TEMI MARY FACCIO
SIMIONATO
temi_mary@yahoo.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Apascenta
Com voz suave, mas
firme, Jesus pergunta a
Simão Pedro: “Pedro,
filho de Jonas, tu me
amas”? Ao que lhe
respondeu o discípulo
empolgado: “Sim
Senhor, tu sabes que eu
te amo”. Jesus então
pediu-lhe: “Apascenta
os meus cordeiros”!
Depois de breve pausa,
Jesus repete a pergunta:
”Pedro, filho de
Jonas, tu me amas?”
E a mesma
resposta se faz: “Sim,
Mestre, tu sabes que eu
te amo!...” “Apascenta
as minhas ovelhas!...”
E quando o Mestre
pela terceira vez refaz
o questionamento, Pedro
se entristece por
imaginar que Jesus
colocava alguma dúvida
sobre seu sentimento
para com ele, e ainda
outra vez reafirma: “Sim,
Senhor, Tu que tudo
conheces sabes o quanto
eu Te amo!” E
repetindo enfático, o
meigo Rabi lhe fala:
“Apascenta as minhas
ovelhas!” (João,
21:17).
Apascentar, no sentido
evangélico pode ser
entendido como o ato de
estimular o sentimento
que nos favorece a
compreensão dos nossos
laços fraternos e a
humildade sincera no
trato com os diferentes
em seu momento evolutivo
e, por isso mesmo,
semear o bem sem
aguardar recompensa.
Aos aprendizes menos
avisados é estranho que
Jesus houvesse indagado
do discípulo por três
vezes quanto à segurança
do seu amor. O próprio
Simão Pedro, ouvindo a
interrogação repetida,
entristecera-se supondo
que o Mestre suspeitasse
de seus sentimentos mais
íntimos. No entanto, o
ensinamento é mais
profundo: Jesus confiava
a Pedro o ministério da
cooperação nos serviços
redentores. Tinha a
plena consciência do
carinho que Pedro e os
discípulos Lhe
devotavam, mas sabia
também que na gloriosa
caminhada de divulgação
do Evangelho, haveriam
de enfrentar problemas e
dificuldades, lutas e
perseguições, e, para
que tivessem sucesso,
seria fundamental o amor
pela causa, pois,
somente assim, teriam
ânimo para perseverarem.
Essa passagem foi
fundamental para Simão
Pedro. E, se foi para
ele, também o foi para o
Cristianismo. O pescador
de Cafarnaum
contribuiria, portanto,
para a elevação de seus
protegidos do mundo,
como os infelizes, os
pobres pelo espírito e
deserdados, os
moralmente decaídos
ainda que tivessem
posses materiais,
alcançando assim valores
novos para a vida
imortal. A partir daí,
Simão Pedro passaria a
apóstolo e não mais
seria o discípulo, o
aprendiz. É por este
motivo que, ao
interrogá-lo por três
vezes, Jesus deixa claro
que com amor as
dificuldades seriam
resolvidas.
Este processo foi
necessário para que
Pedro entendesse que a
responsabilidade
depositada em suas mãos
não era privilégio, mas,
sim, um convite a
percorrer o caminho que
leva à cruz.
Jesus apenas pedia a
Simão Pedro: “Ama o
Senhor teu Deus de todo
o teu coração, de toda a
tua alma e de todo o teu
pensamento e ama também
o teu próximo como a ti
mesmo”. (Mateus
22:37-39).
No livro Boa Nova
de Humberto de Campos,
capítulo 21,
psicografado por
Francisco C. Xavier,
encontramos palavras de
Jesus a Pedro: (...) “Pedro,
ninguém se edificará sem
conhecer essa virtude de
saber renunciar com
alegria e obediência à
vontade de Deus no
momento oportuno,
compreendendo a
sublimidade de seus
desígnios: porque a
edificação do Reino dos
Céus no coração dos
homens deve constituir a
preocupação primeira, a
aspiração mais nobre da
alma, as esperanças
centrais do espírito!...
basta um pensamento de
amor para que te eleve
ao céu, mas na jornada
do mundo, também basta
às vezes uma palavra
fútil ou uma
consideração menos digna
para que a alma do homem
seja conduzida ao campo
do estacionamento e do
desespero das trevas por
sua própria
imprevidência. Nesse
terreno, Pedro, o
discípulo do Evangelho
terá sempre imenso
trabalho a realizar,
porque pelo Reino de
Deus é preciso resistir
às tentações dos entes
mais amados na Terra, os
quais, embora ocupem o
nosso coração, ainda não
podem entender as
conquistas
santificadoras do céu”.
É necessário, em
qualquer tarefa que nos
propusermos a fazer, que
a realizemos não por
obrigação ou interesse,
mas simplesmente por
amor ao próximo,
atendendo aos
imperativos do serviço
divino que se localiza
em nossa paisagem
individual. Não pelo
constrangimento, mas
pela vontade firme e
espontânea, fugindo cada
vez mais dos nossos
interesses particulares
e, de ânimo forte, e
prontos para servir ao
bem tanto quanto nos
seja possível.
Precisamos reconhecer
que as nossas conquistas
e indagações nem sempre
são louváveis, pois o
que importa a Deus é a
nossa intenção na
transformação de nossa
forma de enxergar a vida
e a nós mesmos através
do nosso esforço,
adquirindo conhecimento
superior para que seja
distribuído a todos,
portanto, através do
nosso burilamento
interior poderemos nos
ver como Espíritos
imortais ajustando-nos
no modo de pensar,
sentir, agir sempre com
amor e luz da vivência
dos ensinamentos do
Mestre. Em O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
codificado por Allan
Kardec, no capítulo XI,
A Lei de Amor, há
uma mensagem ditada pelo
Espírito Lázaro, que
traz a seguinte
reflexão: “O amor
resume toda a doutrina
de Jesus, porque é o
sentimento por
excelência e os
sentimentos são os
instintos elevados à
altura do progresso
realizado”.
Assim como o Apóstolo
Pedro, que cumpriu a
tarefa que lhe cabia de
conduzir, iluminar,
consolar e levar o
refrigério, a esperança
e a alegria ao coração
dos irmãos em humanidade
sob a bênção de Jesus,
saindo da inércia para o
trabalho incessante da
nossa redenção,
Pensemos nessa multidão
de companheiros nossos
que se lamentam na
sombra dos delitos da
própria omissão no bem e
não olvidemos de semear
o amor e a luz enquanto
a bênção do corpo físico
nos outorga a
oportunidade de fazer e
o de doar.
Permaneçamos sob a égide
de Jesus, conduzidos por
Suas mãos compassivas,
ainda que demandem
milênios, sempre
dispostos a colaborar
com Ele apascentando
suas ovelhas, doando
muito amor no trabalho
do bem, em favor
daqueles que nos
rodeiam, mantendo-nos
firme nos compromissos
com que a vida nos
honra, amando-nos uns
aos outros cumprindo o
papel da humanidade e da
caridade constantes em
nossas relações.
Bibliografia:
O Evangelho por
Emmanuel:
comentários ao Evangelho
segundo Lucas –
coordenação de Ribeiro
da Silva, C. Saulo – 1ª
edição – FEB -
Brasília/DF – 2015 –
páginas 328, 330.
O Evangelho por
Emmanuel:
comentários ao Evangelho
segundo João –
coordenação de Ribeiro
da Silva, C. Saulo – 1ª
edição – FEB –
Brasília/DF – 2015 –
página 293.
XAVIER, F. C – Pão
Nosso – ditado pelo
Espírito Emmanuel - 29ª
edição – FEB – Rio de
Janeiro/ RJ – 2010 –
lição 26.
XAVIER, F. C –
Caminho, Verdade e Vida
– ditado pelo
Espírito Emmanuel - 28ª
edição – FEB - Rio de
Janeiro/RJ - 2011 -
lição 97.