LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
|
|
Quadro-negro
Cada
discípulo terá sua hora
do aproveitamento
individual
“(...) Todos nós
atravessamos o período
da fome de informações
acerca de Cristo, mas
aderindo às
interpretações do
ensinamento cristão a
que nos ajustamos, não
raro, nos confiamos
apaixonadamente às
manifestações
superficiais de nossa
fé.”
– Emmanuel. ¹
Participamos de
assembleias em templos
materiais os mais
diferentes, dependendo
da nossa crença, e isso,
sem dúvida, torna digno
nosso pensamento
religioso; também
integramos grupos que
cuidam de propagar as
ideias com as quais
concordamos, e isso
mostra o nosso cuidado
com os princípios que
nos propomos seguir;
procuramos mostrar,
através de hábitos
exteriores, às vezes em
assuntos de alimentação,
por exemplo, o jejum de
algum alimento, e de
rituais em ocasiões
especiais, o nosso
propósito de testemunhar
publicamente a nossa
forma de pensar, o que
reforça nossa
sinceridade. E ainda,
muitas vezes, procuramos
demonstrar, de outras
maneiras, as nossas
escolhas religiosas...
Tudo isso – como
manifestações externas
que lembram o nome de
Jesus e se reportem, de
alguma forma, às lições
benditas que nos deixou
– é recurso precioso,
transformado em sugestão
edificante para nosso
caminho evolutivo.
O Apóstolo Paulo, em
carta ao povo de Roma,
lembra-nos que “se
alguém não tem o Cristo,
esse tal não é d`Ele”.
É preciso reconhecer,
então, que a palavra do
Evangelho é demasiado
clara ao proclamar a
necessidade do Cristo em
nossa vida, através de
sentimentos, de ideias,
de ações e de condutas
condizentes com a Sua
doutrina.
E por que nos lembrarmos
das palavras de Paulo de
Tarso? Quantas vezes
pregamos o Evangelho,
atendendo a interesses
demagógicos! Quantas
vezes queremos o Cristo
para que o Cristo nos
sirva! Quantas vezes
cultivamos a oração,
pretendendo subornar a
Justiça Divina!
Essas atitudes de
“demonstração e
expressão de fé, à caça
de vantagens pessoais,
no imediatismo das
gratificações terrenas”²
têm nos levado ao
renascimento físico,
retornando inúmeras
vezes à matéria,
trazendo a consciência
pesada de culpas, como
um lugar repleto de lixo
e sucata de existências
anteriores, impedindo de
nos abrirmos para o Sol
da vida, para a Bondade
Divina, para Deus, Pai
Criador.
Para meditarmos e nos
ocuparmos dos convites
que Jesus nos faz, com
vistas à renovação, é
imprescindível conhecer
os princípios
evangélicos. Porém, mais
que isso, é fundamental
que exemplifiquemos com
boas obras,
independentemente das
doutrinas que aceitemos,
a fim de que sejamos
cartas-vivas do
Evangelho, nas palavras
do Apóstolo Paulo de
Tarso, do aproveitamento
pessoal do qual somos
manifestos.
Com muita propriedade,
Emmanuel, estimado
benfeitor espiritual,
diz o seguinte: “Quanto
nos seja possível,
estudemos as lições do
Senhor e reflitamos em
torno delas. Aprendamos,
no entanto, a
praticá-las,
traduzindo-as em ação,
no cotidiano, para que a
palavra não se faça
vazia e a fé não seja v㔳.
Tudo isso é o chamamento
aos testemunhos que
teremos de dar no
momento aprazado.
“Cada discípulo terá sua
hora de revelação do
aproveitamento
individual.”³
É como se tivéssemos,
ainda, em uma sala de
aula, diante do
quadro-negro, sendo
inquirido pelo
professor. Ali, naquele
momento, teremos que
mostrar a ele o quanto
aprendemos com suas
lições. Ali, nenhum dos
companheiros da sala
poderá nos ajudar...
Diante do quadro-negro,
zona escura para nossos
olhos materiais, o giz
representará, fielmente,
a nossa posição firme no
aprendizado ou nossa
insegurança, no exemplo
de Emmanuel. O nobre
mentor traz para nós,
ainda, uma imagem
bastante sugestiva ao
afirmar que muitos
aprendizes fracassam
porque não sabem
multiplicar os bens dos
quais se fizeram
depositários, e nem
dividi-los.
Ignoram como encontrar a
luz, no meio das trevas
e acabam somando os
conflitos que resultam
em revides, rancores,
mágoas, doenças físicas
de todas as espécies.
Esquecidos de que Jesus
salientou o amor por
máxima em todas as
situações do Seu
apostolado, entregam-se
à devolução das
injúrias, na mesma
moeda, alimentados pelos
melindres, pelas mágoas,
desprezando o
entendimento, o perdão e
a serenidade.
Naturalmente, Jesus não
se alegra de ver os
homens mergulhados em
sofrimento, mas também
sabe da necessidade das
provas e dos obstáculos
para o crescimento
desejado.
Se na escola os alunos
são submetidos a provas
de aproveitamento,
capacitação, de testes
de inteligência, também
o Evangelho oferece
situações semelhantes.
Por exemplo:
1 – Sabemos que vivemos
em um planeta bastante
materializado, com
corpos ainda grosseiros,
o que acarreta, sempre,
inúmeras dificuldades
para nós.
2 – Problemas esses que
são inerentes à própria
existência, e por isso
não podemos nos tornar
criaturas tristes,
desanimadas, sombrias,
como quem está sempre à
espera de padecimentos,
fixados na ideia de que
quanto mais sofrimento,
mais chances de ir para
o Céu.
3 – O planeta está
repleto de tentações
fantasiosas,
necessidades ilusórias e
não podemos chamar Jesus
para que nos ajude a
continuar a viver de
ilusões.
Mas, quando somos
chamados para seguir o
Mestre, é para que
aprendamos a executar a
tarefa em favor da
Esfera Maior, sem nos
esquecermos de que o
serviço começa em nós
mesmos através da
transformação dos nossos
sentimentos,
pensamentos, palavras e
ações, na busca de
sermos melhores hoje do
que fomos ontem.
Lembra-nos,
judiciosamente, Emmanuel
que “quando o Mestre
convida alguém ao Seu
trabalho, não é porque
chore em desalento ou
repouse em satisfação
ociosa. Se o Senhor te
chamar, não te esqueças
de que já te considera
digno de testemunhar”.
4 Portanto,
fugir ao convite, é
comprometer ainda mais a
presente encarnação, com
acréscimos de débitos
para as vindouras.
Em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
capítulo V,
“Bem-Aventurados os
Aflitos”, encontramos o
seguinte pensamento: “O
fardo é proporcional às
forças, como a
recompensa será
proporcional à
resignação e à coragem”.
A atitude de fuga ante
os compromissos
assumidos ainda na
espiritualidade antes de
reencarnarmos, e apesar
do esquecimento
temporário, na matéria,
só tornará mais penosas
nossas existências:
atual e futuras.
Apesar das provas às
vezes ásperas, dos
obstáculos aparentemente
intransponíveis, que nos
obrigam a pensar no
porquê de suas presenças
em nossa existência,
Deus precisa nos
encontrar executando as
tarefas que nos
competem, para poder nos
ajudar na hora do
testemunho. Poderemos
ser ou estar limitados
nesse momento, mas não
poderemos ser ou estar
ociosos física e
intelectualmente. Agora,
se permanecermos
atentos, agradecendo a
Deus as oportunidades
oferecidas, Seus
Mensageiros encontrarão,
na própria tarefa, os
meios de nos socorrer.
Quando conscientes e não
mais iludidos pensamos
na nossa realidade
íntima e na que nos
cerca a existência,
damo-nos conta da sua
rudeza. Todavia, Deus é
Misericórdia Infinita e
não nos deixa sem Seu
amparo, ainda que muitas
vezes nos sintamos
abandonados.
Nossa fé vacilante não
nos permite entender que
o não aos nossos desejos
e caprichos é a forma
que o Pai tem de nos
dizer: “Pare, pense,
escolha melhor...”
As provas que
experimentamos hoje é o
resultado das escolhas
enganosas de ontem.
Hoje, mais sábios, já
aprendemos escolher com
mais responsabilidade. E
o que isto significa?
Significa que nosso
futuro desenha-se
radioso à nossa frente.
Cada vez mais
rapidamente e com mais
coragem vamos vencendo
todos os obstáculos, e
nos preparando para o
cimo da felicidade;
felicidade que tanto
desejamos, e que nos
chegará por méritos
próprios.
As provações espinhosas
vão ficando para trás na
medida em que, mais
lúcidos das nossas
obrigações ante as leis
divinas, vamos
cumprindo, dentro de
nós, com alegria, as
palavras do Excelso
Amigo, Nosso Senhor
Jesus Cristo: “Ama
teu próximo como a ti
mesmo”, não importa
onde, não importa
quando, não importa
quem.
Bibliografia:
1 – XAVIER, F. C. -
Palavras de Vida Eterna
– ditado pelo Espírito
Emmanuel – 20ª edição,
Edição CEC, Uberaba/MG –
1995 – lição 160.
2 – idem – lição 159.
3 – XAVIER, F. C. -
Vinha de Luz –
ditado pelo Espírito
Emmanuel – 14ª ed., FEB,
Rio de Janeiro/RJ – 1996
– lição 114.
4 – XAVIER, F. C. –
Caminho, Verdade e Vida
– ditado pelo Espírito
Emmanuel – 17ª ed., FEB,
Rio de Janeiro/RJ –
1997, lição 71.