No Brasil o “Direito ao
esquecimento” é tratado
como o direito à
privacidade, intimidade
e honra assegurada pela
Constituição Federal de
1988, em seu art. 5º,
inciso X, e pelo código
civil de 2002, por meio
de seu art. 21.
Poucos o conhecem, sendo
novo nos tribunais. O
direito fundamental de
ser esquecido vai além
da possibilidade de
esquecer o que se passou
e desemboca na proteção
da dignidade humana. Ele
visa não permitir que a
privacidade da pessoa
seja invadida. Isto
porque fatos ocorridos
no passado podem ser
expostos na mídia
social, contrariando a
vontade daquele que
gostaria de vê-lo
esquecido, por toda a
sociedade.
Hoje vou me socorrer com
o “direito ao não
esquecimento” daqueles
fatos que podem ser
úteis em estudos e ainda
como “modelos de
superação”.
Entre nós, não podemos
esquecer o ano de 1960,
pois foi no dia
18 de novembro desse
ano, que Éder Jofre
venceu Eloy Sanchez por
nocaute no sexto
"round", no Olympic
Auditorium, em Los
Angeles, e sagrou-se
Campeão Mundial de Boxe
pela Associação Mundial
de Boxe - AMB.
http://www.saopaulofc.net/noticias/noticias/historia/2015/11/18/ha-55-anos,-eder-jofre-conquistou-o-mundo-pela-primeira-vez/
Éder, em 26 de março de
2016, completou 80 anos
e providências foram
tomadas para que não
seja esquecido. Desde
2013, o dia 26 de março
é considerado o Dia
Nacional do Boxe, em lei
criada pelo então
deputado federal Acelino
“Popó” Freitas.
Lembremos as
Paralimpíadas. O Comitê
Brasileiro informa que
a primeira ocorreu em
Roma, em 1960. Mas a
história nos remete
ainda ao ano de 1888,
quando surgiram os
clubes esportivos para
pessoas surdas em
Berlim, na Alemanha. Em
1922, foi fundada a
Organização Mundial de
Esportes para Surdos (CISS)
e se organizou os “Jogos
Silenciosos”. Hoje, os
atletas surdos praticam
junto de pessoas sem
deficiência e não
possuem modalidades no
programa Paralímpico.
Com o término da Segunda
Guerra Mundial, 1945,
muitos combatentes
ficaram paraplégicos ou
tetraplégicos. O
neurocirurgião alemão
Ludwig Guttmann iniciou
um trabalho de
reabilitação médica e
social de veteranos de
guerra, por meio de
práticas esportivas. O
início foi no Centro
Nacional de Lesionados
Medulares de Stoke
Mandeville.
A primeira competição
para atletas com
deficiência aconteceu no
dia 29 de julho de 1948.
Quatro anos depois, em
1952, atletas holandeses
também passaram a
competir nas disputas de
Stoke Mandeville. Assim,
surgiu o movimento
internacional, hoje
chamado de Movimento
Paralímpico.
Recentemente, no artigo
“Medalha de Ouro”, o
médium Francisco Cândido
Xavier foi lembrado para
a medalha da
solidariedade, pelo
trabalho realizado com
mães da “dor sem nome”.
Seus filhos morreram nas
batalhas da guerra
civil, nas capitais
brasileiras.
http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2016/08/medalha-de-ouro.html
https://blogdobrunotavares.wordpress.com/2016/08/23/chicoxavier-medalha-de-ouro-artigo-de-luiz-carlos-formiga/
https://rinconespirita.wordpress.com/dr-luiz-carlos-formiga/
https://issuu.com/merchita/docs/medalla_de_oro_dr_luiz_carlos_formi
Cremos que também não
podemos nos esquecer dos
poetas da música popular
brasileira que, com
sensibilidade, oferecem
letras inteligentes,
elevando-se acima de si
mesmos na procura da
fraternidade. Lembro o
autor de “Onde Deus
possa me ouvir”.
https://www.youtube.com/watch?v=19OaxjeKkvo
https://www.youtube.com/watch?v=19OaxjeKkvo
Sabe o que eu queria
agora, meu bem...?
Sair, chegar lá fora e
encontrar alguém
Que não me dissesse
nada, não me perguntasse
nada também,
Que me oferecesse um
colo ou um ombro onde eu
desaguasse todo
desengano.
Mas a vida anda louca.
As pessoas andam
tristes. Meus amigos são
amigos de ninguém.
Sabe o que eu mais quero
agora, meu amor?
Morar no interior do meu
interior pra entender
por que se agridem, se
empurram pro abismo, se
debatem, se combatem sem
saber.
Meu amor... Deixa eu
chorar até cansar, me
leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me
ouvir. Minha dor... Eu
não consigo compreender.
Eu quero algo pra beber.
Me deixe aqui, pode
sair. Adeus.
O poeta não encontra
explicação racional para
as vicissitudes humanas.
Mas, mesmo em aparente
depressão, reconhece a
existência de uma
Inteligência Suprema,
embora não saiba onde
encontrá-la. Outro
poeta, J. Gonçalves,
sofreu da mesma dor.
Por outro lado, a arte
de Vander Lee, sua
música cala fundo na
alma e
impulsiona campos
vibracionais nobres e
elevados, fazendo a
identificação com seu
público no teatro, o que
pode ser observado
através do vídeo, link
acima.
A arte propicia essa
integração do espírito
consigo, com o outro,
com a Inteligência
Suprema e com o
universo.
http://www.oconsolador.com.br/ano9/458/ca3.html
Não foi o que aconteceu
numa fase da vida de
outro poeta, ateu.
J. Gonçalves
experimentou o fenômeno
psicossocial chamado
lepra. Diante da dor
física, quase que
insuportável, rejeitou
convites para orar,
feito por sua mulher. Na
sua poesia há revolta e
decepção. Era o ano de
1940, ele, revoltado com
sua cruel sorte na vida,
não queria chorar até
cansar, nem ir a um
lugar onde Deus lhe
pudesse ouvir. Em
“Voltei”, parece
alimentar ideias
suicidas:
“Onde andará um ‘não sei
quê’, um bem, em cuja
busca sou judeu errante?
Por onde eu passo, já
passou também... e
quando chego já partiu
há instante...
Não sei se está na vida,
ou mais adiante, dentro
da morte, nas mansões do
além...
Se está no amor... se
está na fé, perante os
dois altares que esta
vida tem.
Mas, se esta vida é um
sonho, a morte o nada; o
amor um pesadelo;
a fé receio; por que
manter-se em luta
desvairada?...
No entanto, eu sigo...
acovardado, triste...
A procurar, em tudo em
que não creio, a coisa
que me falta e não
existe!“
O que lhe faltava? Deus.
A cura?
Após a era dos
antibióticos e
quimioterápicos,
Hanseníase tem cura.
J. Gonçalves era
hanseniano, mas sentia a
segregação imposta pelo
fenômeno psicossocial
Lepra.
No leprosário, sua
mulher tornara-se
espírita.
“O Espiritismo, longe
de temer as descobertas
da Ciência e o seu
positivismo, lhes vai ao
encontro e os provoca,
por possuir a certeza de
que o princípio
espiritual, que tem
existência própria, em
nada pode com elas
sofrer.” (Kardec, A.
1868. A Gênese. Cap. X.
Gênese Orgânica. Pág.
203, item 30, FEB.)
Alguns anos depois,
1943, Jésus Gonçalves se
tornou também adepto da
Doutrina Espírita. Esta
data é a do lançamento
do livro “Nosso Lar”, de
autoria de André Luiz e
psicografia de Chico
Xavier.
http://www.guia.heu.nom.br/andre_luiz.htm
Jésus, agora, “sob nova
direção”, reescreve a
poesia “Voltei”.
“Hosana! Eu já encontrei
o grande Bem, em cuja
busca fui
judeu-errante."
É o facho luminoso que
contém a luz que me
ilumina a todo instante!
E ele está na vida e
mais adiante, dentro da
morte, nas mansões do
além...
Está no amor... Está na
fé... Perante os dois
altares que esta vida
tem!
Pois, nem a vida é sonho
e a morte o nada. O amor
é luz; a Fé o santo meio
de tornar esta luta
compensada!
Por isso eu sigo... nos
caminhos meus, a
procurar em tudo quanto
creio, a coisa que
faltava e... que era
Deus!”
J. Gonçalves demonstra
possuir nova visão,
encontra um sentido para
a vida, mesmo num
leprosário e assim sua
poesia sofre
transformação. Oferece
nova contribuição,
mobiliza as energias do
bem, que são capazes de
fazer desabrochar a
estética, e ainda
modificar a escala de
valores éticos. Torna-se
liderança espírita neste
local e amigo de Chico
Xavier, por cartas.
(Monteiro, E. C. A
Extraordinária Vida de
Jésus Gonçalves. P. 78.
Terceira edição, nov.
1983. Editora Espírita
Correio Fraterno do ABC.
S. B. Do Campo, SP;
Xavier, F. C. &
Gonçalves, J. Flores de
Outono. Terceira edição,
1984. LAKE, pág. 63 e
71.)
Para que a pessoa viva
na plena consciência da
existência se faz
necessário encontrar um
sentido para a vida. O
vazio existencial é
encontrado no suicídio,
no consumo de drogas.
Com o desenvolvimento da
inteligência espiritual
se descobre que um poder
superior é capaz de
devolver nossa sanidade
e até uma felicidade
relativa, como aconteceu
com a “leprosa”,
espírita, Leda Amaral.
Leda é forte concorrente
de Éder Jofre na disputa
da medalha de ouro da
candura. Ambos são
espíritas.
O Espiritismo marcha ao
lado do materialismo, no
campo da matéria; admite
tudo o que o segundo
admite; mas avança para
além do ponto onde este
último estaciona.
(Kardec, A. 1868. A
Gênese. Cap. X. Gênese
Orgânica. Pág. 203, item
30. FEB.)
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/eleicao-antes-de-votar.html
Perdoem-me por mutilar
uma importante
reportagem, sobre o
nosso campeão. O resumo
imperfeito pode ser
compensado clicando no
link da Veja. Abril.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/o-derradeiro-nocaute-de-eder-jofre-de-fabio-altman/
Na residência particular
de Eder Jofre, medalha
de ouro da candura, um
quarto tão simples
quanto bem arrumado, na
casa da filha, Campo
Limpo, São Paulo, uma
folha de papel A4 colada
na porta do armário de
madeira compensada avisa
com letras femininas e
carinho:
“Eu, Eder Jofre, moro
com a minha filha Andrea,
o marido Oliveira, e os
filhos Lanika, Axel,
Babi e Sidney. Moro aqui
há nove meses. Quem
cuida das minhas coisas
são os meus filhos
Marcel e Andrea. Estou
morando aqui desde que
minha esposa, Maria
Aparecida Jofre
(Cidinha), faleceu, em
10 de maio de 2013;
foram 52 anos de
casamento.
O campeão mundial em
duas categorias (galo e
pena), reverenciado por
especialistas em boxe de
todo o mundo aos 78
anos, foi à lona pela
primeira vez com a morte
repentina da mulher.
“Ela era a cabeça e meu
pai, o corpo”, resume
Andrea Jofre.
Funcionaram
perfeitamente nessa
combinação durante os 52
anos de casamento.
Deprimido, ele foi
internado na Santa Casa
de São Paulo. Era
incapaz de realizar
mesmo as sinapses
cerebrais básicas.
A tragédia é que o
próprio Eder Jofre,
aprisionado no porão de
um cérebro que decai,
não compreende mais as
alturas que galgou.
Impressionado com o
estado de saúde do
ex-pugilista, em rápida
deterioração, o médico
da Confederação
Brasileira de Boxe,
Bernardino Santi,
indicou ao filho de
Eder, Marcel, o nome do
neurologista Renato
Anghinah, do Hospital
das Clínicas de São
Paulo, com quem divide
um projeto inédito de
estudo dos efeitos dos
golpes de boxe na saúde
dos profissionais.
Anghinah, de reputação
internacional, é um
estudioso da
encefalopatia traumática
crônica — mal deflagrado
depois de concussões
repetidas na cabeça e
associado ao boxe desde
a década de 20. Ele
integra o grupo liderado
pelo neurologista
Ricardo Nitrini, que
investiga, no banco de
encéfalos da
Universidade de São
Paulo, o cérebro do
zagueiro Bellini,
capitão de 1958. Bellini
pode ter sido vítima das
cabeçadas na bola e dos
choques com os atacantes
adversários nas jogadas
aéreas.
Os resultados de exames
confirmam: os golpes
recebidos durante a
carreira são
responsáveis pelo estado
atual de Eder. Não se
trata de Alzheimer. “Com
todos os elementos
estudados, o quadro é
compatível com a
encefalopatia crônica.”
Ela afeta também atletas
de outras modalidades,
como o futebol americano
e o hóquei no gelo — a
encefalopatia atinge
cerca de 20% dos
boxeadores.
Apesar dos
extraordinários recursos
tecnológicos de análise
do cérebro por imagem,
um diagnóstico mais
detalhado da
encefalopatia traumática
crônica só pode ser dado
depois de exames
anatomopatológicos,
feitos a partir da
dissecção do cérebro.
Somente a dissecção
permitirá um
entendimento 100%
certeiro do que há com
Eder. Anghinah
prescreveu amantadina,
cuja função é estimular
os receptores de
dopamina no cérebro. A
alteração já garantiu
uma melhora, mas Éder é
ainda um espelho quase
sem distorções do que a
medicina descreve como
resultados
comportamentais da
encefalopatia traumática
crônica.
Angelina Zumbano, mãe de
Eder, casou-se com o
argentino Kid Jofre,
pai, treinador e
confidente do campeão,
com quem ele — que segue
a religião espírita —
dizia conversar mesmo
depois de morto.
É generosa a atitude dos
filhos em permitir que o
cérebro do pai seja
esmiuçado. Exige coragem
e desprendimento também
saber que do diagnóstico
dos médicos poderia vir,
como veio, uma
inequívoca condenação do
boxe pelos riscos que
oferece à saúde do
cérebro de seus
praticantes. Essa
realidade tão óbvia
sempre foi mascarada no
mundo das lutas.
Marcel Jofre se
comprometeu a doar o
cérebro do pai, quando a
hora chegar. Eder pode
fornecer o argumento
decisivo para a proposta
que vem ganhando força,
a de que os boxeadores
profissionais passem a
lutar com protetor de
cabeça, que era
obrigatório nas disputas
olímpicas, mas também
foi abandonado.
A elegância de garça da
esgrima está nos leves
toques, e não em ver
contendores
estraçalhados por golpes
de espada, florete e
sabre. A beleza do boxe
não pode residir em
produzir danos
permanentes à saúde.
O boxe com proteção pode
ter a mistura de
inocência e força que
Nelson Rodrigues viu no
fenomenal pugilista
brasileiro: “Eder tem,
mesmo no ringue, a
candura de menino, que
ainda não disse o
primeiro palavrão”.
Recebemos uma mensagem
do Espírito Leda Amaral
(*), medalha de ouro do
Braille, através da
psicografia de
José Salomão Mizrahy.
Ela nos informou que
fora “leprosa”.
Cega e com os dedos
insensíveis, foi
obrigada a aprender o
Braille utilizando a
ponta da língua. A
primeira grande máquina
impressora da SPLEB tem
hoje seu nome, Leda.
http://www.spleb.org.br/page/reunioes-publicas
Era jovem, bonita, de
pais espíritas, quando a
doença a assaltou.
Rosto, mãos e pés
ficaram deformados. A
audição tornou-se
reduzida. Olhos sem luz,
aos 17 anos. Mesmo
assim, passou a fazer
apelos telefônicos para
alívio do sofrimento dos
que a ela recorriam.
Arranjava alimentos,
internações, socorro
assistencial, cadeiras
de rodas, muletas,
empregos, bolsas de
estudos, tudo em
benefício dos outros.
Ledinha é Medalha de
Ouro da Superação, na
Paralimpíada Espiritual.
http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2012/09/sos-na-ponta-da-lingua.html
(*) “O Bem de Hansen”,
Espírito – Leda Amaral.