O homem
contemporâneo,
que investiga
desde o micro ao
macrocosmo,
cambaleia, ante
os vestíbulos da
sepultura com a
mesma amargura
dos egípcios,
dos gregos e dos
romanos de
épocas recuadas.
Os milênios que
arrasaram
civilizações e
refundiram povos
não
transformaram a
emblemática
expressão do
túmulo.
Infinitos pontos
de interrogação,
a morte continua
ferindo
sentimentos e
torturando
inteligências. O
homem tem
sentido
perturbação e
temor perante a
expectativa da
desencarnação. E
esse receio tem
sido alimentado
por uma mistura
de falsos
conceitos
religiosos,
senso comum e
crenças pessoais
arraigadas.
O problema do
medo da morte é
que ele pode
impedir que se
tenha encanto na
vida e minar a
confiança de que
a vida tenha
maior
significado. As
religiões
textualistas são
especialmente
responsáveis por
gerar uma série
de fobias e
mitos a respeito
da inevitável
viagem ao
túmulo. A má
formação
religiosa tem
deixado muitas
pessoas confusas
a respeito da
situação dos
mortos no
além-tumba. Os
destinos, que
incluem o céu,
inferno,
purgatório,
limbo, vão desde
o misterioso até
o absolutamente
assombrador. Por
outro lado, obra
Death -The Final
Stage of Growth
afiança que a
morte é uma
parte integrante
da nossa vida, é
normal, é o fim
natural de todos
os organismos
vivos. Tal
crença
materialista,
por sua vez, tem
fomentado uma
filosofia
niilista e o
comportamento
pessimista.
Há pessoas que
sofrem de
tanatofobia
(receio mórbido
da morte).
Psicólogos têm
examinado os
efeitos mentais
e sociais
causados por
pensar na
morte. Segundo
alguns, pensar
na morte nos
torna mais
nacionalistas,
mais
preconceituosos
e reforça
atitudes
igrejeiras ou
inconscientemente
religiosas, bem
como afeta as
crenças
políticas.
Narram que a
morte nos deixa
mais punitivos e
conservadores. A
lembrança da
morte alimenta o
desejo por fama
comumente
associado a uma
imortalidade
simbólica, daí a
busca pela
imortalidade nas
tais academias
de letras.
Será que pensar
mais na morte
pode nos tornar
mais punitivos e
preconceituosos?
Talvez em alguns
tais efeitos
possam ocorrer
justamente
porque estejam
desacostumados a
pensar e falar
sobre a morte.
Entendemos que
pensar
diariamente
sobre a
inexorável lei
da desencarnação
pode nos tornar
mais sóbrios
diante dos
desafios do dia
a dia.
Reconhecemos,
além disso, que
o viver tentando
ocultar na
consciência a
futura
desencarnação
demonstra uma
evidente
pusilanimidade
diante dos
necessários
obstáculos da
reencarnação.
O problema do
medo da morte é
que ele pode
impedir que
tenhamos
liberdade e
prazer de viver.
Daí o conforto
que a Doutrina
Espírita nos
traz, ao
instruir sobre a
vida do Espírito
aqui e no além.
Somos Espíritos
eternos, nossa
vida não
principia nem
termina em uma
única
existência. Da
mesma forma, as
legítimas
afeições são
para sempre. As
afeições não
morrem com a
desintegração do
corpo físico. Os
sentimentos não
pertencem ao
corpo, mas ao
Espírito, e os
transportamos
conosco. A morte
apenas dilata as
concepções e nos
aclara a
introspecção,
iluminando-nos o
senso moral, sem
resolver,
obviamente, de
maneira
absoluta, os
problemas que o
Universo nos
propõe a cada
passo, com os
seus espetáculos
de grandeza.
A desencarnação
é a única regra
para a qual não
há exceção.
