A separação pela
cor
No dia 13 de
maio, faz 128
anos que a
Princesa Isabel,
conhecida como a
Redentora,
sancionava a Lei
Áurea, com o
objetivo de
libertar uma
raça que vivia
no mais
vergonhoso
cativeiro.
Isabel Cristina
Leopoldina
Augusta Micaela
Gabriela de
Bragança, este o
seu nome. Filha
de D. Pedro II,
nascida em 29 de
julho de 1846,
no Palácio de
São Cristóvão,
no Rio de
Janeiro, então
sede da corte
imperial, e
desencarnada em
1921, no castelo
d’Eu, nas
proximidades de
Paris, era
herdeira do
trono
brasileiro, pois
os seus irmãos
mais velhos já
haviam
desencarnado.
Ela também
sancionou a Lei
do Ventre Livre,
em 28 de
setembro de
1871, que
libertava da
escravidão os
recém-nascidos
de mulher
escrava.
Após a Lei do
Ventre Livre –
sucederam-se os
ministérios e o
penúltimo deles,
do Conselheiro
Dantas –, foi
pedida a
libertação dos
escravos
sexagenários,
que foi
conseguida com a
Lei
Saraiva-Cotegipe,
em 28 de
setembro de
1885.
A campanha
abolicionista
foi impulsionada
e mantida pela
Sociedade
Brasileira
Contra a
Escravidão,
fundada por
André Rebouças,
pela
Confederação
Abolicionista,
sob a
presidência de
João Clapp, no
Rio de Janeiro,
e por
organizações
consideradas
clandestinas e
até subversivas,
como o Clube do
Capim, de José
Mariano, em
Recife, e os
Caifases, de
Antônio Bento,
em São Paulo.
Advogados,
juristas,
profissionais
liberais,
estudantes e o
povo engrossavam
uma só fileira,
em favor da
abolição da
escravidão.
Também os
oficiais do
Exército que, em
outubro de 1887,
sob a
presidência do
marechal Deodoro
da Fonseca, após
reunião no Clube
Militar, fizeram
veemente apelo à
princesa
regente, para
que não
consentisse que
soldados fossem
instrumentos da
captura dos
negros que
fugiam da
escravidão.
Figuras de peso
inscreveram seus
nomes no
movimento, como
Rui Barbosa,
José do
Patrocínio (“O
Tigre da
Abolição”), Luiz
Gama, Joaquim
Nabuco, Castro
Alves.
O acontecimento
teve a
colaboração e a
inspiração da
Espiritualidade
Maior. Humberto
de Campos, no
livro Brasil,
Coração do
Mundo, Pátria do
Evangelho (FEB),
psicografia de
Francisco
Cândido Xavier,
diz: “Junto do
Espírito
magnânimo da
Princesa,
permanece Ismael
com a bênção de
sua generosa e
tocante alegria.
Foi por isso que
Patrocínio,
intuitivamente,
no arrebatamento
do seu júbilo,
se arrastou de
joelhos até os
pés da Princesa
piedosa e
cristã. Por toda
parte,
espalharam-se
alegrias
contagiosas e
comunicativas
esperanças”.
Foi grande a
contribuição dos
espíritas.
Adolfo Bezerra
de Menezes
(29/8/1831 –
Riacho do
Sangue, CE –
11/4/1900, RJ)
apresenta um
estudo datado de
1869, intitulado
“A escravidão no
Brasil e as
medidas que
convém tomar
para extingui-la
sem dano para a
Nação”.
Anália Franco
(1/2/1856,
Resende, RJ –
13/2/1919, SP)
teve
conhecimento de
que os filhos de
escravos,
declarados
libertos pela
Lei do Ventre
Livre, estavam
destinados à
Roda local, na
Santa Casa de
Misericórdia,
onde muitas mães
colocavam seus
filhos, quando
não podiam ou
não queriam
criá-los, pois
eram coagidas a
abandoná-los
ali. Apesar de
libertos, não
podiam ficar com
os seus pais.
Expulsos das
fazendas, onde
eram
considerados
impróprios para
o trabalho,
perambulavam
mendicantes,
pelas estradas e
pelas ruas. Não
eram
“negociáveis”;
nem os seus
pais, pois os
que adquiriam
escravos davam
preferência às
escravas que não
tinham filhos no
ventre.
A grande
missionária do
Espiritismo
apelou, então,
para as mulheres
fazendeiras,
propondo trocar
o seu cargo de
professora na
capital por
outro no
interior, a fim
de socorrer as
crianças
necessitadas.
Ela conseguiu
uma casa num
bairro de uma
cidade do norte
de São Paulo,
cedida por uma
fazendeira
abastada, que
impôs uma
condição: que
não houvesse
“promiscuidade
de crianças
brancas e
negras”. Amália
Franco reagiu a
esta atitude
racista. Recusou
a gratuidade do
local e
estabeleceu um
aluguel.
Acolhidas com
carinho, ela
chamava as
crianças de
“meus alunos sem
mães”.
Antônio
Gonçalves da
Silva, o Batuíra
(19/3/1839,
Freguesia de
Águas Santas,
Portugal –
22/1/1909, SP),
outro grande
vulto do
Espiritismo,
acolhia na sua
casa, na capital
paulista,
escravos
foragidos,
contribuindo
para que
alcançassem a
alforria,
mediante
pagamento aos
seus senhores.
O Livro dos
Espíritos, de
Alan Kardec,
registra, no
capítulo X, item
II – Escravidão
–, que “a lei
humana que
estabelece a
escravidão é uma
lei contra a
Natureza, pois
assemelha o
homem ao bruto e
o degrada moral
e fisicamente”.
E mais: (...)
“Os homens têm
considerado, há
muito, certas
raças humanas
como animais
domesticáveis,
munidos de
braços e de
mãos, e se
julgam no
direito de
vender os seus
membros como
bestas de carga.
Consideram-se de
sangue mais
puro.
Insensatos, que
não enxergam
além da matéria!
Não é o sangue
que deve ser
mais ou menos
puro, mas o
Espírito”.
Hoje, é
inadmissível que
ainda se
discrimine o
semelhante pela
cor da pele, ou
por qualquer
outro motivo.
Isto ainda
acontece devido
à inferioridade
do homem. No
mesmo capítulo,
mesmo item, O
Livro dos
Espíritos
diz: (...) “A
escravidão é um
abuso da força e
desaparecerá com
o progresso,
como pouco a
pouco
desaparecerão
todos os
abusos”.