A caridade segundo o
amor
A caridade é a virtude
que melhor expressa o
amor. Não a caridade
premeditada, ansiosa por
recolher recompensa na
Terra ou no céu; mas a
ação plena de
compreensão humana,
tecida do mais puro
desprendimento.
Se o indivíduo não tem
amor, a caridade que
exerce – privada desse
sentimento – é fria e
muitas vezes humilhante:
quem favorece não deixa
de sentir um ar superior
que se sobrepõe ao
outro, como quem está no
comando da situação;
quem é favorecido não
consegue livrar-se de
certa humilhação,
abafada a custo pela
necessidade.
Quando não há amor
presidindo a
aproximação, é difícil
haver energia pura
conectando a mão que dá
à que recebe. É como se
aquele que recebesse
captasse na intenção do
doador aquilo que lhe
falta.
Allan Kardec, por
compreender a
abrangência dessa
virtude decantada por
Paulo, em I Coríntios,
13,1-13, elegeu-a como
“a alma do Espiritismo”
e cunhou a frase
emblemática cujo sentido
deve guiar as ações
humanas: “Fora da
caridade não há
salvação”. Como síntese
moral esse pensamento é
perfeito, pois não
exclui ninguém da
possibilidade de atingir
a plenitude.
Segundo a ideia
espírita, a caridade que
“salva” está associada
ao sentimento profundo e
verdadeiro traduzido nas
ações de um Francisco de
Assis, de uma Teresa de
Calcutá, de um Francisco
Cândido Xavier, movidos
que foram pelo amor
autêntico.
Estes exemplos, por
parecerem tão distantes
da realidade, não são
motivo para que se baixe
a cabeça, achando que
não se chegará ao ideal.
Estes luminares da
caridade, seguindo o
modelo Jesus,
reencarnaram na Terra
exatamente para mostrar
como se deve agir para
com o semelhante.
O sentimento elevado do
amor se manifestará em
cada um de nós, mais
cedo ou mais tarde, com
as experiências da vida,
com as lições repetidas,
com o progresso
espiritual. E a clara
lição de Jesus sobre o
“óbolo da viúva” – a
caridade natural – já
compreendida pelo
intelecto, o será também
pelo coração.