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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 481 - 4 de Setembro de 2016

RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)

 


Corinthians
X Palmeiras


Se você está surpreso com o título acima para um artigo espírita, então estamos empatados, porque eu também nunca pensei que algum dia utilizaria tal denominação. Mas o conteúdo veio tão manso e espontâneo e se aninhou nas teclas do computador que não tive a coragem de não transcrevê-lo. Vamos conferir se valeu a pena.

Se você está pensando que sou torcedor de um desses times de futebol, enganou-se. Não torço por time nenhum por razões que não vou enumerar em respeito ao livre-arbítrio de cada um.

Mas quando eles jogam um contra o outro, creio que Deus deve ficar em dúvida. Por quê? Muito simples: os corintianos pedem a Ele que o time do seu coração vença o jogo. Por sua vez os palmeirenses fazem o mesmo.

Aí surge a dúvida: a quem atender? Creio que o Criador é que nem eu, ou seja, não gosta de jogo de futebol e deixa que as coisas se resolvam no campo mesmo.

Citei esse exemplo porque nós fazemos com Ele a mesma coisa que os torcedores fazem, pedindo pelo seu time predileto.

Quando estamos desencarnados e em situação de sofrimento ou apenas precisamos evoluir, nos é proposto um trabalho aqui na Terra.

Em consequência, vários compromissos são expostos ao candidato ao retorno.

Você aceita uma esposa que não seja uma Amélia?

Você aceita um marido que não seja o príncipe encantado dos seus sonhos?

Você aceita como filhos Espíritos que precisam da sua colaboração para serem devidamente educados?

Você aceita uma enfermidade que castiga o corpo, mas depura a alma?

Você aceita a dificuldade financeira?

Você aceita o patrão exigente? A profissão extenuante? O alimento escasso? As roupas simples, porém, asseadas? Não conseguir estudar como desejaria?

A cada proposta meneamos afirmativamente a cabeça.

Entretanto, quando vestimos o corpo de carne, queremos anular tudo aquilo com que concordamos previamente. Não temos paciência com a esposa. Reclamamos daquele homem ao qual nos unimos pelo matrimônio. Queremos devolver os filhos difíceis para Deus. Protestamos contra a situação financeira complicada. Maldizemos o alimento que nos atende às necessidades orgânicas sem exagero. Invejamos a roupa, o carro, a casa do vizinho. Odiamos o patrão. Frustramo-nos por não conseguir o diploma do nosso sonho. E vai por aí afora. Pulamos de um extremo para o outro e pedimos que Deus anule o nosso programa reencarnatório.

A quem Ele deve atender: ao torcedor do homem físico transitório ou ao torcedor do Espírito imortal? Do lado de lá torcíamos pelo Espírito. Do lado de cá, mudamos de torcida em favor do homem material.

E agindo como os torcedores dos times mencionados no início, não entendemos a decisão do Criador e protestamos e reclamamos do resultado do jogo.

Como é difícil a posição Dele!

Vamos pedir ajuda ao árbitro Emmanuel, em seu livro Vinha de Luz:

“Antes de reencarnação necessária ao progresso, a alma estima na ‘porta estreita’ a sua oportunidade gloriosa nos círculos carnais. Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida.

Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as ‘portas largas’ por onde transitam as multidões.

Mas... é tarde. Rogaram a ‘porta estreita’ e receberam-na, entretanto, recuaram no instante do serviço justo. E porque se acomodaram muito bem nas portas largas, volvem a integrar as fileiras ansiosas daqueles que procuram entrar, de novo, e não conseguem”.

Posso apitar o final do jogo?




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita