Carta de outro mundo
Belmiro Braga
Não aceites por ventura
Prazer que te
desconforte,
O peixe nada à procura
Da isca que o leva à
morte.
A cantiga sem cautela
Desce a abismo
inesperado.
Alçapão abre a janela
Ao pássaro descuidado.
Trabalha e atende ao
provir.
Contudo, pensa primeiro.
Formiga vive de agir,
Mas não sai do
formigueiro.
Não uses a liberdade
Gozando a inércia do
bruto.
Se queres a eternidade
Não desprezes teu
minuto.
Faze o bem. Não sejas
louco,
Aprende no amor cristão.
Inteligência é bem pouco
No dia da salvação.
Sem Deus, não busques na
Terra
Luz e paz em parte
alguma.
Há mais angústia e mais
guerra
Quando a mentira se
esfuma.
Evita o abono e a
licença
Em que a preguiça se
escuda.
Ferrugem é a recompensa
Da enxada que não ajuda.
Dos males que andam na
estrada,
Aquele que mais domina
É a mente desocupada
Que vive sem disciplina.
Despreza a ciência
avessa.
É dolorosa irrisão
Ter mil livros na cabeça
E gelo no coração.
Perdoa a mão que te
prende
A tropeços escarninhos.
Muita rosa se defende
Pela abundância de
espinhos.
Foge aos gozos
aparentes.
Toda flor cai ao
monturo,
Mas o fruto dá sementes
Que seguem para o
futuro.
Mas a glória que se
inflama
Sem Jesus-Cristo no
fundo,
Quase sempre é treva e
lama
Nos caminhos do outro
mundo.
Não te exponhas ao
perigo
Da tentação que te
agrade.
Mas se tens Jesus
contigo
Não temas a tempestade.
Do livro Relicário de
Luz, obra mediúnica
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.