A primeira sessão.
Nos anos de 1920 a 1927,
Chico não mais conseguiu
avistar-se pessoalmente com
o Espírito de Dona Maria
João de Deus. Integrado na
comunidade católica,
obedecia às obrigações que
lhe eram indicadas pela
igreja. Confessava-se,
comungava, comparecia
pontualmente à missa e
acompanhava as procissões.
Terminara o curso primário
no Grupo Escolar “São José”,
de Pedro Leopoldo em 1923,
levantando-se às seis da
manhã para começar às sete
as tarefas escolares e
entrando para o serviço da
fábrica às três da tarde
para sair às onze da noite.
O trabalho, porém, era
exaustivo e, em 1925 deixou
a fábrica, empregando-se na
venda do Sr. José Felizardo
Sobrinho, onde o trabalho ia
das seis e meia da manhã às
oito da noite, com o salário
de treze cruzeiros por mês.
Entretanto, continuavam as
perturbações noturnas.
Depois de dormir, caía em
transes surpreendentes.
Perambulava pela casa,
falava em voz alta, dava
notícias de pessoas que
sofriam no além, mantinha
longas conversações, cujo
fio era impenetrável aos
familiares aflitos. Em 1927,
porém, eis que a sua irmã D.
Maria da Conceição Xavier
cai doente.
Era um doloroso processo de
obsessão.
Tratada carinhosamente pelo
confrade Sr. José Hermínio
Perácio, a jovem curou-se.
Foi assim que se realizou a
primeira sessão espírita no
lar da família Xavier, em
Pedro Leopoldo. Perácio, na
direção, pronunciava
vibrante prece. Na mesa,
dois livros.
Eram eles “O Evangelho
segundo o Espiritismo” e “O
Livro dos Espíritos”, de
Allan Kardec. O Espírito de
Dona Maria João de Deus
comparece e grafa longa
mensagem aos filhos
presentes, através da médium
D. Carmem Pena Perácio,
devotada esposa do
companheiro a que nos
referimos.
Reporta-se a cada filho, de
maneira particular. E,
dirigindo-se ao Chico,
comove-o, escrevendo:
— Chico, meu filho, eis que
nos achamos mais juntos,
novamente. Os livros à nossa
frente são dois tesouros de
luz. Estude-os, cumpra os
seus deveres e, em breve, a
Bondade Divina nos permitirá
mostrar a você os seus novos
caminhos. E assim realmente
aconteceu.
Do livro “Lindos casos de
Chico Xavier”, de
Ramiro Gama.
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