EURÍPEDES
KÜHL
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Ribeirão Preto, SP
(Brasil)
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A paz de
Jesus
Anos mais tarde,
aproximando-se o
martírio no
Calvário,
segundo João, em
14:27, JESUS
reuniu seus
apóstolos e lhes
disse:
“Deixo-vos a
paz, minha paz
vos dou. Não
vo-la dou como o
mundo a dá. Não
se perturbe nem
se intimide
vosso coração”.
Antes de
refletir sobre
a paz de
Jesus,
registro apenas
alguns dos
inúmeros
significados e
empregos da
palavra paz,
palavra essa que
carreia
suavidade em si
mesma:
1.
Ausência de
lutas,
violências ou
perturbações
sociais;
tranquilidade
pública;
concórdia;
harmonia.
2.
Ausência de
conflitos
íntimos, ou
entre pessoas;
bom
entendimento.
3.
Repouso;
silêncio;
sossego.
4.
Cessação de
hostilidades.
Fazer as
pazes:
reconciliar-se;
tranquilidade de
alma; “alma em
paz”: pessoa
consciente de
ter cumprido o
dever.
(Novo Dicionário
Básico da Língua
Portuguesa,
FOLHA/AURÉLIO,
pág.489, Folha
de S. Paulo,
1995.)
Para falar da
paz de Jesus é
bom lembrar que
antes da sublime
visita do Mestre
neste planeta,
como homem,
encarnado, povos
antigos, muitos
se expressando
em Latim,
preocupados com
a paz,
proclamavam:
“Si vis pacem,
para bellum”
= Se queres a
paz, prepara a
guerra.
Isso significava
que para viver
em paz, a pessoa
ou a nação
deveriam estar
armados como se
fossem entrar em
guerra. No
fundo, no fundo,
o pensamento é
de que, se
mostrassem
possuir mais
força,
desencorajariam
agressores mais
fracos.
Outro conceito é
o de que a morte
dá paz e assim é
que também vem
da antiguidade a
expressão dos
textos
litúrgicos,
referentes à
missa dos mortos
e das
encomendações
dos defuntos:
“Requiescat
in pace” =
Descanse em paz!
Jesus,
recomendando o
perdão, implodiu
o conceito do
“olho por olho”
que Moisés
cristalizou,
segundo o qual,
para obter a paz
era permitido ao
agredido
eliminar o
agressor.
Hoje, com o
domínio da
energia atômica
por vários
países, o mundo
vivencia a “paz
compulsória”,
imposta pela
certeza de que,
se um dos países
do clube atômico
lançar uma bomba
atômica em outro
país também
sócio desse
clube, não
haverá vencedor.
A retaliação
eliminará ambos
do mapa mundial,
e por
extensão...
Praticamente a
Humanidade
toda...
Jamais qualquer
guerra trouxe a
paz. Ficam
sequelas que o
tempo
dificilmente
apaga. E aí
surgem as
perguntas: onde
encontrar a paz?
Onde buscar a
paz?
De início, em
nós mesmos, pela
observância das
Leis Divinas.
Para mim, a
fonte mais
viável e sublime
da paz é
praticar os
conselhos de
Jesus, de forma
específica
àquele que
recomenda o Amor
a Deus sobre
todas as coisas
e ao próximo
como a si mesmo.
Ressalto que
sobre a paz há
tantos
pronunciamentos
no Antigo
Testamento e em
particular no
Novo, além de
expressivo
número na
literatura
espírita, que
seria
impraticável
citá-los aqui.
Não foi, pois,
sem razão que os
Profetas, e com
ênfase Jesus,
tanto a
enalteceram.
Aliás, já quando
Jesus nasceu o
Anjo do Senhor
apareceu a
pastores das
regiões próximas
da abençoada
estrebaria e
anunciaram:
Glória a Deus no
mais alto dos
Céus e paz na
Terra aos homens
que ele ama!
(Lucas 2:14.)
Possuir a paz
requer a
aquisição e
prática
permanente de
virtudes
possíveis a
todos, em
qualquer tempo,
com realce à
tolerância...
Paz que é fruto
da transformação
moral e do
combate às más
inclinações,
como asseverou
Allan Kardec no
item quatro do
cap. 17, de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Reduzindo os
termos: a posse
da paz é uma
construção
individual,
Espírito a
Espírito, dia a
dia, que exige
um “homem novo”
no lugar do
“homem velho” —
autorreforma.
Na Mansão da
Paz, alvo de
ataques das
sombras, o
Instrutor Druso
leciona que “a
paz não é
conquista da
inércia, mas sim
fruto do
equilíbrio entre
a fé no poder
divino e a
confiança em nós
mesmos, no
serviço pela
vitória do bem”.
(Livro Ação e
Reação,
André
Luiz/Psicografia
de F. C. Xavier,
cap.3, pg.38, 5ª
Ed., 1976, FEB,
RJ/RJ).
Não deixo de
citar o aparente
paradoxo de
haver o Cristo
declarado que
não viera trazer
a paz, mas sim a
espada (Mateus
10:34), aludindo
guerra em
família:
obviamente não
se referia a
conflitos
físicos
(duelos), mas à
vivência difícil
junto aos
parentes.
Difícil também
não só com
eles...
A espada a que
Jesus se referia
é aquela cujo
detentor,
simbolicamente
em ação própria,
corta o egoísmo,
o orgulho, a
vaidade, a
vingança.
Tenho como bem
clara a intenção
de Jesus quando
proclamou: “É
preferível
ganhar o Céu,
mesmo que para
isso o homem
venha a perder a
Terra”. Os
apóstolos deram
testemunho
disso, os
mártires também
são exemplos
dessa “perda da
Terra”. Hoje,
não precisamos
mais ser
trucidados em
arenas por
feras. Aliás,
foi o próprio
Mestre que no
abençoado Sermão
do Monte,
referindo-se às
bem-aventuranças,
disse à
multidão:
Bem-aventurados
os pacíficos
porque serão
chamados filhos
de Deus.
Recomendando a
doçura e a
afabilidade, o
Cristo ensinou o
roteiro que leva
o Espírito “a
ganhar o Céu” (o
Reino de Deus),
pleno de paz.
Por toda parte a
doutrina de
Jesus ensina que
para o homem
encontrar a paz
é necessário que
proceda sempre
com mansuetude,
com tolerância,
com afabilidade,
perdoando
“setenta vezes
sete vezes”.
Finalizando:
Na tarde da
aparição a Maria
Madalena, Jesus
apresentou-se
aos discípulos
que mantinham
fechadas as
portas onde se
encontravam, por
medo dos judeus.
Jesus veio e
pondo-se no meio
deles, lhes
disse: “A paz
esteja
convosco”, e a
seguir
mostrou-lhes as
mãos e lhes
disse de novo:
“A paz esteja
convosco” (João
20:11, 19 a 21).
A paz de Jesus é
pulsante, é luz
sem sombra e
movimento
harmônico de
corações. É
plena de Amor.