O homem: um ser
limitado
Refletir,
elaborar e
aplicar um “Código
de Moralidade”
está ausente dos
objetivos do
presente
trabalho e das
preocupações do
seu autor,
porque
incongruente com
a natureza
humana em geral;
e inexequível
para o autor, em
particular.
Reconhecer a
incapacidade
para assumir uma
prática
sistemática,
traduzida num
comportamento
moralista,
assente na
honestidade
absoluta, nas
tradições dos
alegados bons
costumes, na
moral e pudor
públicos, entre
outras posturas,
é por si só um
ato corajoso,
embora
incompreensível
e criticável
pelos puristas,
moralistas e
perfecionistas,
porque atingir
absolutos,
provavelmente,
ainda não é uma
faculdade
humana,
fisicamente
considerada,
estando
reservada a
entes
espiritualmente
divinizados e,
obviamente, ao
próprio Deus.
A incapacidade
para o homem
alcançar os
absolutos não
significa, de
modo algum, uma
situação de
total
relativismo,
porque dentro
das limitações
humanas, existem
situações,
princípios,
valores,
sentimentos,
emoções, deveres
e direitos que
não devem ser
relativizados,
de contrário,
duvidar-se-ia
das realizações
que a ciência, o
conhecimento, a
técnica e os
resultados
concretos têm
revelado ao
homem; este
duvidaria, no
limite, da sua
própria
existência.
O que se
pretende alertar
é para a
precariedade da
espécie humana,
com o dramatismo
que lhe é dado
viver,
justamente por
conhecer as suas
próprias
insuficiências e
limitações
concretas.
Afigura-se,
portanto,
difícil, afirmar
que uma
determinada
pessoa seja,
absolutamente,
ética, moral,
honesta,
perfeita ou
qualquer outro
atributo
sublime.
Decididamente, o
autor desta
reflexão não o
é.
Com efeito:
«A natureza
humana
apresenta-se
idêntica em
todos os homens,
que se podem
considerar todos
como membros da
humanidade e,
como indivíduos,
formar parte de
grupos sociais,
relacionando-se
uns com os
outros e com o
todo, como
partes
subordinadas,
portanto, ao
conjunto. Mas,
pela sua
qualidade
espiritual,
apresenta, cada
um, caráter de
totalidade, que
é o estatuto de
pessoa pelo qual
subordinam a si
todas as outras
realidades como
meios ao fim e
como possuído a
possuidor»
(SILVA,
1966:59).
Que alguma
pessoa se possa
arrogar o
direito de ser,
enquanto pessoa
humana, superior
à outra, parece
uma atitude
incorreta,
desfasada da
realidade que é
dado verificar,
pelo estado do
conhecimento
atual a que foi
possível chegar.
Qualquer
comportamento
xenófobo,
etnocêntrico,
racista,
narcisista, isto
é,
discriminatório,
constitui um
retrocesso e um
perigo para a
construção de
uma sociedade
humana, digna
dos indivíduos
que a compõem.
Naturalmente que
cada indivíduo é
uno,
indivisível,
constitui uma
singular
personalidade, é
irrepetível e
infalsificável.
A riqueza da
sociedade humana
reside nesta
multipluralidade
de indivíduos
que, utilizando
o jargão
popular, por ser
simples e
compreensível,
se pode
consubstanciar
na fórmula: “todos
iguais, todos
diferentes”,
o que significa
todos com
idêntica
dignidade, mas
também todos com
as suas
características
próprias e
únicas.
Hoje nenhum ser
humano consegue
viver isolado
porque ele
próprio vem
edificando uma
sociedade que,
seguramente,
deseja cada vez
mais harmoniosa,
mais justa, mais
segura, mais
fraterna. Em bom
rigor: «A
reconstrução de
laços sociais
verdadeiramente
inclusivos e
democráticos
exige-nos uma
prática renovada
de escuta,
abertura e
diálogo, e
inclusivamente
de convivência
com outras
tendências, sem
por isso deixar
de priorizar o
amor, que deve
ser sempre o
distintivo das
nossas
comunidades»
(BERGOGLIO,
2013:115).
Bibliografia:
BERGOGLIO,
Jorge, Papa
Francisco,
(2013). O
Verdadeiro Poder
é Servir. Por
uma Igreja mais
humilde. Um novo
compromisso de
fé e de
renovação
social. Tradução
de Maria João
Vieira /Coord.),
Ângelo Santana,
Margarida Mata
Pereira. Braga:
Publito.
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