose que
se permitiu
embora
inconscientemente.”
A Dama, que
irradiava
cativante
simpatia,
sorriu, e
acrescentou:
“Percebo-o mais
calmo e já
consigo emitir
pensamentos que
lhe ressoam na
casa mental,
convidando-o a
sair do
esconderijo onde
se oculta”. Dr.
Ignácio
solicitou a
Miranda que se
concentrasse na
área
correspondente
ao encéfalo do
adormecido. Todo
ele fazia
recordar uma
crisálida, no
seu processo de
transformação.
Havia adquirido
estranha
aparência,
envolvendo-se em
anéis
constritores que
se movimentavam
ao ritmo
respiratório. As
formas
convencionais e
humanas haviam
sido
substituídas
pela esdrúxula
carapaça que o
envolvia
externamente,
apesar de a
respiração
eliminar a
mefítica
substância que
se adensava no
ar em contato
com a
predominante no
recinto. Tomado
de sincera
compaixão, e
mentalizando o
Mestre Jesus,
Miranda procurou
direcionar o
pensamento para
a área
correspondente
ao cérebro, e, à
medida que ali
se fixava, pôde
observar que
penetrava o
envoltório
grosseiro,
podendo
acompanhar a
luta que era
travada pelo
Espírito
mergulhado em
angústia
inominável.
Tratava-se de um
encarcerado
esforçando-se
para libertar-se
da constrição
entre blasfêmias
e imprecações,
ameaçando-se de
extermínio com
interregnos de
alucinação e
gritaria
infrene.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
139. O
caso Agenor
– Pela memória
daquele Espírito
repassavam, como
numa tela
cinematográfica,
os atos que
havia cometido e
que respondiam
pela situação
penosa em que se
encontrava,
sofrendo
inenarrável
aflição que, no
entanto, não o
conseguia
consumir.
Fixações mais
severas
repetiam-se em
terrível
continuidade,
impedindo-lhe
qualquer
disposição para
pensar ou
elaborar algum
mecanismo de
libertação.
Nessa rude
peleja surgiam
com rapidez
momentos de
calma, que
pareciam
animá-lo, para
logo recrudescer
o tormento.
Naquela visão
profunda,
apareciam as
imagens do
passado,
especialmente as
decorrentes do
uso infeliz que
fizera da
existência
dedicada ao
prazer, e, por
fim, ao mergulho
em distúrbio
depressivo sob a
ação mental de
vingador
inclemente que o
induziu ao
suicídio... Em
face da surpresa
em torno do
terrível flagelo
moral que
infelicitava o
paciente, dr.
Inácio informou:
“Agenor, o nosso
irmão, nasceu em
lar feliz,
amparado pela
abnegação
materna, que não
soube valorizar
desde os verdes
anos da
existência
física.
Convidado ao
estudo do
Evangelho no
Lar, realizado
pela mãezinha,
escusava-se,
renitente e
ingrato.
Reencarnara-se,
como é normal,
para
recuperar-se de
graves delitos,
e o Espiritismo
dever-lhe-ia ser
a diretriz de
segurança para
caminhar com
acerto,
produzindo no
bem e
recuperando-se
do mal que jazia
nele próprio.
Embora a
insistência da
genitora, pouco
assimilou das
lições espíritas
e cristãs. Logo
lhe foi
possível,
entregou-se aos
disparates
sexuais,
enveredando
pelas drogas de
consumo fácil.
Nos intervalos,
quando
despertava dos
estados de
alucinação,
encontrava a
mãezinha
vigilante a
convidá-lo à
mudança de
comportamento,
sem que os
resultados se
fizessem
eficazes. Nesse
comemos, adveio
a desencarnação
da senhora,
crucificada no
sofrimento que
ele lhe impunha,
e, logo
recuperando-se
no Além,
compreendeu que
somente o tempo
seria o grande
educador do
filho rebelde”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
140. Uma
superdose
determinou a
morte corpórea
de Agenor
– Segundo
informações do
dr. Inácio, os
anos
sucederam-se,
multiplicando
desequilíbrios
em Agenor, que
mergulhou em
prostração e
distúrbio de
melancolia, em
depressão,
consumindo mais
e mais drogas,
até que,
inspirado pelos
Espíritos
perversos com os
quais convivia
mentalmente,
desertou do
corpo através de
uma superdose.
Houve um
silêncio,
repassado de
piedade e
emoção, após o
qual o Diretor
prosseguiu:
“Pode-se
imaginar a dor
materna; mas,
submissa aos
desígnios de
Deus e
conhecedora das
leis que regem a
vida, ao invés
de censurar ou
esquecer o
filho,
empenhou-se em
prosseguir
auxiliando-o,
conseguindo
ampará-lo além
da morte com a
sua posterior
transferência
para nossa Casa,
depois de um
período de tempo
expressivo em
que o mesmo
permaneceu em
região
espiritual
correspondente à
situação de
suicida. Há
quinze anos
desencarnado,
encontra-se
entre nós,
conforme
informamos, há
vinte e cinco
meses em
processo de
recondicionamento
e reequilíbrio.
Os momentos de
calma, que foram
observados, são
já o resultado
das induções
abençoadas da
genitora, que o
tranquilizam por
breves momentos,
e que se irão
ampliando até
que sejam
conseguidos mais
significativos
reflexos de paz
no seu mundo
interior
desestruturado”.
Porque se
fizesse um
silêncio
espontâneo,
Miranda alongou
o olhar na
direção do leito
próximo, e pôde
ver outro
paciente envolto
em vibrações
escuras, que o
apresentavam
como se fosse
uma múmia
enlaçada por
ataduras
especiais que o
mantinham
imóvel. O
Diretor explicou
que se tratava
de uma
deformidade
muito especial
do perispírito,
que fora
mutilado pela
mente encarnada
com ambições
desmedidas,
produzidas
também por
terrível
incidência
obsessiva de
hábil
hipnotizador sem
a indumentária
carnal, que
induzira aquele
Espírito a
atitudes de
perversão sexual
demorada,
levando-o a
retomar a
postura larval.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
(Continua no
próximo número.)