Year 10 - N° 468 - June 5, 2016

WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

 
Entrevista Espanhol Inglês    

Ano 10 - N° 477 - 7 de Agosto de 2016

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 

 
Décio Iandoli Júnior:

“Refazer a ponte entre a ciência e a espiritualidade,
eis o objetivo das AMEs”

O conhecido médico e palestrante, atual presidente da Associação Médico-Espírita de Mato Grosso do Sul, fala sobre a atuação das associações médico-espíritas – AMEs – e seus objetivos

Médico formado em 1987, com especialização em cirurgia e endoscopia e doutorado pela UNIFESP, Décio Iandoli Júnior (foto) nasceu na capital de São Paulo e reside em Campo Grande (MS). Espírita desde 1995, vincula-se na cidade onde reside ao Centro Espírita Maria Modesto Cravo e atua junto à Associação Médico-Espírita estadual, brasileira e internacional. Preside a AME-MS e é vice-presidente

da AME-Internacional. Suas respostas trazem expressiva contribuição ao pensamento espírita na vinculação da ciência com a religião.(1)

Como se tornou espírita? 

Após a morte de minha avó paterna comecei a ter sonhos perturbadores com ela e uma amiga espírita, a quem contei o que se passava, passou a me explicar como se davam as comunicações entre encarnados e desencarnados despertando minha atenção e curiosidade. Com isso, pedi a ela uma referência bibliográfica para saber mais sobre o assunto, e ela me indicou O Livro dos Espíritos. Iniciei a leitura no final de um dia e só parei no amanhecer do outro dia; passei a noite lendo emocionado, sem mesmo sentir sono. Lembro-me de que fui trabalhar na manhã do dia seguinte (tinha plantão no pronto-socorro) com o livro debaixo do braço. Costumo dizer que naquele dia não me "tornei" espírita, mas "descobri" que era espírita. 

O que mais lhe chama atenção na Doutrina Espírita? 

A razão, a lógica e o pensamento organizado e cristalino com que assuntos tão complexos e difíceis foram tratados por Allan Kardec, deixando sempre o espaço para a evolução do pensamento, ou seja, uma base sólida e estruturada de forma muito segura, pronta para receber o conhecimento científico na medida em que é produzido. 

E o envolvimento com a AME, como se deu? 

Na verdade, após a leitura de O Livro dos Espíritos, essa minha amiga e seu esposo, que também eram médicos, me convidaram para participar das reuniões da AME-Baixada Santista, hoje AME-Santos, na cidade onde morei após minha formatura e onde vivi por 22 anos; portanto, passei a frequentar a AME antes mesmo de conhecer um centro espírita. 

E como está hoje a AME no país? Quais as repercussões sentidas dessa atuação? 

Hoje temos mais de 64 AMEs em todo o Brasil com vários novos grupos se formando a cada dia e com vários departamentos atuantes com realizações importantes por todo o Brasil e fora dele também. Muitas publicações científicas em revistas importantes e de impacto mundial, livros com conteúdos que desenvolvem o paradigma espiritualista à luz da ciência, promoção de cursos, jornadas e congressos, com especial destaque para o MEDNESP, que é o congresso nacional das AMEs e que ocorre bianualmente nos anos ímpares, além da presença das AMEs nas universidades implantando ligas acadêmicas, cursos de pós-graduação e disciplinas optativas. No movimento espírita temos procurado auxiliar no desenvolvimento e divulgação dos aspectos científicos, sem deixar de lado o aspecto moral da doutrina, levando o centro espírita para a universidade e a universidade para o centro espírita. 

Quais as maiores dificuldades encontradas? 

As resistências oferecidas pelos colegas médicos são muito sentidas por nós no âmbito acadêmico, além do que muitos dos nossos confrades espíritas ainda avaliam o movimento médico-espírita como sendo elitista, o que é uma pena. A Dra. Marlene Nobre, nossa grande orientadora e responsável direta pela implantação das AMEs no planeta, sob a orientação do nosso patrono Dr. Bezerra de Menezes, sempre dizia que as AMEs não eram um movimento de massas, ou seja, não deveríamos nos preocupar com os obstáculos ou com a adesão dos colegas de profissão, mas trabalhar obstinadamente para refazer a ponte entre a ciência e a espiritualidade. 

Os eventos médicos espíritas têm gerado bastante interesse em todo o país. Comente sobre isso. 

Em 2015, no Centro de Convenções de Goiânia, foi realizado o X MEDNESP e, também, foram comemorados os 20 anos de fundação da AME-Brasil com a participação de mais de 100 oradores nacionais e internacionais e um público de mais de 2.000 pessoas. Em 2017 o XI MEDNESP será no Rio de Janeiro e já está sendo prevista uma participação ainda maior do público. Além disso, as jornadas e congressos regionais e internacionais atraem cada vez mais pessoas, espíritas ou não.

