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Brasil
Ano 10 - N° 473 - 10 de Julho de 2016
MARTHA RIOS GUIMARÃES
marthinharg@yahoo.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 


Fórum da USE Regional São Paulo discute coerência doutrinária
 
Todos os que falam em nome da Doutrina Espírita são responsáveis pela preservação da coerência doutrinária

 
De tempos em tempos surgem “novidades” que são absorvidas e praticadas pelo meio espírita sem avaliação criteriosa ou fundamentação doutrinária. O principal motivo para que isso ocorra é a falta de estudo da Codificação, deixada por Allan Kardec.

Preocupada com esses fatos, a USE Regional São Paulo realizou em 18 de junho de 2016, na cidade de São Paulo, o 1o Fórum Regional SP, tendo como tema central “Coerência Doutrinária: fé raciocinada em ação”.

Dividido em três módulos, seguidos de debate, o evento contou com a presença de mais de uma centena de pessoas da capita
paulista e de cidades vizinhas, to-

Público presente

das elas dirigentes e trabalhadoras em Casas Espíritas.

Os participantes elogiaram a organização do evento, destacando o delicioso café da manhã, bem como a eficaz e cordial recepção. “Estão todos de parabéns pela forma competente de organizar o fórum. Foi um dia muito agradável onde pudemos refletir sobre aspectos doutrinários e estar entre pessoas agradáveis”, afirmou Liana Mello, participante da capital.

O formato do encontro, que contou com exposições e com espaço para debates, também foi considerado positivo, exatamente por prever a participação de perguntas elaboradas pela plateia. Segundo a organização, o momento de discussões foi de suma importância para aproximar a teoria abordada pelos expositores da realidade das instituições espíritas.

A ideia da USE Regional São Paulo é promover fóruns anuais, sempre aliando teoria e debates que possibilitem melhorias na prática das Casas Espíritas. O conteúdo do evento será disponibilizado em breve, podendo ser acessado através do site do órgão: www.useregionalsp.org.br.

Expositores ressaltam a essencialidade da Codificação  

O físico e professor universitário Alexandre Fontes da Fonseca (foto) apresentou os dois primeiros módulos que trataram da validação de novos conceitos espíritas: “O método kardequiano empregado na codificação” e “Critérios para validar novos conceitos doutrinários”.

Fonseca lembrou que, conforme colocou Allan Kardec, um dos maiores entraves à propagação do Espiritismo é exatamente a falta de unidade, gerando interpretações divergentes. Também

ressaltou ser nosso dever zelar para que práticas incondizentes com o Espiritismo não sejam realizadas em nome da doutrina.

Citou, entre outras, mensagem de Bezerra de Menezes (pela psicografia de Divaldo Franco), quando o “médico dos pobres” pediu-nos: “não permitais que adições esdrúxulas sejam colocadas (...), que desviem os menos esclarecidos dos objetivos essenciais da doutrina.

Para tal, o primeiro exame a ser usado é o do bom senso, da racionalidade. O segundo é a concordância entre revelações espontâneas e provenientes de variados médiuns (estranhos entre si e de locais diferentes). Seguindo esses dois critérios, estabelecidos e respeitados pelo Codificador, estaremos nos precavendo de erros futuros.

Finalizou ressaltando que necessitamos conhecer e divulgar corretamente o Espiritismo. E mais: que é nosso dever evitar que práticas incondizentes com o Espiritismo sejam realizadas pelo meio espírita ou em nome da doutrina.

O terceiro módulo, intitulado “Conhecendo Kardec para validar conceitos doutrinários”, foi conduzido pela filósofa e escritora Astrid Sayegh (foto), que ressaltou ser a natureza científica da Doutrina Espírita diferente das ciências materiais, tendo ambas objeto e métodos específicos e diversos. Nesse contexto, não faz o menor sentido submeter a Doutrina Espírita às leis da ciência material.

Para Astrid, “tentar enquadrar o Espiritismo na sistemática das ciências materialistas é tentar prendê-lo

em uma gaiola de conceitos físicos, materiais” e mesmo que a Doutrina deva evoluir com as ciências, como bem colocou o Codificador, a doutrina é uma ciência de observação e não produto de imaginação, porém não é da alçada da ciência. 

Debate expõe fragilidades do movimento espírita 

Após as exposições, uma mesa composta pelos dois facilitadores e membros da Regional São Paulo (Antonio Carlos Amorim, vice-presidente; Marco Milani, diretor do Livro, e Wladisney Lopes, diretor de Orientação Doutrinária) responderam a perguntas do público presente.

A maioria delas versou sobre situações vivenciadas nas Casas Espíritas, como métodos relacionados à aplicação de passes, prática mediúnica, pesquisas relacionadas à reencarnação e outros temas doutrinários.

Sobre a distribuição de medicamentos, foi lembrado que em hipótese alguma o tratamento médico deve ser suspenso por parte dos que buscam na Casa Espírita soluções para seus problemas de ordem física. Além disso, existem leis que versam sobre esse assunto, devendo ser respeitadas pelas instituições e, muito importante, antes de um medicamento ser indicado é necessário que sejam feitas pesquisas que atestem sua real capacidade de auxiliar naquilo a que se propõe.

Da mesma maneira, antes de introduzir práticas variadas como sendo uma evolução nos métodos tradicionais propostos pelo Espiritismo, é preciso que haja estudos, discussões e obediência aos critérios determinados por Kardec para aceitação das supostas novidades espíritas.

Para os debatedores, todos os que falam em nome da Doutrina Espírita são responsáveis pela preservação da coerência doutrinária, devendo assumir essa tarefa com firmeza, caso contrário, continuarão ocorrendo distorções que fragilizam o movimento e o próprio Espiritismo.

Em outras palavras, é essencial o conhecimento da Codificação de maneira ampla e a troca de informações entre os que participam do meio espírita. Mas, acima de tudo, é essencial respeitar os critérios definidos por Kardec – e que continuam totalmente atuais – antes de absorvermos e divulgarmos um novo conceito espírita.

 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita