EURÍPEDES
KÜHL
euripedes.kuhl@terra.com.br
Ribeirão Preto, SP
(Brasil)
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Premonição
Se fizermos
ligeira pesquisa
sobre
“premonição”
encontraremos
casos de pessoas
que, por
exemplo,
sonharam com
determinada
situação e ela
aconteceu, ou
que, certa vez,
quando o
telefone tocou,
tiveram a
certeza de que
era o fulano e,
no final, era
realmente o
fulano. A
Doutrina
Espírita
considera esses
casos como
premonições?
Como podemos
diferenciar
coincidências
cotidianas de
premonições
verdadeiras?
Premonição
– Consultando o
dicionário vê-se
que
premonição é
uma sensação, um
sentimento, uma
espécie de
advertência de
algo que irá (ou
está para)
acontecer, sem
vestígios que o
justificassem ou
mesmo o
indicassem.
Sem esforço e
sem prejuízo do
significado,
pode-se afirmar
que
presciência,
precognição,
presságio,
pressentimento,
em linhas
gerais,
representam a
mesma coisa.
Já pelo enfoque
do Espiritismo,
premonição
seria a
faculdade
psíquica —
espécie de
mediunidade —
que todos temos,
em maior ou
menor grau, a
qual possibilita
o conhecimento
antecipado de
fatos ou
situações
futuras.
A premonição
ocorre em várias
circunstâncias:
- pode
representar um
bom (ou mau)
conselho de um
Espírito
desencarnado;
obviamente, se
bom, vem de um
amigo; se mau,
de inimigo, ou,
às vezes, apenas
de um zombador
inconsequente,
que se diverte
com o medo ou
euforia que
provoca;
- antes de
nascer, o
indivíduo toma
conhecimento do
seu programa
reencarnatório e
aí, quando
encarnado,
conquanto
brindado pela
Bondade divina
com o
esquecimento do
passado, à
aproximação de
fato marcante
previsto naquele
programa,
visita-o ligeira
impressão
daquilo que está
para acontecer;
- no sono, esse
desdobramento
proporciona
emancipação
parcial ao
Espírito que, no
plano
espiritual, pode
então se
encontrar com
Espíritos afins
que lhe dão
notícia de algo
que está, de
alguma forma,
sendo engendrado
em torno da sua
existência, ou
do seu círculo
de parentesco ou
amigos, ou no
local em que
reside e até
mesmo
relativamente ao
plano terreno.
Temos como
exemplo dessa
última hipótese
as visões dos
profetas, de
todos os povos e
em todos os
tempos;
- relato o
instigante caso
de “premonição
coletiva”, isto
é, muitas
pessoas tiveram
a mesma visão
antecipada de um
acontecimento
marcante na
história da
navegação
marítima...
Refiro-me, sim,
ao navio “Titanic”.
Para ilustrar
sonhos
premonitórios,
valho-me de um
fragmento
extraído do meu
livro “Sonhos:
viagens à alma”,
(cap. 1 –
Tipos de sonhos),
editado em 2001,
pela Butterfly
Editora, SP/SP:
(...)
- premonitórios:
de propósito,
deixamos para
encerrar este
capítulo o
fascinante e
antiquíssimo
“sonho humano”
de interpretar
os sonhos
premonitórios,
tidos desde
sempre à conta
de
sobrenaturais.
O encantamento
de que se
revestem os
sonhos
premonitórios
induz-nos a uma
atitude de
máximo respeito
com os
pensadores
antigos,
modernos e
contemporâneos,
que se
debruçaram e se
debruçam na
investigação de
como é que eles,
os sonhos, podem
acontecer.
Uma coisa é
certa: a todos
aqueles
pesquisadores,
exclusive os que
são espíritas,
acometem
ardentes
perguntas
irrespondidas,
dando causa a
redobradas
reflexões, teses
e hipóteses, sem
que o consenso
seja alcançado.
Só para
exemplificar,
vejamos alguns:
Sonhos sobre
tragédias
– Existem sonhos
que são mesmo
impressionantes:
noticiam
tragédias com
antecipação, com
detalhes.
Titanic -
Talvez o
acontecimento
trágico humano
que mais
predições teve
foi o
afundamento do
navio “Titanic”,
em
14.abril.1912,
no qual morreram
mais de mil e
quinhentas
pessoas:
- Um jornalista
inglês, William
Thomas Stead
escreveu uma
reportagem
fictícia na
década de 1880
sobre um grande
navio de
passageiros que
afundara no meio
do Oceano
Atlântico. A
reportagem foi
publicada no
“Pall Mall
Gazette”. Em
1892, escreveu
outro artigo
citando uma
imaginária
colisão de um
navio com um
iceberg, no
Atlântico. Em
1910, fez uma
palestra, sempre
citando a
necessidade dos
construtores de
navios
equipá-los com
botes
salva-vidas
suficientes, do
contrário,
haveria
tragédias. Na
palestra, citou
que ele próprio
se via morrendo
afogado nas
águas geladas,
vítima de um
naufrágio. Stead,
sabendo que a
“Cia. White
Star” estava
construindo um
transatlântico,
que se chamaria
“Titanic”,
resolveu
consultar vários
videntes. Um
deles (W. de
Kerlor) sonhou
que Stead faria
uma viagem aos
EUA e o via
junto a mais de
mil pessoas,
afogando-se e
pedindo
socorro. Stead
sequer pensava
em viajar.
Mas acabou mesmo
como náufrago do
“Titanic”...
Em
26.abril.1912,
isto é, doze
dias após o
naufrágio do “Titanic”,
o Espírito Stead,
pela mediunidade
da Srª Coates,
em Glanberg
House, Escócia,
comunicou-se.
Sabia-se já
desencarnado.
Pedia preces
pelos demais
náufragos, aos
quais ele
próprio não
podia ajudar,
pois que ainda
sentia
dificuldades.
Citou que a
maioria dos
náufragos,
desconhecendo a
vida após a
morte, sofria
terríveis
angústias,
aturdidos ante a
situação
inesperada. A
seguir faz
exortação
evangélica,
recomendando o
não
engrandecimento
pelos bens
terrenos.
Informou que, a
seu pedido, os
músicos de bordo
tocaram “Perto
de Ti, meu Deus,
mais perto de
Ti!”. Narrou que
tanta foi a
emoção dos
músicos
executando
aquele hino, que
logo ouviram-se
Espíritos
cantando-o em
voz melodiosa,
espargindo, em
profusão,
eflúvios de luz
suavíssima.
De fato,
sobreviventes da
tragédia do
“Titanic”
relataram que
William T. Stead,
ante a iminência
da morte, nos
terríveis
momentos que
precederam à
morte
inevitável,
amparava e
confortava seus
companheiros de
desdita.
(Admirável!).
A mensagem
mediúnica de
Stead foi
publicada no
“American
Register”, por
iniciativa do
Sr. James Coates,
marido da
médium;
- Morgan
Robertson, autor
nova-iorquino,
em 1898, após
ter entrado em
transe, segundo
declarou,
escreveu e
publicou um
romance, a que
deu o título
Futilidade.
No livro,
descrevia que um
navio, numa
noite gélida de
abril, com
velocidade
imprudente
devido às
brumas, com três
mil passageiros,
chocava-se com
iceberg. Nome do
navio: “Titan”...;
- Um negociante
de Londres (J.
Connon Midleton)
sonhou, duas
noites seguidas,
que estava vendo
os destroços do
“Titanic” e os
passageiros e
tripulação
nadando ao redor
do navio.
Cancelou a
viagem que havia
programado
naquele
transatlântico...;
- Anos após a
tragédia do “Titanic”,
pesquisadores
concluíram que
eram autênticas,
pelo menos,
dezenove
premonições,
através de
sonhos,
transes, visões
e vozes.
