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Joias da poesia contemporânea
Ano 10 - N° 470 - 19 de Junho de 2016

 
 



Carta de outro mundo

 Belmiro Braga

 

Não aceites por ventura

Prazer que te desconforte,

O peixe nada à procura

Da isca que o leva à morte.

 

A cantiga sem cautela

Desce a abismo inesperado.

Alçapão abre a janela

Ao pássaro descuidado.

 

Trabalha e atende ao provir.

Contudo, pensa primeiro.

Formiga vive de agir,

Mas não sai do formigueiro.

 

Não uses a liberdade

Gozando a inércia do bruto.

Se queres a eternidade

Não desprezes teu minuto.

 

Faze o bem. Não sejas louco,

Aprende no amor cristão.

Inteligência é bem pouco

No dia da salvação.

 

Sem Deus, não busques na Terra

Luz e paz em parte alguma.

Há mais angústia e mais guerra

Quando a mentira se esfuma.

 

Evita o abono e a licença

Em que a preguiça se escuda.

Ferrugem é a recompensa

Da enxada que não ajuda.

 

Dos males que andam na estrada,

Aquele que mais domina

É a mente desocupada

Que vive sem disciplina.

 

Despreza a ciência avessa.

É dolorosa irrisão

Ter mil livros na cabeça

E gelo no coração.

 

Perdoa a mão que te prende

A tropeços escarninhos.

Muita rosa se defende

Pela abundância de espinhos.

 

Foge aos gozos aparentes.

Toda flor cai ao monturo,

Mas o fruto dá sementes

Que seguem para o futuro.

 

Mas a glória que se inflama

Sem Jesus-Cristo no fundo,

Quase sempre é treva e lama

Nos caminhos do outro mundo.

 

Não te exponhas ao perigo

Da tentação que te agrade.

Mas se tens Jesus contigo

Não temas a tempestade.

 

Do livro Relicário de Luz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita