Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 36)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Quando um
médium fracassa
em virtude de
uma
interferência
obsessiva, sua
responsabilidade
é menor?
Sim. Pelo menos
foi isso que
Eurípedes
Barsanulfo disse
a propósito do
médium Edmundo,
que sofrera
severa
perseguição de
natureza
obsessiva.
Segundo o
Mentor, Edmundo
havia falhado
realmente em
alguns pontos,
graças, entre
outros motivos,
à interferência
obsessiva, o que
lhe diminuía a
responsabilidade.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
B. As
informações e os
conselhos
recebidos
durante o sono
corpóreo por
Edmundo
produziriam
algum efeito?
Edmundo
recordaria, sim,
a experiência
por que passou e
os conselhos
recebidos.
Segundo Dr.
Inácio, seu
inconsciente
liberaria as
informações com
bastante
clareza, e as
lições
recebidas, tanto
do adversário
espiritual como
do Benfeitor,
voltariam à
consciência,
para lentamente
se diluírem no
esquecimento
parcial. Quanto
às
possibilidades
de Edmundo
retornar ao
caminho do
compromisso, o
médico não era
otimista. Eis o
que ele disse:
“Quando o
Espírito
reencarnado se
enleia nas
experiências do
prazer sensual,
demora-se
obstinado na
busca de novas
sensações que
lhe facultem o
exorbitar das
forças. Face ao
hábito que se
lhe fixa,
encontra alguma
dificuldade em
mudar de
comportamento,
exceto quando
visitado pelo
sofrimento
depurador, que
lhe dá dimensão
da realidade na
qual se encontra
envolvido. Não
raro, as
advertências
espirituais do
tipo das que
acabamos de
participar,
resultam pouco
frutíferas, em
razão da
obstinação da
conduta
irrefreada no
sono carnal.
Entretanto, têm
o valor de
demonstrar as
bênçãos do Amor
Sem Limite que
tudo investe em
favor daqueles
que se Lhe
encontram
comprometidos, a
fim de que se
não tenham do
que queixar:
abandono,
desconforto,
solidão,
necessidade...”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
C. Os distúrbios
depressivos já eram
conhecidos na
Antiguidade?
Sim. A
depressão,
também
identificada
anteriormente
como melancolia,
é conhecida na
Humanidade desde
recuados tempos,
por estar
associada ao
comportamento
psicológico do
ser humano. A
Bíblia,
especialmente no
Livro de Jó,
dentre outros,
nos apresenta
vários exemplos
desse distúrbio
que ora aflige
incontável
número de
criaturas
terrestres.
Podemos
identificá-la na
Grécia antiga,
considerada como
sendo uma
punição
infligida pelos
deuses aos seres
humanos em
consequência dos
seus atos
incorretos. E
dois grandes
vultos da
história da
Medicina –
Hipócrates e
Galeno – também
a ela se
referiram.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
Texto para
leitura
186. Os
dias terrestres
são muito
rápidos
– Em face da
observação do
adversário de
Edmundo,
Eurípedes lhe
disse que a
decisão quanto
às tarefas do
médium em foco
viera de Mais
Alto e ele
aceitara a
incumbência,
havendo falhado
em alguns
pontos, é certo,
graças também à
interferência
obsessiva, o que
lhe diminuía a
responsabilidade.
Edmundo estava,
contudo, em
perfeitas
condições de
recomeçar e
prosseguir, com
admiráveis
possibilidades
para o êxito
futuro. Na
sequência, os
assistentes
acercaram-se da
médium em transe
e aplicaram-lhe
energias
anestesiantes,
que terminaram
por acalmar o
agressor
espiritual que
se rebelava e
esbravejava,
levando-o ao
sono refazente,
e logo
retirando-o do
recinto. No
silêncio, que se
fez natural,
podia-se ouvir a
respiração
ofegante de
Edmundo, que
chorava,
sinceramente
comovido. O
amoroso
Eurípedes
acercou-se-lhe,
tomou-lhe as
mãos e falou-lhe
paternalmente:
“Irmão da alma:
tenha cuidado!
Você acaba de
conhecer a trama
oculta que se
desenrola na
Erraticidade
inferior para
impedir-lhe o
avanço.
Naturalmente,
que nós, os seus
Amigos
devotados, não
nos encontramos
inertes, e esta
reunião é uma
demonstração
disso. Todavia,
a sua cooperação
será de
inestimável
valor em
benefício dos
seus deveres. É
necessário
retroceder no
caminho por onde
tem seguido,
para recomeçar a
estrada da
renúncia e do
serviço de
Jesus, por onde
deve avançar.
Não se
estremunhe ante
a realidade, que
lhe cabe
entender para
prosseguir. Os
dias terrestres
são muito
rápidos, por
mais largos se
apresentem. Se
você cumprir com
o dever,
retornará ao Lar
vitorioso para
os grandes
momentos de
felicidade que
aguardam todos
aqueles que são
fiéis. Iremos
deixá-lo
consciente do
nosso encontro
espiritual, a
fim de que possa
refletir e
reprogramar os
seus atos.
Sabemos que não
será fácil,
porque os seus
aduladores
encarnados e
exploradores
espirituais
estarão
vigilantes. No
entanto, a opção
será sempre sua.
Tenha bom ânimo
e confie no
Senhor que nos
ama. Agora durma
e repouse, para
despertar em paz
e em lucidez”.
Após essas
palavras, o
Mentor
aplicou-lhe
energias
relaxantes, que
adormeceram o
médium
visitante, que
recuperou a
expressão facial
agora refletindo
paz.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
187. Nunca
nos faltam os
recursos do
Mundo Maior
– Durante o
trajeto de volta
ao seu
apartamento,
Miranda
perguntou ao Dr.
Inácio se
Edmundo se
recordaria da
experiência
descrita linhas
acima. “Sim —
redarguiu,
generoso. O
inconsciente
liberará as
informações com
bastante
clareza, e as
lições
recebidas, tanto
do adversário
espiritual como
do Benfeitor,
voltarão à
consciência,
para lentamente
se diluírem no
esquecimento
parcial.” Quanto
às
possibilidades
de Edmundo
retornar ao
caminho do
compromisso, o
médico explicou:
“Quando o
Espírito
reencarnado se
enleia nas
experiências do
prazer sensual,
demora-se
obstinado na
busca de novas
sensações que
lhe facultem o
exorbitar das
forças. Face ao
hábito que se
lhe fixa,
encontra alguma
dificuldade em
mudar de
comportamento,
exceto quando
visitado pelo
sofrimento
depurador, que
lhe dá dimensão
da realidade na
qual se encontra
envolvido. Não
raro, as
advertências
espirituais do
tipo das que
acabamos de
participar,
resultam pouco
frutíferas, em
razão da
obstinação da
conduta
irrefreada no
sono carnal.
Entretanto, têm
o valor de
demonstrar as
bênçãos do Amor
Sem Limite que
tudo investe em
favor daqueles
que se Lhe
encontram
comprometidos, a
fim de que se
não tenham do
que queixar:
abandono,
desconforto,
solidão,
necessidade...
Nunca lhes
faltam os
recursos do
Mundo Maior.
Saber aplicá-los
é tarefa de cada
qual. Oraremos,
no entanto, e
volveremos a
inspirá-lo de
diferentes
formas, a fim de
que aproveite a
ensancha formosa
que lhe está
sendo concedida.
Nesse sentido, o
Espírito Mateus,
encarregado de o
assistir, não
medirá esforços
nem meios para
liberá-lo de si
mesmo e daqueles
perturbadores
com os quais
comparte as
paixões
desordenadas”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
18 – Socorro de
emergência.)
188.
Distúrbio
depressivo
– Convidados
pelo Dr. Inácio
a assistir a uma
conferência
sobre o tema
distúrbio
depressivo,
Miranda e
Alberto foram,
na hora
aprazada, ao
Auditório onde
teria lugar o
significativo
cometimento.
Tratava-se de um
recinto de
amplas
proporções com
capacidade para
aproximadamente
mil pessoas e a
sua edificação
recordava os
anfiteatros
greco-romanos,
que facultavam
uma bela visão
do palco de
qualquer lugar
onde a pessoa
estivesse. O
entardecer
estava
deslumbrante,
abençoado por
favônios
perfumados,
enquanto os
convidados
assentavam-se
nas
arquibancadas
semicirculares.
O expositor
adentrou o
recinto
acompanhado por
Eurípedes, dr.
Inácio e outros
nobres Espíritos
que Miranda não
conhecia
pessoalmente.
Apresentava um
semblante calmo
e demonstrava na
face que houvera
desencarnado com
mais de setenta
anos. Jovial e
de agradável
expressão, foi
conduzido à
parte central,
tomando parte na
mesa da
cerimônia
presidida pelo
fundador do
Nosocômio.
Encontravam-se
presentes
médicos
especializados
no estudo da
psique,
enfermeiros e
trabalhadores
dos diversos
departamentos do
Hospital,
interessados nos
esclarecimentos
que seriam
oferecidos pelo
culto
conferencista e
muitos outros
Espíritos
especialmente
convidados. Após
expressiva
oração,
Eurípedes fez
breve
apresentação do
cientista-orador,
esclarecendo que
ele exercera a
profissão de
psiquiatra
enquanto
reencarnado na
Terra, havendo
oferecido
expressivo
contributo à
psicanálise e à
psicologia, e
que se
encontrava
liberado do
corpo havia mais
de trinta anos,
dando
prosseguimento
às pesquisas em
torno da mente e
da emoção humana
como resultado
dos processos da
evolução
espiritual.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
189. A
depressão ao
longo dos
séculos
– Sem mais
delongas, o
orador
acercou-se da
tribuna,
deteve-se em
breve silêncio
durante o qual
exteriorizou uma
suave claridade
que o emoldurou
delicadamente.
Em seguida, deu
início à
conferência,
após saudar a
todos com
jovialidade: “A
depressão,
também
identificada
anteriormente
como melancolia,
é conhecida na
Humanidade desde
recuados tempos,
por estar
associada ao
comportamento
psicológico do
ser humano. A
Bíblia,
especialmente no
Livro de Jó,
dentre outros,
nos apresenta
vários exemplos
desse distúrbio
que ora aflige
incontável
número de
criaturas
terrestres.
Podemos
identificá-la na
Grécia antiga,
considerada como
sendo uma
punição
infligida pelos
deuses aos seres
humanos em
consequência dos
seus atos
incorretos.
Encontramo-la,
desse modo,
também presente
no século 4º
a.C., graças a
diversas
referências
feitas por
Hipócrates. Mais
tarde, no século
2º a.C., Galeno
estudou esse
transtorno como
sendo resultado
do desequilíbrio
dos quatro
humores: sangue,
bílis amarela,
bílis negra e
fleuma, que
seriam
responsáveis
pelo bem-estar e
pela saúde ou
não dos
indivíduos.
Aristóteles
assevera que
Sócrates e
Platão, como
muitos outros
filósofos,
artistas,
combatentes
gregos, foram
portadores de
melancolia, que
acreditava estar
vinculada às
capacidades
intelectuais e
culturais do seu
portador. A
Igreja romana, a
partir do século
4º, também
passou a
considerá-la e
defini-la,
ligando-a à
tristeza, sendo
tida como um
pecado
decorrente da
falta de valor
moral do homem
para enfrentar
as vicissitudes
do processo
existencial.
Posteriormente
esteve associada
à acídia,
passando a ser
definida com
mais severidade
como sendo um
pecado cardinal,
em razão de
tornar os
religiosos
preguiçosos e
amedrontados
ante as tarefas
que deveriam
desempenhar”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
190.
Teorias que
surgiram para
explicar a
depressão
– Continuou o
conferencista:
“As lendas a seu
respeito
fizeram-se muito
variadas e as
discordâncias
complexas,
vinculando-a,
não raro, à
bílis negra,
responsável pelo
ato impensado de
Adão ao comer a
maçã no
paraíso... A
história da
medicina também
relata que, já
no século 10º,
um médico árabe,
estudando a
melancolia,
confirmou que a
mesma resultava
da referida e
tradicional
bílis negra. Com
o Renascimento,
porém, esse
transtorno
passou a ser
tido como uma
forma de
insanidade
mental, surgindo
nessa época
diferentes
propostas
terapêuticas de
resultado
duvidoso. À
medida que se
processava o
progresso
cultural, a
melancolia
passou a
expressar os
estados
depressivos e, a
partir de 1580,
tornou-se
popular na
literatura com
características
melhor
definidas. Foi a
partir do século
15 que a tese de
Galeno começou a
ser superada e
lentamente
substituída por
definições que
abrangiam a
natureza química
e mecânica do
cérebro,
responsável pelo
distúrbio
perturbador. Não
obstante a
descoberta da
circulação do
sangue pelo
eminente Harvey,
que facultou a
apresentação de
novos conceitos
explicativos
para a
depressão,
esclarecendo que
se podia tratar
de uma
deficiência
circulatória,
permaneceram
ainda aceitos os
conceitos
ancestrais de
Galeno, e, por
efeito, a
terapia se
apresentava
centrada nos
métodos da
aplicação de
sangrias,
purgantes,
vomitórios com o
objetivo de
limpar o como,
eliminando os
humores negros
nefastos. No
século 19, ainda
por um largo
período foi
associada à
hipocondria,
responsável pela
ansiedade
mórbida
referente ao
estado de saúde
e às funções
físicas... Logo
depois, passou à
condição de uma
perturbação
mental, de um
estado emocional
deprimido. A
melancolia
alcançou homens
e mulheres
notáveis que não
conseguiram
superá-la, e
padeceram por
largos períodos
a sua afugente
presença, e em
alguns casos,
conduzindo-os a
perturbações
profundas e até
mesmo a
suicídios
hediondos.
Inúmeros poetas,
escritores,
artistas,
religiosos,
cientistas
famosos não
passaram sem
sofrer-lhe a
incidência
cruel, dando
margem a que
alguns
desavisados
pensassem que se
tratava da
exteriorização
da genialidade
de cada um...”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
19 – Distúrbio
depressivo.)
(Continua no
próximo número.)