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Joias da poesia contemporânea
Ano 10 - N° 469 - 12 de Junho de 2016

 
 


Saudade vazia
 

Jorge Faleiros

 

Desde muito chorava o belo filho morto,

Num desastre de mar em suntuoso falucho(1)...

Triste, a fidalga anciã vivia em pranto e luxo,

No esplêndido solar ao pé de velho porto...

 

Certo dia, a criada, em rijo desconforto,

Dá-lhe um pobre enjeitado, um magro pequerrucho.

Ela clama: “Não quero! Isto é morcego e bruxo,

Tem na face de monstro o nariz feio e torto!...”

 

E a dama solitária, em angústia insofrida,

Atravessou a morte e acordou noutra vida,

Buscando, ansiosa e rude, a afeição do passado...

 

Debalde soluçou, na lição do destino...

Ao desprezar na Terra o infeliz pequenino,

Recusara, orgulhosa, o filho reencarnado.

 

(1) Falucho: navio de três mastros e velas triangulares; embarcação ligeira do Mediterrâneo.
 

Do livro Luz no Lar, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita