Ogivas
nucleares,
política
brasileira e a
Paz em nós
"Quanto mais se
recorre à
violência, mais
longe se está da
Verdade. Pois
lutando contra o
inimigo que se
procura, no
exterior,
negligencia-se
o
inimigo
interior." –
Mahatma Gandhi.
Ontem decidimos
rever o aclamado
filme sobre a
vida de Gandhi.
A postura do
Mahatma me
inspira, desde
sempre.
Em determinado
trecho, o líder
hindu diz que
nos momentos em
que se via
preocupado,
buscava
relembrar que o
amor e a verdade
sempre
triunfaram, ao
longo da
história. Que
mesmo os grandes
impérios, assim
como homens de
poder, ligados
ao crime, ao
mal, um dia
caíram, pois
nada é mais
sagrado e
permanente que o
amor, e que
devemos
trabalhar sob os
princípios da
não violência,
sendo a mudança
que desejamos
ver no mundo.
Realmente é
preciso
desenvolver este
olhar mais
amplo, real,
confiante.
Aqueles que
observam um
único recorte da
realidade tendem
à desistência,
ao desespero.
E é com este
espírito que
despertei hoje,
apesar da
delicada
realidade que
nos envolve, com
ameaças e
vivências de
guerras, seja
entre povos,
pessoas ou um
único ego
(contra ele
mesmo).
É preciso força
e clareza de
pensamento para
não cairmos nas
tentações do
nosso ego
transitório.
Gandhi sabia
disso.
Desde ódios
partidários
(vide a situação
brasileira) até
ataques mortais
pelas ruas das
cidades, o que
vemos são
expressões da
ignorância sobre
a real natureza
de nossas almas.
Como nos ensinou
Jesus, somos
deuses e devemos
fazer brilhar a
nossa Luz, porém
acreditamo-nos
em trevas
(interiores e
exteriores). E
como Deus não
viola nossa
forma de pensar,
continuamos
alheios a esta
verdade
libertadora.
Mesmo a relativa
paz entre países
está assentada
em ameaças
bélicas. E os
números não são
animadores,
realmente.
Segundo
estimativas,
existem, hoje,
17.000 ogivas
nucleares nas
mãos de diversos
países, dentre
eles, a Rússia,
EUA, Israel,
Coreia do Norte,
França, China,
Índia e Reino
Unido. O
Paquistão tem um
número de ogivas
superior ao de
Israel (entre 90
e 110 ogivas).
Se duas destas
bombas - uma
lançada em
Hiroshima e
outra em
Nagasaki -
fizeram tantos
estragos, e com
uma tecnologia
muito inferior,
a pergunta é: -
Quantas vezes
poderíamos
destruir a
Terra, hoje?
E se a questão é
a paz assentada
no poder bélico,
podemos
perguntar: –
Qual o limite
confiável entre
a sanidade e a
loucura de um
governo, de um
ditador, ou
mesmo de um
povo? Temos como
exemplo a
Alemanha nazista
que, sob
influência quase
hipnótica,
acreditou na
supremacia de
sua "raça",
reduzindo a pó
milhões de seres
humanos, em
tempos não tão
distantes.
Estudiosos da
Segunda Grande
Guerra alertaram
que o Japão já
estaria
tecnicamente
vencido, sendo
desnecessária a
utilização das
bombas na
população civil.
Um dos críticos
proeminentes dos
bombardeios era
Albert Einstein,
aliás.
Leo Szilard, um
cientista que
tinha um papel
fundamental no
desenvolvimento
da bomba
atômica,
comentou: “Se
tivessem sido os
alemães a lançar
bombas atômicas
sobre cidades ao
invés de nós,
teríamos
considerado esse
lançamento como
um crime de
guerra, e
sentenciado à
morte e
enforcado os
alemães
considerados
culpados desse
crime no
Tribunal de
Nuremberg”.
Isso nos faz
imaginar que não
existem mocinhos
ou bandidos em
se tratando de
governos, mas
jogos de
interesses que
podem desaguar
em atos de
loucura.
Mesmo após a
"amostra
medonha", no
Japão de 1945
(140 mil mortos
em Hiroshima e
80 mil em
Nagasaki, sendo
algumas
estimativas
consideravelmente
mais elevadas
quando são
contabilizadas
as mortes
posteriores
devido à
exposição à
radiação),
produzimos
armamentos cada
vez mais letais.
Tempos atrás
nossos olhares
se voltaram para
o Irã e Israel
– os
então “bola da
vez”, na
estressante
discussão “ataco
se fizerem
bombas/ o
enriquecimento é
para fins
pacíficos”.
Depois ficamos
tentando nos
equilibrar no
contexto "Coreias",
sem saber no que
isso tudo iria
dar: se iria
prevalecer o bom
senso ou a
loucura, e se,
no caso de surto
norte-coreano,
teríamos algo a
fazer além de
socorrer vítimas
e chorar pelos
mortos e
sofredores.
Caberia ainda
outra pergunta:
Depois de Kim
Jong-um qual
será o próximo
líder a desafiar
a “paz”? Será
algum Aiatolá
enceguecido ou,
quem sabe, um
radical de
direita, tomado
de fúria? Ou,
ainda, algum
‘nobre’ país
ocidental, com
suas
necessidades
econômicas
vigentes,
obesamente
mantidas em seu
berço
esplêndido?
Enquanto isso,
abaixo do
equador, digito
estas linhas
acreditando numa
única saída para
o que
construímos até
aqui:
trabalharmos
como pequenas
formigas, em
prol da paz. E
sim, somos
capazes de mudar
tudo.
O único caminho
para revertermos
este crítico
estado das
coisas é o da
conscientização,
da cooperação,
do amor.
Conceitos
trazidos há
tantos milênios,
hoje ainda tão
necessários.
Lições de
Gandhi, Jesus,
Buda e muitos
outros que nos
recomendaram a
não violência
como postura de
vida, em todos
os lugares,
sempre.
Cabe a nós não
permitirmos que
o mundo se
transforme em um
grande cogumelo
de fumaça e
destruição.
Também cabe a
nós não
realizarmos a
profecia da
hecatombe
individual ou em
nossos lares,
com nossos
gritos ou
pensamentos
agressivos. Do
micro ao macro
vamos dando
nossa
contribuição,
seja nesta ou
naquela direção.
Sim, eu sei que
não podemos
decidir pela
ação dos
líderes, mas
podemos decidir
por nossas
próprias ações,
trazendo a paz
em nós (a mais
difícil de se
obter, aliás),
no lar, no
trânsito, nos
templos, onde
estivermos. Essa
á a nossa parte.
A fundamental,
eu diria.
Conhecermo-nos
para fazer
brilhar a paz
que já habita
nossas almas,
momentaneamente
obstruída por
aprendizagens
equivocadas, ao
longo dos
milênios.
Podemos decidir
por desligar a
TV ruidosa,
bloquear um
assunto menos
edificante,
acalmar os
ânimos dos
desorientados...
Uma prece, um
olhar, um
abraço, um
agradecimento...
Optando por
caminhos mais
tranquilos, a
paz nasce de
pequenas
decisões,
diárias, no
cotidiano.
E podemos ajudar
outros
caminhantes da
Terra nesta
conscientização,
nesta trilha
pelo
empoderamento.
Já diziam os
anarquistas
saltimbancos, na
peça escrita por
Chico Buarque de
Holanda, que:
“Todos juntos
somos fortes/
Somos flecha e
somos arco /
Todos nós no
mesmo barco/ Não
há nada pra
temer”.
E, como que a
alertar para uma
grande verdade,
em seus versos
considerados
subversivos,
arrematou:
“E no mundo
dizem que são
tantos
Saltimbancos
como somos
nós!”.