Premonição e
formas-pensamento
– A psicosfera
terrena
(atmosfera
astral da Terra)
está e é, toda
ela, permeada e
entrecruzada de
formas-pensamento,
de Espíritos
encarnados e
desencarnados, e
aí, algumas
pessoas, uma ou
outra vez, na
vigília ou no
sono, em uma ou
outra sintonia,
pode estar com
seu canal
psíquico (estado
mental)
receptivo e
captar
fragmentos do
conteúdo de
fatos ou
situações
futuras
inevitáveis que
já são do
conhecimento de
outros Espíritos
— testemunhas ou
os que engendram
tais fatos ou
situações.
Quanto mais
abertura mental,
mais precisão na
premonição
(detalhes –
quando, onde,
com quem etc.).
Premonição e
instinto
– O instinto
(sublime
ferramenta de
sobrevivência de
todos os seres
vivos) responde
por grande
número de
pressentimentos;
nesse caso, a
forma
absolutamente
autônoma como o
instinto opera
torna totalmente
imprevisível seu
mecanismo, não
sendo, pois,
passível de ser
“administrado”
(processado,
desenvolvido,
aumentado).
Premonição e
intuição
– Já a intuição,
que tanto maior
será em razão da
elevação moral,
também justifica
e contempla o
conhecimento de
fatos futuros,
por situar o
indivíduo em
sintonia mais ou
menos permanente
com os Espíritos
evoluídos
responsáveis
pela realização
de tarefas neste
planeta. Se me
permitem,
imagino que a
intuição é a
depuração máxima
do instinto:
quanto mais
depuração moral,
ocorrerá aumento
intuitivo e
decréscimo
instintivo;
assim, quanto
mais virtuoso
for o Espírito,
maior será sua
intuição e,
inversamente,
menor seu
instinto.
Premonição e
“dupla vista”
– A “dupla
vista” (o
indivíduo, na
vigília, ver com
os olhos da alma
fatos distantes
ou futuros) pode
também
proporcionar
pressentimentos.
Voltando a falar
dos profetas,
parece-me que
foi pela dupla
vista de vários
profetas que
temos registros
históricos de
vários perigos
que foram
afastados ou, ao
menos,
minimizados.
Como exemplo
podemos citar a
interpretação
exata de
incontáveis
sonhos bíblicos:
José – in
Gênesis
41:15-30, 47-49,
54; Gideão – in
Juízes 6:11,
7:13-22;
Nabucodonosor II
– in
Daniel 2:1-9,
29-45; e
4:10-17; José,
pai de Jesus –
in Mateus
1:20-21; 2:13;
2:20.
Quer-me parecer
que a “dupla
vista” é
atributo de
Espíritos
evoluídos, sendo
que Jesus é o
exemplo máximo
de Espíritos que
a possuem, como,
aliás, de todas
as demais
faculdades e
dons morais.
Coincidências
cotidianas
– No
exemplo citado
(da pessoa
“saber”
antecipadamente
quem está ao
telefone que
tilinta) nada
objeta supor que
isso acontece
pelos mesmos
insondáveis,
conquanto
frequentes,
casos de
telepatia
(comunicação
direta de duas
mentes, sem
intermediários).
Uma coisa,
porém, parece
governar tais
ocorrências: que
os dois
Espíritos sejam
afins e estejam
sintonizados
numa mesma faixa
vibratória.
*
Pode-se dizer
que uma pessoa
que tem
premonições é
médium? Qual é a
definição de
médium?
Não. Não pode.
Médium, em
linhas gerais, é
um indivíduo que
possui a
faculdade
mediúnica
orgânica que o
possibilita ser
intermediário do
plano espiritual
com o terreno,
comunicando-se
com Espíritos
desencarnados.
Há casos, mais
raros, de
comunicação de
Espíritos
inter vivos,
isto é,
encarnados
ambos: o médium
e o locutor, o
qual, nesse
caso, onde
estiver estará
desdobrado pelo
sono (dormindo),
ou, no mínimo,
em lassidão.
Por oportuno,
registro que
“mediunidade” é
faculdade
orgânica,
variável de
existência
terrena para
existência
terrena, e
constitui bênção
divina,
verdadeira
ferramenta
evolutiva para
ser usada a
benefício do
próximo, jamais
como usufruto de
quem a tem; já
“dom” é
conquista
individual,
patrimônio
inalienável, que
demonstra mérito
aquisitivo,
fruto de não
poucas vitórias
ante toda sorte
de dificuldades
ou adversidades
próprias do
roteiro
evolutivo
terreno. Num e
noutro caso,
inexoravelmente
prevalece o
livre-arbítrio
do detentor,
episódico (da
mediunidade) ou
definitivo (do
dom), para o uso
que fizer
disso...
respondendo,
porém, por tal
opção, segundo a
Lei de Ação e
Reação.
Como o
Espiritismo
explica que
algumas pessoas
tenham a
faculdade de
prever
acontecimentos
futuros e outras
não?
A premonição
(previsão de
acontecimentos
futuros) é
faculdade que
apresenta “n”
graus. As
pessoas que a
têm em alto
nível se tornam
marcantes. Mas,
via de regra,
todos temos essa
faculdade, por
isso é que
aparentemente há
quem não a
possua...
Pessoas que têm
a faculdade da
premonição
também podem ter
visões de
Espíritos? Uma
coisa está
necessariamente
relacionada à
outra?
Sim,
para a primeira
pergunta; não,
para a segunda.
No Espiritismo,
como uma pessoa
que tem a
faculdade da
premonição ou da
clarividência
aprende a
conviver com
essa faculdade?
Essa pessoa será
a responsável
única pelo
emprego que
fizer dessa
faculdade.
Explicam os
Espíritos
Superiores,
relembrando
Jesus, que deve
ser dado de
graça, tudo
aquilo que de
graça for
recebido... O
melhor emprego,
evidentemente,
será pautado
pelo bom senso:
muito tato, para
não desandar a
contar tudo o
que pressente,
evitando causar
desconforto ou
inaugurar
preocupação em
quem quer que
seja; divulgar
só aquilo que
promova o bem,
coletivo ou
individual, ou
que resulte em
atitudes de
precaução, de
prudência, de
vigilância.
Como uma pessoa
pode ter a
certeza de que
ela é médium?
Existem alguns
sinais que
indicam isso?
Obs.:
Responderei essa
pergunta,
conquanto ela
não se enquadre
no estudo da
premonição, até
porque nada
objeta que um
médium
eventualmente
tenha alguma
premonição, não
necessariamente
advinda de
mediunidade.
Normalmente não
se poderá e nem
se deverá
afirmar “a
priori”, de
imediato, que
é médium
aquele indivíduo
que apresenta
alguma
anormalidade
psíquica ou
comportamental,
ou que esteja
sendo visitado
por
acontecimentos
estranhos,
inusitados,
inexplicáveis.
Existem, sim,
alguns sinais ou
sintomas que
podem,
subjetivamente,
serem
indicativos —
apenas
indicativos — de
eclosão da
mediunidade.
Prudente, nesses
casos, será
aguardar a
repetência ou
continuidade dos
sintomas e que
esse indivíduo
passe a
frequentar um
Centro Espírita,
para ser
orientado por
espíritas
estudiosos e
prudentes,
detentores de
experiência
mediúnica ou
doutrinária, os
quais analisarão
o caso, sem
emitir
diagnósticos
apressados, do
tipo “é
mediunidade a
desenvolver!”.
Aí, com
observação
fraternal e
contínua, o
próprio tempo
definirá se
realmente se
trata de
mediunidade ou
se a pessoa deve
ser encaminhada
à Medicina
terrena — outra
grande bênção
neste planeta.
Só no primeiro
caso, essa
pessoa deverá
ser matriculada
em cursos de
mediunidade,
passar a
assistir
palestras
doutrinárias,
receber passes,
engajar-se em
alguma atividade
filantrópica,
para então, mais
tarde, ser
convidada a
participar de
grupo mediúnico.