Todos
pereceremos,
portanto, não há
como iludir o
pensamento
tentando
camuflar esse
impositivo da
natureza. Em
face disso,
permitamos que o
pensamento sobre
a “morte”
componha de
forma
ininterrupta e
serena nossos
estados mentais,
reflexão sem a
qual estaremos
desaparelhados
para a
desencarnação ou
até
despreparados
para enfrentar
com resignação a
“morte” dos
nossos entes
queridos.
A “morte” física
não é o
extermínio das
aspirações e
anseios no bem,
porém o ingresso
para a
existência
autêntica, para
a vida real.
Sim! A
existência
física é
ilusória, fugaz,
transitória
demais. A
separação do
corpo pela
“morte” não é
uma anomalia da
natureza.
Simplesmente
transfere-se da
dimensão física,
para o ambiente
espiritual.
Todavia,
efetivamente,
importa refletir
que “morrer”
(término da vida
biológica) e
desencarnar
(desligamento do
perispírito) são
fenômenos que
nem sempre
acontecem
simultaneamente.
Os intervalos de
tempo para
desligar-se do
corpo variam
para cada
Espírito. Para
uns podem ser
mais demorados,
para outros
podem ser
passagens
ligeiras.
Nossas ações
tecem asas de
libertação ou
grilhetas de
cativeiro, para
a nossa vitória
ou nossa perda.
A maior surpresa
da morte física
é a de nos
colocar face a
face com a
própria
consciência,
onde edificamos
o céu,
estacionamos no
purgatório ou
nos precipitamos
no abismo
infernal, nesse
sentido, a
ninguém devemos
o destino senão
a nós próprios.
O intervalo de
tempo entre a
“morte”
biológica e a
desencarnação
tem relação
direta com os
pensamentos e
ações praticados
enquanto
encarnado.
Ninguém topará
com o “céu” ou o
“inferno” do
lado de “lá”,
porquanto o
“empíreo” e a
“geena” são
conteúdos
mentais
construídos aqui
no plano físico.
Após o fenômeno
da desencarnação
cada Espírito
irá deparar com
o cárcere ou a
liberdade de
consciência a
que faz merecer
como fruto do
desleixo ou
disciplina
mental que
cultivou durante
a experiência
física.
São
indescritíveis
flagelações no
além que vão da
inconsciência
descontínua à
loucura
completa,
senhoreiam as
mentes
torturadas, por
tempo variável,
conforme as
atenuantes e
agravantes da
culpa, induzindo
as autoridades
superiores a
interná-las no
plano físico
(reencarnação),
quais enfermos
graves, em celas
físicas de breve
duração, para
que se
reabilitem,
gradativamente,
com a justa
cooperação dos
Espíritos
reencarnados,
cujos débitos
com eles se
afinem. Os
endividados que
se afundaram nos
excessos, nas
viciações, nos
prazeres
mundanos cunham
intensas
impressões e
vínculos
magnéticos na
matéria, e
unicamente
alcançarão a
liberação desses
laços após um
intervalo de
tempo muito
longo. Lembrando
que mesmo após a
ruptura dos
embaraços
magnéticos que
os algemavam à
vida física,
padecerão no
além, por tempo
indefinido, os
tormentos
disseminados nas
vias de suas
experiências no
mal (eis aí o
símbolo do
inferno).
Já os que vivem
com mais
dedicação às
coisas do
Espírito, esses
encontram
maiores
elementos de paz
e felicidade no
futuro. Todos os
que alcançaram
aproveitar a
encarnação, sem
viciações e
apegos, os que
cumpriram a lei
de amor tornam
menos densos os
laços magnéticos
que prendem o
Espírito ao
corpo. Nesse
caso, a
desencarnação
será rápida,
proporcionando
adequada
liberdade, até
mesmo antes de
sua consumação.
Para os que
sofreram mais,
em razão da sua
renúncia aos
apelos da vida
mundana, a morte
é um remanso de
tranquilidade e
de esperança.
Encontrarão no
além a paz
ambicionada nos
seus dias de
lágrimas
torturantes (eis
aí a metáfora do
céu).