Acredito que esse interesse se dá pela evidente mudança de paradigma que estamos vivendo na ciência hoje, atraindo todos os que têm algum interesse nas questões do espírito, além do mais, para os espíritas de uma maneira geral, os assuntos abordados trazem maior entendimento para os fenômenos espirituais, assim como aos aspectos morais, que passam a ser discutidos sobre uma base científica, reforçando os ensinamentos morais e filosóficos da doutrina.  

Quais as principais expectativas do público quando de um evento médico- espírita, considerando a velha questão saúde do corpo e da alma? E como a AME tem administrado a questão na escolha dos temas e palestrantes? 

O interesse principal do público é sobre Saúde e Espiritismo e as AMEs têm levantado questões e hipóteses com o intuito de trazer uma nova visão para o binômio saúde-doença. Mesmo os espíritas que não são da área da saúde prestam assistência aos frequentadores dos Centros Espíritas e, por isso, buscam informações teóricas e orientações práticas que possam aperfeiçoar seu atendimento. Os temas têm sido levantados pelos próprios participantes das AMEs, de acordo com seus estudos e as pesquisas que surgem segundo a demanda de cada um em suas instituições específicas e suas experiências profissionais; entretanto, estudos sobre mediunidade, obsessão, passe, perispírito, evolução têm sido assuntos bastante discutidos, além dos temas de saúde mental como a depressão e as psicoses, desenvolvidos por psiquiatras e psicólogos vinculados às AMEs ou à ABRAPE (Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas), que tem participado conosco em estudos e eventos, numa parceria muito interessante. 

Os profissionais médicos espíritas têm sido sensíveis à causa da AME? Como? 

Acho que o discurso sóbrio e bem embasado que sempre foi característica das AMEs, acrescido do manancial de estudos científicos e livros produzidos, tem trazido à AME, cada vez mais, o seu reconhecimento como instituição séria e confiável no meio acadêmico e espírita, tanto para a produção de conhecimento científico, como consultora em aspectos éticos voltados à medicina e à saúde humana e animal (temos importante participação dos médicos veterinários nas fileiras das AMEs). Sendo assim, muitos colegas que inicialmente rejeitavam o movimento médico-espírita têm percebido o potencial do grupo para colaborar com o movimento espírita de uma forma geral, assim como se dá com as demais instituições espíritas chamadas de especializadas, trabalhando em uníssono com o movimento federativo e buscando colaborar com as Federativas e o CEI – Conselho Espírita Internacional. Devagar os preconceitos devem ceder à vontade de poder integrar o conhecimento do Espiritismo às nossas atuações profissionais, elevando a qualidade do atendimento que prestamos às pessoas. 

Algo marcante de sua experiência médica e espírita que gostaria de relatar? 

Acho que o que mais me marcou nesses anos de doutrina foi a receptividade dos europeus e dos norte-americanos ao nosso discurso, que tem propiciado várias e importantes parcerias no campo da pesquisa científica, além de chamar a atenção para o Espiritismo fora do Brasil. Desde 2003 que tenho tido a oportunidade de participar com a Dra. Marlene (desencarnada em janeiro de 2015) de eventos de medicina e espiritualidade na Europa e nos EUA e pude acompanhar de perto o crescente interesse que a doutrina provoca e como, principalmente o europeu, se sente gratificado quando apresentamos a eles uma possibilidade de se religarem a Deus por um caminho científico e compatível com o pensamento racional que eles têm. 

Lembro-me muito claramente do primeiro congresso que realizamos em Londres com o auxílio da BUSS (federativa espírita britânica), e que, quando fui iniciar minha palestra com o auditório lotado, pude perceber que a imensa maioria dos espectadores colocou o fone de ouvido para ouvir o tradutor. Pensei: - Meu Deus, estamos, realmente, falando para os europeus, não são apenas brasileiros que vivem na Europa. Esta experiência me marcou muito. 

Algo mais a acrescentar? 

Queria ressaltar a importância que a obra de Chico Xavier - André Luiz e Emmanuel - tem para nós das AMEs. Esses livros têm-se demonstrado verdadeiras bússolas que orientam o caminho a ser seguido para desenvolvermos a ciência sob o paradigma espiritualista, assim como a obra Divaldo Franco. Joanna de Ângelis tem sido importante para os psicólogos e psiquiatras que trabalham para avançar no tema da saúde mental. 

Palavras finais

Minhas palavras finais vão para a nossa querida Dra. Marlene Nobre que, obstinadamente, aceitou e executou o trabalho de implantação das AMEs na Terra, inicialmente com a AME-São Paulo fundada em 1968 e, depois, desenvolvendo as AMEs regionais e fundando a AME-Brasil e a AME-Internacional. Ela merece toda a nossa gratidão pela oportunidade de trabalho que nos ofertou, permitindo que pudéssemos refazer equívocos do passado e reconstituir a tão necessária ligação entre a ciência e a espiritualidade.  

(1) A sigla AME significa Associação Médico-Espírita. 



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita