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Um minuto com Chico Xavier

Ano 10 - N° 474 - 17 de Julho de 2016

REGINA STELLA SPAGNUOLO
rstella10@yahoo.com.br
Botucatu, SP (Brasil)
 

 

O grão de areia Na escola, fatos estranhos aconteciam. Muitas vezes, o menino sentia mãos inexistentes sobre as suas, guiando seus movimentos. Os colegas se chateavam com as visões do filho de João Cândido e, durante o recreio, tentavam colocar, a socos e pontapés, um pouco de juízo naquela cabeça dura. Intimidado, Chico abriu mão do descanso entre as aulas.

Em 1922, o país comemorava o centenário da Independência. O governo de Minas instituiu vários prêmios de redação para alunos da quarta série primária. Chico estava prestes a começar o texto quando viu um homem a seu lado ditando o que ele deveria escrever. Perguntou ao companheiro de banco se ele estava vendo algo. O colega negou.

Chico pediu licença à professora, Rosária Laranjeira, uma católica fervorosa, aproximou-se do estrado onde ela ficava e lhe contou o que estava acontecendo.

O que o homem está mandando você escrever?

Chico repetiu a frase: O Brasil, descoberto por Pedro Álvares Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo, que logo passou a ser engastado na coroa portuguesa...

Dona Rosária disse que não era nada normal que ele visse pessoas que ninguém via, garantiu que ele deveria estar ouvindo a si mesmo e mandou-o de volta à carteira. Não importava se o texto fosse ditado ou não por algum homem invisível. O importante era concluí-lo.

Algumas semanas depois, a Secretaria de Educação de Minas divulgou os resultados do concurso, disputado por milhares de estudantes.

Chico Xavier, de Pedro Leopoldo, recebeu menção honrosa. A turma ficou dividida. Colegas espalharam o boato de que o garoto tinha copiado o trecho premiado de um livro qualquer. Outros, a minoria, apostaram nos dons, mediúnicos ou literários, do amigo. Os grupos se formaram e alguém, na sala, lançou o desafio. Se o texto dele foi ditado por alguma pessoa do outro mundo, por que esse homem não reaparecia para escrever sobre algum assunto proposto pelos colegas?

No exato momento do desafio, Chico viu a assombração pronta para escrever e comunicou o fato à professora. Ela resistiu à ideia, mas a pressão dos colegas foi mais forte. Enquanto Chico caminhava até o quadro-negro, uma das alunas, Oscarlina Lerroy, propôs o assunto: areia.

Tenho carregado muita areia para ajudar meu pai numa construção. As gargalhadas ecoaram na sala. O tema era insignificante, ridículo. Chico pegou o giz. Silêncio absoluto. Palavras inusitadas se arrastaram pelo quadro-negro:

"Meus filhos, ninguém escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o sol de Deus".

Após o espetáculo, dona Rosária proibiu qualquer comentário na sala de aula sobre pessoas invisíveis.
 

Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita