A leitora Carmem Ivonette
Monteiro, de Belo Horizonte
(MG), encaminhou-nos por
meio de mensagem publicada
na seção de Cartas desta
mesma edição as seguintes
perguntas:
-
Por que é importante
evangelizar nossos
filhos?
-
Quando a evangelização
infantil deve ser
iniciada?
-
Onde a evangelização da
criança deve ser
realizada?
O tema suscitado pela
leitora tem sido objeto
nesta revista de inúmeros
artigos, mas, dada a sua
importância, é sempre bom
voltar a ele, buscando dessa
forma esclarecer as pessoas
que se interessam realmente
em se aprofundar no
conhecimento da doutrina
espírita.
Eis a nossa resposta, na
ordem em que as questões
foram apresentadas:
a) Por que é importante
evangelizar nossos filhos?
Allan Kardec escreveu logo
na Introdução do seu livro
O Evangelho segundo o
Espiritismo:
“Podem dividir-se em cinco
partes as matérias contidas
nos Evangelhos: os atos
comuns da vida do Cristo; os
milagres; as predições; as
palavras que foram tomadas
pela Igreja para fundamento
de seus dogmas; e o
ensino moral. As quatro
primeiras têm sido objeto de
controvérsias; a última,
porém, conservou-se
constantemente inatacável.
Diante desse código divino,
a própria incredulidade se
curva. É terreno onde todos
os cultos podem reunir-se,
estandarte sob o qual podem
todos colocar-se, quaisquer
que sejam suas crenças,
porquanto jamais ele
constituiu matéria das
disputas religiosas, que
sempre e por toda a parte se
originaram das questões
dogmáticas. Aliás, se o
discutissem, nele teriam as
seitas encontrado sua
própria condenação, visto
que, na maioria, elas se
agarram mais à parte mística
do que à parte moral, que
exige de cada um a reforma
de si mesmo.
Para os homens, em
particular, constitui aquele
código uma regra de proceder
que abrange todas as
circunstâncias da vida
privada e da vida pública, o
princípio básico de todas as
relações sociais que se
fundam na mais rigorosa
justiça. E, finalmente e
acima de tudo, é o
roteiro infalível para a
felicidade vindoura, o
levantamento de uma ponta do
véu que nos oculta a vida
futura. Essa parte é a que
será objeto exclusivo desta
obra.” (O Evangelho
segundo o Espiritismo,
Introdução, parte I.)
(Grifamos.)
O ensino moral contido nos
Evangelhos é, segundo o
codificador da doutrina
espírita, o roteiro
infalível para a felicidade!
Ora, transmitir a uma
criança esse ensino e
educá-la convenientemente
para que o assimile e
pratique, eis uma
providência sobre a qual
nada mais é preciso dizer,
se é que desejamos para os
nossos filhos que eles
trilhem na vida o caminho da
felicidade.
2. Quando a evangelização
infantil deve ser iniciada?
Ela deve ser iniciada na
infância, um período da
existência corpórea que
existe exatamente para isso,
para que possamos preparar
nossos filhos com relação às
lutas, às peripécias e aos
desafios que enfrentarão em
sua nova experiência
reencarnatória.
A respeito desse período,
Emmanuel escreveu: "A
juventude pode ser comparada
a esperançosa saída de um
barco para uma longa viagem.
A velhice será a chegada ao
porto. A infância é a
preparação".
Aprendemos com o Espiritismo
que durante a infância o
Espírito “é mais acessível
às impressões que recebe,
capazes de lhe auxiliarem o
adiantamento, para o que
devem contribuir os
incumbidos de educá-lo".
(Cf. O Livro dos
Espíritos, item 383.)
Corroborando esse
pensamento, Emmanuel
asseverou:
"O período infantil é o mais
sério e o mais propício à
assimilação dos princípios
educativos. Até os sete
anos, o Espírito ainda se
encontra em fase de
adaptação para a nova
existência. Ainda não existe
uma integração perfeita
entre ele e a matéria
orgânica. Suas recordações
do plano espiritual são, por
isto, mais vivas,
tornando-se mais suscetível
de renovar o caráter e
estabelecer novo caminho.
Passada a época infantil,
atingida a maioridade, só o
processo violento das provas
rudes, no mundo, pode
renovar o pensamento e a
concepção das criaturas,
porquanto a alma encarnada
terá retomado o seu
patrimônio nocivo do
pretérito e reincidirá nas
mesmas quedas, se lhe faltou
a luz interior dos sagrados
princípios educativos." (O
Consolador, pergunta
109).
3. Onde a evangelização da
criança deve ser realizada?
Ela deve realizar-se no lar,
que será sempre, de acordo
com o Espiritismo, a melhor
escola para a preparação das
almas encarnadas. Nesse
sentido, o apoio da
instituição religiosa, seja
ela espírita, católica ou
protestante, terá o caráter
de complementação, o que
será sempre importante para
todos, pais e filhos.
A esse respeito escreveu
Santo Agostinho:
"Oh! espiritistas, percebei
o grande papel da
Humanidade; compreendei que,
quando produzis um corpo, a
alma que nele se encarna vem
do espaço para progredir.
Cumpri com os vossos deveres
e empregai o vosso amor em
aproximar essa alma de Deus.
Essa a missão que vos foi
conferida e da qual
recebereis a recompensa, se
a cumprirdes fielmente." (O
Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. 14,
item 9.)
Emmanuel ensinou-nos também:
"As noções religiosas, com a
exemplificação dos mais
altos deveres da vida,
constituem a base de toda
educação, no sagrado
instituto da família". (Cf.
O Consolador,
pergunta 108.)
Os resultados desse esforço,
quando realizado com boa
vontade e perseverança, não
tardam a aparecer, como o
próprio Allan Kardec
declarou publicamente em uma
de suas palestras:
"É notável verificar que as
crianças educadas nos
princípios espíritas
adquirem uma capacidade de
raciocinar precoce que as
torna infinitamente mais
fáceis de serem conduzidas.
Nós as vimos em grande
número, de todas as idades e
dos dois sexos, nas mais
diversas famílias onde fomos
recebidos e pudemos fazer
essa observação
pessoalmente. Isso não as
priva da natural alegria,
nem da jovialidade. Todavia,
não existe nelas essa
turbulência, essa teimosia,
esses caprichos que tornam
tantas outras insuportáveis.
Pelo contrário, revelam um
fundo de docilidade, de
ternura e respeito filiais
que as leva a obedecer sem
esforço e as torna
responsáveis nos estudos." (Viagem
Espírita em 1862, pág.
30.)
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