Benefícios da
mediunidade
Já são conhecidos, ao
longo do tempo, os
benefícios da
mediunidade em prol da
humanidade.
Inicialmente
disciplinada e orientada
pela Doutrina Espírita –
especialmente pelas
lúcidas instruções
contidas em O Livro
dos Médiuns, que em
2011 alcançou seus 150
anos de publicação – e
depois pelas bênçãos das
psicografias
consoladoras em cartas
daqueles que partiram
antes aos amores que
ficaram nas saudades da
ausência física.
Chico Xavier, exemplar
medianeiro, psicografou
milhares de cartas
consoladoras. Muitas
delas se transformaram
em livros, o que também
ocorre com Divaldo e
outros médiuns
comprometidos com o bem
preconizado pelo
Espiritismo. O fato real
é mesmo que, seja no
conforto moral ou nas
instruções doutrinárias,
o correio da mediunidade
se traduz em
extraordinário
instrumento ou ponte
entre o mundo dos
Espíritos e aquele em
que nos situamos, dos
encarnados, de imensos
desafios gradativos de
aperfeiçoamento.
Instrumento que educa,
ensina, orienta,
conforta, explica e
aproxima. Basta pensar e
ampliar o assunto nos
socorros prestados a
Espíritos dementados ou
desequilibrados,
sofredores de toda ordem
e atendidos pelos
benefícios das chamadas
reuniões mediúnicas e de
desobsessão, como
conhecidas. Quantos
dramas expostos e
atendidos? Impossível
mensurar. Todavia,
simultaneamente, quanto
aprendizado aos
participantes
encarnados?
É mesmo um imenso
caminho de bênçãos e
aprendizados pela
mediunidade.
Há que se considerar,
entretanto, a
responsabilidade
envolvida e a
necessidade permanente
de estudo e disciplina
com a questão. A obra
sesquicentenária, mais
do que nunca, precisa
ser divulgada, estudada,
conhecida, para se
evitarem os
desvirtuamentos próprios
e sempre decorrentes da
falta de estudo e
orientação trazida pelos
códigos doutrinários.
Como empenhar-se em
tarefa de tal gravidade
sem conhecimento e
perseverança? É o
desafio a que somos
chamados, como
pesquisadores,
estudiosos, médiuns,
dirigentes,
palestrantes, escritores
e mesmo na condição
comum de adeptos do
Espiritismo, que
solicita estudemos seu
conteúdo para não
cairmos no fanatismo e
no misticismo, tão
prejudiciais e
incoerentes com a
salutar prática e
vivência do Espiritismo.
Mas nosso objetivo maior
na presente abordagem é
mesmo destacar o aspecto
consolador da
mediunidade. Para isso
busco o livro Maior
que a vida, da Lucy
Dias Ramos, de edição da
Federação Espírita
Brasileira. Lucy é
conhecida articulista
espírita e autora com
vários livros publicados
e radicada em Juiz de
Fora-MG. Lucy viveu a
experiência da
desencarnação muito
próxima do marido e da
filha mais velha.
No capítulo 26 da citada
obra, a autora, como em
toda obra, traduz seus
sentimentos com relação
à chamada “perda
familiar” que o
Espiritismo explicou com
racionalidade sobre
temporalidade da questão
da separação de
entes-queridos. Mas Lucy
abre seu coração ao
leitor com considerações
muito confortadoras para
todos os casos de
separação que se
verificam todos os dias
no planeta, face à nossa
condição de seres
imortais habitando
corpos perecíveis...
Nesse propósito ela
inclui no livro a
psicografia de sua filha
Sandra, transmitida à
médium Suely Caldas
Schubert em agosto de
2009. O Espírito
dirige-se ao marido, aos
filhos e demais
familiares, à própria
mãe e aos amigos mais
próximos, com o perfil
próprio da serenidade e
do conhecimento que se
depara com a realidade
palpável da
imortalidade, condição
de todos nós, os filhos
de Deus. Em determinado
trecho, destaca: “(...)
vocês é que estão
viajando, eu regressei
da viagem, estou de
volta ao Lar (...)”.
Interessante observação
essa a merecer nossa
reflexão diante da
morte. E afirma depois:
“(...) Os laços afetivos
são indissolúveis e hoje
tenho nova dimensão dos
sentimentos nobres, dos
valores que já procurava
cultivar, mas que agora
são a motivação maior de
minha vida, porque não
preciso mais manter as
preocupações da vida
física, com suas
dificuldades, bloqueios,
falta de tempo, enfim,
uma série de situações
que nos tiram do foco
central de nossa vida de
Espíritos imortais
(...)”.
Quase concluindo,
dirige-se ao marido:
“(...) Carlos, estou a
seu lado sempre que
posso. Seu amor e
dedicação iluminaram
minha vida. (...)”;
depois também aos filhos
e diz aos irmãos: “(...)
que saudades! Nosso
querido pai os acompanha
e ajuda-os a viver a
vida, como aos netos e
toda a família (...)”.
E tudo isso pelo correio
da mediunidade, sublime
instrumento de
intercâmbio entre os
afetos que não se
esquecem. Notável
mecanismo de educação e
orientação para a
humanidade. Como
desconhecê-la ou
desprezá-la? Não! É
preciso mesmo estudar
para entender seus
mecanismos e uso
coerente que traz
bênçãos como essa, tão
comum entre os seres que
se amam...
Referida abordagem
surgiu-me ao encontrar o
comentário sobre o
livro, produzido pelo
amigo Rogério Coelho, de
Muriaé-MG, e publicado
no boletim LUZ NO
CAMINHO, da Sociedade
Muriaense de Estudos
Espíritas, no.
163, de janeiro de 2011.