O Além e a Sobrevivência
do Ser
Léon
Denis
(Parte 1)
Iniciamos nesta edição o
estudo do livro
O Além e a Sobrevivência
do Ser, de
autoria de Léon Denis,
com base na 8ª edição
publicada em português
pela Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Esta obra divide-se
em duas partes. Qual é o
objeto da primeira?
A sobrevivência do ser
humano.
Haverá em nós um
elemento, um princípio
que persista, depois da
morte do corpo? Haverá
qualquer coisa da nossa
consciência, da nossa
personalidade moral, da
nossa inteligência, do
nosso eu, que
subsista à decomposição
do invólucro material?
Essas questões, eis o
objeto da primeira parte
da obra cujo estudo ora
iniciamos. (O Além e
a Sobrevivência do Ser.)
B. A época dos dogmas e
das teorias
especulativas já passou?
Sim. As afirmações
dogmáticas e as teorias
especulativas já não
bastam. O espírito
humano, que se tornou
difícil de contentar-se,
exige para toda crença
uma base positiva, um
criterium de
certeza. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
C. Onde se localiza o
Além?
Muitos há que
frequentemente fazem a
si mesmos esta pergunta:
- Onde está o Além? Ora,
o Além e o Aquém se
penetram, se confundem:
estão um no outro. O
Além é simplesmente o
que os nossos sentidos
não alcançam, os quais,
como se sabe, são muito
pobres, não nos
permitindo, por isso,
perceber senão as formas
mais grosseiras da vida
universal. As formas
sutis lhes escapam
absolutamente. (O
Além e a Sobrevivência
do Ser.)
Texto para leitura
1. Nesta obra,
Léon Denis propõe-se
abordar uma das mais
altas e mais graves
questões com que
defronta o pensamento
humano. Haverá em nós um
elemento, um princípio
que persista, depois da
morte do corpo? Haverá
qualquer coisa da nossa
consciência, da nossa
personalidade moral, da
nossa inteligência, do
nosso eu, que
subsista à decomposição
do invólucro material?
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
2. Neste breve estudo,
ficarão de lado – diz
ele – o domínio das
esperanças religiosas,
por muito respeitável
que seja, assim como o
das teorias filosóficas,
para exclusivamente
buscar as provas
experimentais capazes de
nos fixarem a opinião.
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
3. As afirmações
dogmáticas e as teorias
especulativas já não
bastam. O espírito
humano, que se tornou
difícil de contentar-se,
por efeito dos métodos
científicos e de crítica
hoje em uso, exige para
toda crença uma base
positiva, um
criterium de
certeza. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
4. Na época atual, em
que tantas convicções se
enfraquecem e extinguem,
em que tantas ilusões se
esfrangalham, o
respeito, o culto da
morte, continua sendo
uma das raras tradições
vivas. A lembrança dos
seres queridos se
conserva, intensa e
profunda, no coração do
homem. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
5. Foi em Paris, não o
esqueçamos, que se
estabeleceu o costume de
saudar os féretros ao
passarem. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
6. É, de fato, um
espetáculo tocante ver,
nos dias 1º e 2 de
novembro, por sob um céu
geralmente acaçapado e
sombrio, às vezes até
fustigadas por uma chuva
insistente, aborrecida e
gelada, numerosas
multidões se
encaminharem para os
cemitérios, a fim de
cobrirem de crisântemos
os túmulos daqueles a
quem amaram. (O Além
e a Sobrevivência do
Ser.)
7. Aos que voltam dessa
piedosa peregrinação e
mesmo aos que, em todas
as épocas do ano,
acompanham um enterro,
não se apresentará esta
interrogação: Que é
feito de todos esses
viajantes que
transpuseram os umbrais
do mundo invisível? E o
pensamento de cada um
interroga o oceano
silencioso dos mortos!
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
8. Sim, não obstante o
desenfreado amor à
matéria, característico
dos tempos atuais, não
obstante a luta ardorosa
pela vida, luta que nos
arrebata em sua
engrenagem e nos absorve
inteiramente, a ideia do
Além se ergue a todo
instante em nosso
íntimo. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
9. Suscitam-na o
espetáculo quotidiano
das tristezas da
Humanidade, a sucessão
das gerações que surgem
e passam, as chegadas e
partidas que se
verificam em torno de
nós, as constantes
migrações, de um mundo
para outro, daqueles que
partilharam dos nossos
trabalhos, das nossas
alegrias, das nossas
dores, dos que teceram a
nosso lado a teia não
raro tão dolorosa da
existência. (O Além e
a Sobrevivência do Ser.)
10. A todos quantos essa
questão se tenha
apresentado, pode então
ser perguntado: - Nunca
percebestes, no silêncio
profundo das horas
noturnas, das horas de
insônia, quando tudo
repousa em derredor,
algum ruído misterioso,
que se assemelhasse a
uma advertência de
amigos ou, melhor ainda,
o murmúrio de um ente
caro tentando fazer-se
ouvir? Não haveis
sentido passar-vos por
sobre a fronte como que
um sopro ligeiro, brando
qual carícia, ou o roçar
de uma asa? (O Além e
a Sobrevivência do Ser.)
11. Certamente, dirão: -
Isso é por demais vago e
pouco concludente. À
nossa época de
cepticismo são
necessárias
manifestações de outra
precisão, fenômenos mais
tangíveis, mais
probantes. (O Além e
a Sobrevivência do Ser.)
12. Tais manifestações,
contudo, existem e delas
é que esta obra irá
tratar, penetrando assim
o domínio do
espiritualismo
experimental, o domínio
das novas ciências
psíquicas que projetam
luz intensa sobre o
problema do Além. (O
Além e a Sobrevivência
do Ser.)
13. Desde alguns anos
estas ciências têm
tomado uma extensão
considerável e não é
mais possível ao homem
inteligente
desconhecê-las ou
desprezá-las. A despeito
das fraudes e dos
embustes, os fenômenos
psíquicos reais, de
todas as ordens, se
multiplicaram de tal
maneira que a
possibilidade de se
produzirem não mais dá
lugar à dúvida. (O
Além e a Sobrevivência
do Ser.)
14. Se alguns sábios
ainda os discutem, é
antes do ponto de vista
das causas atuantes do
que da realidade dos
fatos considerados em si
mesmos. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
15. Não faz muito,
verificou-se em nosso
mundo o nascimento de
uma nova ciência.
Rompendo o círculo
apertado em que a
ciência de ontem, a
ciência materialista se
confinara, ela rasgou ao
espírito humano imensas
aberturas sobre a vida
invisível. (O Além e
a Sobrevivência do Ser.)
16. O descobrimento da
matéria radiante, isto
é, de um estado sutil da
matéria, até então fora,
completamente, do
alcance das nossas
percepções, o
descobrimento dos raios
X, das ondas hertzianas
e da radioatividade dos
corpos demonstraram a
existência de forças, de
potências incalculáveis
e a possibilidade de
formas de existência que
os nossos fracos e
limitados sentidos, por
inaptos, não percebem.
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
17. Assim como o mundo
dos infinitamente
pequenos se nos
conservava desconhecido
antes da invenção do
microscópio, assim
também, sem as
descobertas de William
Crookes, Roentgen,
Berthelot e Curie,
ignoraríamos ainda que
um infinito de forças,
de radiações, de
potências nos cerca,
envolve e banha nas suas
profundezas. (O Além
e a Sobrevivência do
Ser.)
18. Depois daquelas
demonstrações, que homem
ousaria, doravante,
fixar limites ao império
da vida? A própria morte
parece não ser mais do
que uma porta aberta
para formas impalpáveis,
imponderáveis da
existência; as ondas da
vida invisível marulham
sem cessar em torno de
nós. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
19. Muitos há que
frequentemente inquirem
de si mesmos: - Onde
está o Além? Mas o Além
e o Aquém se penetram,
se confundem: estão um
no outro. O Além é
simplesmente o que os
nossos sentidos não
alcançam, os quais, como
se sabe, são muito
pobres, não nos
permitindo, por isso,
perceber senão as formas
mais grosseiras da vida
universal. As formas
sutis lhes escapam
absolutamente. (O
Além e a Sobrevivência
do Ser.)
20. Alias, que é que a
Humanidade, durante
longo tempo, soube do
Universo? Quase nada! O
telescópio e o
microscópio alargaram em
sentidos opostos o campo
de suas percepções.
(O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
21. Àquele que, antes de
inventado o microscópio,
falasse dos infusórios,
dessa vida exuberante
que desabrocha em
miríades de seres nos
ares e nas águas,
houveram certamente
respondido com um
encolher de ombros. Eis
que, porém, novas
perspectivas se
descerram e ignorados
domínios da Natureza se
revelam. (O Além e a
Sobrevivência do Ser.)
(Continua no próximo
número.)
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