RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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Fábrica de filhotes
Antecipo meu pedido de
desculpas a todos
aqueles cujas
consciências não os
incluírem no que vai se
seguir nas linhas desse
artigo, mas não consigo
silenciar meus
sentimentos.
Quem que esse ser
desumano (não, não
escrevi errado não)
imerecidamente
denominado de humano,
morador num microscópico
planeta que mais se
assemelha a um perdido
grão de areia nesse
universo infinito, pensa
que é?
Por que estou dizendo
isso? Muito simples. Vou
reproduzir um pequeno
trecho de uma reportagem
contida na revista
VEJA, edição 2457,
nas páginas 102 a 109:
“Parados diante de um
cortiço em Diadema, na
região do ABC paulista,
policiais e agentes da
prefeitura tiveram de
esperar vários minutos
antes que um casal
finalmente atendesse à
porta. Informados de que
se tratava de uma
fiscalização provocada
por denúncia de
maus-tratos em animais,
o homem e a mulher
conduziram o grupo a um
cômodo de menos de 10
metros quadrados, fétido
e sem janelas, onde
estavam presos quatro
cães, incluindo um casal
de chow-chow. Disseram
que era tudo que havia
ali. Pouco depois, no
entanto, os fiscais
ouviram um ganido.
Guiados pelo som,
subiram uma escada e
depararam com mais de
vinte cachorros
amontoados em um
quartinho. Filhotes de
shih tzu e chow-chow
encontravam-se
confinados em gaiolas
sem água e cobertos de
ração misturada a fezes.
Os animais adultos,
soltos pelo cômodo,
estavam com aspecto
ainda pior – muitos
apresentavam dermatite,
inflamação de pele
provocada pela falta de
higiene. Uma cadela da
raça chow-chow tinha a
epiderme repleta de
fungos”.
Volto a perguntar: quem
que esse ser desumano
que está tão longe do
vós sois deuses, tal
como o alfa e o ômega,
pensa que é para se
investir no direito de
agredir impunemente, na
maioria das vezes, os
seres menores da obra da
Criação Divina?
“Ah!” – dizem os míopes
espirituais e os que
creem enganar as Leis de
Amor com as suas
atitudes externas de
hipocrisia – existem
tantos seres humanos
(humanos?) passando
necessidade e vem gente
se preocupar com
animais?!”
A esses respondo e
responderei sempre que
devemos aos animais o
mesmo respeito e a mesma
proteção que buscamos
nos Espíritos superiores
quando a água bate no
tornozelo, porque esses
seres menores da obra da
criação são criaturas de
Deus como o grande
e poderoso ser
desumano! Sentem fome e
recebem a indiferença
daqueles que têm o
pão nosso de cada dia
quando o estômago dói.
Sentem dor que não
incomoda aos bondosos
seres desumanos que
batem no peito e dizem
amar a Deus, mas se
esquecem de amar as suas
criaturas como bem nos
exemplificou Francisco
de Assis. Ficam esses
animais doentes e
vagueiam pelas ruas até
encontrarem a morte
lenta e dolorosa. Isso
quando não são
sacrificados sob a
justificativa da
leishmaniose,
esquecendo-se os
responsáveis por essa
mortandade de ensinar
ao mosquito transmissor
da doença que eles, os
mosquitos, estão
proibidos de picar o ser
humano já que os animais
contaminados foram
mortos para evitar a
disseminação dessa
enfermidade. Quantos não
andam sem destino sem
uma gota de água para
aliviar a sede nos dias
de verão intenso e
ausência de chuvas? Mas
o que isso tudo importa
ao ser desumano se abre
a geladeira e se serve
da água fresca na hora
que a sede o incomoda?
Você sabia que a cadela
que é levada a emprenhar
a cada cio para
proporcionar renda ao
seu dono diminui a sua
imunidade, o que a
predispõe – ela e os
filhotes – a condições
cada vez piores de vida?
Imaginem o que essas
fêmeas da reportagem e
tantas outras nas mesmas
condições devem passar
para que o dinheiro
chegue às mãos dos seus
torturadores. Mas o que
importa que morram em
condições desumanas se
participaram da fábrica
de filhotes que deixaram
alguns trocados nas mãos
de seus donos? Afinal,
nos fins de semana eles
vão ao templo religioso
que escolheram e batendo
no peito reafirmam seu
compromisso de amar a
Deus sobre todas as
coisas! Túmulos caiados
de branco por fora...
Esquecem-se, porém, ou
nunca souberam e nem se
interessam em saber, que
toda a atitude que fere
as Leis de Amor do
Universo marca
negativamente a
psicosfera do planeta em
que vivemos. Os
desmatamentos atrás do
dinheiro que fica na
Terra ferem a psicosfera
terrestre; a poluição
dos rios macula a
psicosfera terrestre; a
poluição da atmosfera
abala a psicosfera
terrestre. Mas o que
importa isso se os seres
desumanos conseguem
ganhar o dinheiro que
ficará retido na poeira
do mundo como um dos
mecanismos inabaláveis
da Justiça soberana?
Ensina Joanna de Ângelis:
Da insensibilidade à
percepção primária,
dessa à sensibilidade,
ao instinto, à razão, em
escala ascendente, o
psiquismo evolve,
passando a intuição, e
atingindo níveis
elevados de interação
com a Mente Cósmica.
O quanto mais crescerá
nossa conta perante a
própria consciência se
já atingimos a razão e
continuamos a agir como
trogloditas espirituais
em relação aos seres
menores e indefesos da
obra da Criação de Deus?