Corinthians
X
Palmeiras
Se você está surpreso
com o título acima para
um artigo espírita,
então estamos empatados,
porque eu também nunca
pensei que algum dia
utilizaria tal
denominação. Mas o
conteúdo veio tão manso
e espontâneo e se
aninhou nas teclas do
computador que não tive
a coragem de não
transcrevê-lo. Vamos
conferir se valeu a
pena.
Se você está pensando
que sou torcedor de um
desses times de futebol,
enganou-se. Não torço
por time nenhum por
razões que não vou
enumerar em respeito ao
livre-arbítrio de cada
um.
Mas quando eles jogam um
contra o outro, creio
que Deus deve ficar em
dúvida. Por quê? Muito
simples: os corintianos
pedem a Ele que o time
do seu coração vença o
jogo. Por sua vez os
palmeirenses fazem o
mesmo.
Aí surge a dúvida: a
quem atender? Creio que
o Criador é que nem eu,
ou seja, não gosta de
jogo de futebol e deixa
que as coisas se
resolvam no campo mesmo.
Citei esse exemplo
porque nós fazemos com
Ele a mesma coisa que os
torcedores fazem,
pedindo pelo seu time
predileto.
Quando estamos
desencarnados e em
situação de sofrimento
ou apenas
precisamos
evoluir, nos é proposto
um trabalho aqui na
Terra.
Em consequência, vários
compromissos são
expostos ao candidato ao
retorno.
Você aceita uma esposa
que não seja uma
Amélia?
Você aceita um marido
que não seja o príncipe
encantado dos seus
sonhos?
Você aceita como filhos
Espíritos que precisam
da sua colaboração para
serem devidamente
educados?
Você aceita uma
enfermidade que castiga
o corpo, mas depura a
alma?
Você aceita a
dificuldade financeira?
Você aceita o patrão
exigente? A profissão
extenuante? O alimento
escasso? As roupas
simples, porém,
asseadas? Não conseguir
estudar como desejaria?
A cada proposta meneamos
afirmativamente a
cabeça.
Entretanto, quando
vestimos o corpo de
carne, queremos anular
tudo aquilo com que
concordamos previamente.
Não temos paciência com
a esposa. Reclamamos
daquele homem ao qual
nos unimos pelo
matrimônio. Queremos
devolver os filhos
difíceis para Deus.
Protestamos contra a
situação financeira
complicada. Maldizemos o
alimento que nos atende
às necessidades
orgânicas sem exagero.
Invejamos a roupa, o
carro, a casa do
vizinho. Odiamos o
patrão. Frustramo-nos
por não conseguir o
diploma do nosso sonho.
E vai por aí afora.
Pulamos de um extremo
para o outro e pedimos
que Deus anule o nosso
programa reencarnatório.
A quem Ele deve atender:
ao torcedor do
homem físico transitório
ou ao torcedor do
Espírito imortal? Do
lado de lá torcíamos
pelo Espírito. Do lado
de cá, mudamos de
torcida em favor do
homem material.
E agindo como os
torcedores dos times
mencionados no início,
não entendemos a decisão
do Criador e protestamos
e reclamamos do
resultado do jogo.
Como é difícil a posição
Dele!
Vamos pedir ajuda ao
árbitro Emmanuel, em seu
livro Vinha de Luz:
“Antes de reencarnação
necessária ao progresso,
a alma estima na ‘porta
estreita’ a sua
oportunidade gloriosa
nos círculos carnais.
Reconhece a necessidade
do sofrimento
purificador. Anseia pelo
sacrifício que redime.
Exalta o obstáculo que
ensina. Compreende a
dificuldade que
enriquece a mente e não
pede outra coisa que não
seja a lição, nem espera
senão a luz do
entendimento que a
elevará nos caminhos
infinitos da vida.
Reconquistando, porém, a
oportunidade da
existência terrestre,
volta a procurar as
‘portas largas’ por onde
transitam as multidões.
Mas... é tarde. Rogaram
a ‘porta estreita’ e
receberam-na,
entretanto, recuaram no
instante do serviço
justo. E porque se
acomodaram muito bem nas
portas largas, volvem a
integrar as fileiras
ansiosas daqueles que
procuram entrar, de
novo, e não conseguem”.
Posso apitar o final do
jogo?