Se Jesus cobrasse direitos
autorais
– Pelos idos de 1946, Chico
manifesta sua preocupação em
relação à cobrança de
direitos autorais de livros
espíritas em correspondência
dirigida a Wantuil,
presidente da FEB. Segue um
trecho dessa correspondência
com oportuno comentário de
Suely Caldas Schubert:
“(...) De todos os tópicos
de tua última, destaco o
caso (...) como um fato de
amargar. Surpreendi-me
bastante. Não o supunha
capaz de semelhante gesto.
Julgava-o distanciado das
ideias de “direitos
autorais”. E, como a questão
por ele suscitada em carta
endereçada às tuas mãos é
muito triste, limito-me a
dizer: — “Que pena!” —
Imagine, meu caro Wantuil,
se Jesus nos cobrasse
direitos autorais de suas
bênçãos, onde iríamos. É por
isso que estranho a cobrança
de tais vantagens por parte
daqueles que o servem neste
mundo. Isso é compreensível
nos servidores da morte,
sempre receosos do presente
e do futuro, mas, nos filhos
da vida eterna, não posso
compreender.”
Chico Xavier jamais aceitou
um centavo pelas vendas de
seus livros. Todas as suas
obras mediúnicas tiveram os
direitos autorais cedidos,
inicialmente à FEB e, anos
mais tarde, a outras
instituições e editoras às
quais ele quis beneficiar
também. É natural, portanto,
que ele se admirasse ao ver
que determinado companheiro
não abria mão dos direitos
autorais de suas obras.
“Imagine, meu caro Wantuil,
se Jesus nos cobrasse
direitos autorais de suas
bênçãos, onde iríamos!
É por isso que estranho a
branca de tais vantagens por
parte daqueles que o servem
neste mundo.”
Há dois milênios vimos
mercadejando as bênçãos que
o Senhor nos concede. Foi
fácil estabelecer um preço
para servi-lo. Foi
extremamente simples para os
homens transformarem os
templos em verdadeiros
mercados onde Jesus fosse
comercializado, diariamente.
Ainda hoje, o homem acha
natural o comércio da fé e a
freguesia se acostumou a
pagar porque torna tudo mais
cômodo e menos trabalhoso.
A Doutrina Espírita, o
Consolador Prometido por
Jesus, veio restabelecer a
Verdade. Ela nos traz o
Evangelho em sua feição pura
e real. Os erros humanos que
descaracterizaram e
desfiguraram quase
totalmente os ensinos do
Senhor já não mais
obscurecem as suas luzes.
Por isso, em Doutrina
Espírita tudo é
absolutamente grátis. Todos
trabalham pela honra de
servir, pelo anseio de fazer
o bem e ser bom. A
mediunidade é exercida com
espírito de caridade e,
compreendendo-se que todo
Bem promana de Deus e que os
médiuns são instrumentos
humanos de que se valem os
benfeitores da Vida Maior
para espalhar as bênçãos
divinas. Da mesma forma a
pregação doutrinária e todo
e qualquer labor vinculados
à Doutrina Espírita.
“Isso é compreensível nos
servidores da morte, sempre
receosos do presente e do
futuro (...).”
Os que transformam os
benefícios e bênçãos do
Senhor em comércio; os que
deturpam os ensinamentos do
Mestre; os que se valem de
sua posição de condutores de
almas, para desviá-las e
induzi-las ao erro e ao mal;
os que sendo chamados se
negam ao testemunho; os que
renegam o Cristo e se dizem
céticos; os que O combatem;
os que traem as promessas e
compromissos assumidos com
Ele, estes são os
“servidores da morte” e,
consequentemente, estão
“sempre receosos do presente
e do futuro”.
“(...) mas, nos filhos da
vida eterna não posso
compreender.”
Chico assim denomina os
espíritas:
- aqueles que compreenderam
os ensinos de Jesus;
- os que O servem com
abnegação;
- os que O buscam com fé e
esperança;
- os que trabalham por amor,
em Seu nome;
- os que renunciam a si
mesmos para que Ele viva.
Filhos da Vida Eterna: que
doce e consoladora certeza
esta. Que grandes e graves
responsabilidades nos
transmitem!
Do livro “Testemunhos de
Chico Xavier” , de Suely
Caldas Schubert.
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