GUARACI DE LIMA
SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora,
MG
(Brasil)
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Moção ecológica
Não se pode mais
esperar. O planeta
necessita de uma
intervenção mais
contundente por parte
dos seus habitantes. Nós
espíritas temos que nos
engajar neste assunto.
Sabemos que nosso mundo
é um entre zilhões de
outros tantos. Contudo,
é o que Deus nos
ofereceu para
praticarmos nossa
evolução neste presente.
Evoluir conscientemente
é saber onde colocar os
pés porque direcionados
pela cabeça que pensa e
que pode decidir pelo
melhor. O que vemos,
contudo, é um descaso
enorme por parte dos
espiritistas. Necessário
se torna que os Centros
Espíritas mantenham em
suas grades de estudos e
palestras momentos
direcionados à situação
do nosso planeta.
Vivemos emaranhados,
afirma a física
quântica. Assim reagimos
uns sobre os outros de
tal maneira que as ações
imprecatadas por um
indivíduo forçosamente
vai interferir em outro
e assim sucessivamente,
atingindo o meio
ambiente. Como disse
Fritjov Capra, é a Teia
da vida e nela estamos
inseridos. Sabemos que
desencarnaremos e
reencarnaremos. Sabemos
que a natureza pode
sofrer a ação de forças
superiores e se
autorrecuperar, sabemos
que Jesus está no
comando e sabe de
antemão os futuros da
Terra. Mas, e nós?
Ficaremos de braços
cruzados vendo a barca
passar? Vamos pensar
seriamente neste assunto
porque outros irmãos que
nem sabemos se estão
ligados a religiões,
estão seriamente
preocupados com avanço
dos acontecimentos
consumistas e com a
depredação da natureza,
mostrando que o homem,
egresso dela, não está
sabendo como se conduzir
perante ela.
Naquele passado, como
irracionais, fomos
acolhidos e sustentados
por essa mesma natureza
que agora insistimos por
danificar no afã de
suprir nossos
incontroláveis desejos
tecnológicos,
industriais e
consequentemente
capitalistas. Diz-nos
Renato Nunes, doutor em
Filosofia pela PPGF-UFRJ:
“O progresso material é
indissociável da
degradação da natureza,
e seria hipocrisia
talvez abrirmos mão das
vantagens conquistadas
mediante tal dominação
sobre o meio ambiente em
nome de um estado
idílico de harmonia
vital, quiçá existente
em eras remotas”. Nossos
rios limpos, nossas
árvores exuberantes,
nossas matas virgens,
nosso mundo feliz.
Sonho? Não. Realidade
que já aconteceu e que
estamos perdendo por
conta de ações nefastas.
Jared Diamond,
biólogo evolucionário, fisiologista, biogeógrafo,
nos faz sérias
advertências através do
seu livro Colapso. Ele
estuda civilizações
altaneiras do passado e
que se perderam por não
planejarem ações que
perpetuassem seus
domínios. Cita o Império
Romano, os Anazasis,
importante tribo
indígena do norte dos
Estados Unidos, os
habitantes da Ilha de
Páscoa, entre outros.
Todas elas com
populações prósperas,
mas que por conta das
imprudências
administrativas e
sociais acabaram por
ruir. Quanto ao Império
Romano ele comenta que
os bárbaros várias vezes
tentaram invadir o
Império e foram
derrotados e por que,
num momento posterior
tornaram-se fortes o
suficiente para vencer e
destruir o que parecia
ser indestrutível?
Segundo ele, o poder, a
ganância e as
imoralidades
enfraqueceram os
exércitos e lá se foi
pelo ralo o que era
difícil de imaginar que
teria um fim e,
convenhamos, um fim
muito trágico de mortes,
destruições e desolações
tanto físicas quanto
morais e sociais.
O interessante é que as
advertências surgem a
todo instante. Vejamos
as reflexões do filósofo
e sociólogo alemão Max
Horkheimer que na década
de setenta do século
passado já dizia: “O
avanço nas
possibilidades técnicas
inerentes ao Iluminismo
faz-se acompanhar de um
processo de
desumanização. Deste
modo, o progresso ameaça
reduzir a nada o próprio
objetivo que
presuntivamente deveria
realizar – a ideia do
homem”. Talvez não
soubéssemos entender o
que nossos irmãos
iluministas desejaram
dizer: avancem em suas
consciências, busquem a
razão, saiam das fieiras
da ignorância. Mas o
recado parece não foi
bem entendido e o que
era para ser um estado
libertador tornou-se um
processo de escravidão
ao consumismo.
Precisamos considerar
que ao retirarmos um bem
da natureza a realocação
pode ser demorada ou nem
mesmo existir. Até
quando vamos explorar
nossas jazidas de
minério, nosso petróleo,
nossas árvores, nossos
rios tornando-os
condutores de detritos,
transformando-os em
esgotos? E os nossos
mares cheio da
improbidade humana que
lança em suas águas
toneladas de lixos que
poderiam estar em usinas
de reciclagens? Ah
homem! Onde está sua
consciência ecológica?
Até quando o planeta vai
suportar suas
incoerências? O Mundo de
Regeneração não vai
despontar como um Jardim
do Éden renovado por
Deus. Nosso Pai não
coaduna com erros
conhecidos e praticados
por seus filhos,
constantemente
alertados. É preciso
analisar que naquele
futuro estaremos
colhendo flores, frutos
ou harmonia se as
semearmos neste
presente. E olha que não
vamos deixar o Planeta
para os nossos filhos ou
netos e sim para nós
mesmos num futuro quando
aqui retornarmos. Isto
parece que tem passado
despercebido dentro das
nossas reflexões
reencarnacionistas.
“Uma consciência
ecológica genuína
pressupõe que exploremos
parcimoniosamente a
biosfera para que esta
mantenha seu equilíbrio,
levando em consideração
que toda forma de vida,
por si só, já ocasiona
modificações na
natureza.” – diz-nos
ainda Renato Nunes.
Fala-se em
desenvolvimento
sustentável. Ideologia
que nos coloca próximos
à possibilidade de
conciliar produtividade
capitalista com
disposições ecológicas,
reflete ainda Renato
Nunes. E por que
produzir tanto? Para
satisfazer o anseio de
consumo, diz-nos os
peritos em mercadologia.
Os homens necessitam
comprar. Buscam
avidamente por produtos
novos. Querem novidades
e o capitalismo atende e
a natureza sofre. Este é
o ciclo das intempéries.
Compra-se para descartar
logo em seguida. Os
eletrônicos que deveriam
durar um bom tempo, são
abandonados quase que no
mês seguinte da sua
aquisição. Um detalhe a
mais e já o consumidor
quer adquirir outro, o
mais novo e mais
sofisticado. E pagam
caro por isso. Suas
mentes que deveriam
auxiliá-los passam a
comandá-los incitando-os
a comprar e comprar
sempre e muito. E a
moeda? E a cédula? São
apenas jogos
convencionais que os
seres interpretam como
de valor numérico e
poder de aquisição.
Gino Giacomini,
brasileiro e doutor em
Comunicação Social, nos
dá elementos para
intensas reflexões. Diz
ele: “O consumismo, mais
que uma desordem
psicossocial, afeta o
sistema ambiental na
medida em que se apoia
na posse e na exploração
incontida de espaços e
recursos finitos. Se
fossem alocados todos os
recursos para o
atendimento das
necessidades humanas,
que são infinitas, o
colapso ambiental seria
irreversível”. Podemos
afirmar que o consumista
de carteirinha riria da
proposta ecológica do
reaproveitamento ao
máximo dos bens
possuídos. Isso evitaria
o desperdício muitas
vezes inconsequente.
Reciclar deve fazer
parte da agenda de todos
nós. E o lixo? Você os
separa? Há o lixo
orgânico e o reciclável.
Quantas toneladas/dia? O
Planeta precisa de todos
nós, da nossa
consciência ecológica
muito antes que
consumista.
Arthur Findlay, inglês,
escritor e importante
figura na história do
Espiritismo do velho
continente, escreveu um
livro que foi traduzido
por Guillon Ribeiro,
editado pela FEB em
1981. O título do livro
é: No Limiar do Etéreo.
Sobrevivência à Morte
Cientificamente
Explicada. Naquela Obra
e no capítulo nove vamos
encontrar: “Os ambientes
do mundo etéreo são, em
grande parte,
condicionados pelos
pensamentos dos seus
habitantes, de forma
que, por exemplo, suas
casas e modo de viver
são, em larga escala,
obra deles”. Ao que
parece, lá a consciência
ecológica é normal, é
fundamento, é natural.
Sendo lá nosso destino,
é bom acostumarmos com
um modo de vida mais
condizente com ambientes
saudáveis e harmonizado
com os recursos do
Planeta.
Já em meados do século
passado o filósofo
húngaro István Mészáros
advertia: “O êxito do
capital consiste apenas
em postergar o momento
em que se tornará uma
necessidade inevitável
enfrentar os graves
problemas de seus
sistemas, que até o
momento continuam a se
acumular”. Mas, há
soluções. Voltando a
Jared Diamond, vamos
vê-lo confiante de que o
homem vai acordar a
tempo de evitar
catástrofes
irreversíveis. Há que se
buscarem soluções
sustentáveis a partir
dos governantes sim,
contudo dos habitantes
também. A ação necessita
ser conjunta e cada um
deve encontrar sua
maneira de agir, tendo
em vista suas tendências
de comportamentos.
O Espiritismo é uma
doutrina confortadora
porque esclarecedora.
Somos e sempre seremos
responsáveis por nossas
obras. Nossas casas
espíritas, repetimos,
necessitam se aparelhar
para desenvolver estudos
ecológicos desde as
Escolas de
Evangelização. Quanta
coisa se pode fazer
naqueles ambientes junto
a Espíritos
recém-chegados do Plano
Espiritual, portanto com
informações sobre este
tema trazidos das
Escolas que frequentaram
antes de reencarnarem. A
Terra ainda vai durar
por bilhões de anos e
precisa estar bem para
melhor acolher seus
tutelados. Necessitamos
dela. Com o conhecimento
da inexistência da
morte, nós Espíritos,
teremos que sempre
lançar olhares para o
futuro. Não basta ter o
que comer, vestir e
morar agora. Não basta
ter oxigênio e água no
presente. A crise
hídrica que se
estabeleceu no Brasil e
em várias regiões do
mundo foi um alerta. As
coisas estão melhorando,
mas o aviso foi dado. O
uso incontrolável da
água pode repetir os
sérios problemas vividos
principalmente em São
Paulo.
Ser espírita é ser
honesto com a vida. Ela
nos pede acuidade,
predisposição ao bem
incondicional seja em
qual área for. Demos a
este trabalho o título
de Moção Ecológica, como
uma proposta de estudos
nas instituições
espíritas sobre este
tema de grande
relevância e que
estudiosos do mundo
inteiro estão fazendo
dentro de suas áreas de
pesquisas acadêmicas.
Renato Nunes nos indica:
“Eis assim a importância
da educação
sociopolítica para o
consumo, pois todo
sujeito é responsável
por aquilo que adquire
em suas transações
mercadológicas”.
Há na literatura
espírita vasto material
de alerta sobre nossas
ações enquanto
encarnados. É bom
deixarmos aqui marcas do
bom senso, como o fez
Allan Kardec. Sejamos
partícipes dos planos de
justaposição das nossas
necessidades com as
necessidades do Mundo
que nos acolhe.
Há uma linha limite
entre o que necessitamos
e o que devemos realizar
daquilo que podemos
deixar de consumir e
nunca deixar de realizar
para o bem. Sábio é o
que encontra essa linha
e faz dela seu parâmetro
de ações. A pasta
ecológica está aberta
tanto para lermos seus
conteúdos quanto para
acrescentar nossos
conteúdos a ela. Bom
tempo para realizarmos o
bem. Jesus aguarda isto
de nós.