Uma das dificuldades de quem
fala ou escreve é a chamada
colocação dos pronomes
oblíquos átonos, mais
conhecida como colocação
pronominal.
Lembremos inicialmente que
os pronomes oblíquos átonos
são estes: me, te, se, o, a,
lhe, nos, vos, se, os, as,
lhes.
Tais pronomes podem ocupar,
com relação ao verbo, três
posições, a saber:
1) antes do verbo – fato
chamado de próclise;
2) no meio do verbo –
circunstância chamada de
mesóclise;
3) depois do verbo – o que é
chamado de ênclise.
Exemplos:
- Esse negócio não me
interessa. (Próclise)
- Esse negócio interessa-me,
sim. (Ênclise)
- Esse negócio, anos atrás,
interessar-me-ia.
(Mesóclise)
Começaremos pela próclise
a rememoração das normas
aplicáveis à colocação
nominal, assunto de que já
tratamos oportunamente nesta
seção.
Próclise
designa, em estudos da
linguagem, o fenômeno
fonético de anteposição duma
palavra átona a outra não
átona, subordinando-se a
primeira ao acento da
segunda. O que rege o
fenômeno é, em primeiro
lugar, a eufonia, ou seja, a
harmonia, a elegância, a
suavidade na pronúncia.
Há tipos de frases em que,
atendendo à eufonia, fica
melhor a próclise.
Eis três casos:
- frases exclamativas. (Como
te saíste bem na
palestra!)
- frases interrogativas.
(Quem se oferece para
a prece?)
- frases optativas, se o
sujeito vier antes do verbo.
(Deus nos ampare!)
É, contudo, preciso
verificar se não existem na
frase as chamadas partículas
atrativas precedendo o
verbo, porque se
convencionou, no tocante ao
idioma português, que a
próclise se impõe quando o
verbo vem precedido das
seguintes partículas
atrativas:
- expressões ou palavras
negativas. (Não se
lamente, irmão.)
- advérbios. (Agora
se recusa a falar.)
- pronomes relativos. (Está
aqui o homem que se
diz pintor.)
- pronomes indefinidos. (Poucos
se dispõem a estudar.)
- pronomes demonstrativos. (Disso
me acusaram, mas terminou
tudo bem.)
- conjunções subordinativas.
(Saímos porque nos
ordenaram.)
Os especialistas em nosso
idioma entendem, também, que
existem duas formas verbais
em que a próclise é de lei:
- quando o infinitivo
pessoal vier precedido de
preposição. (Por se
acharem de acordo, os sócios
assinaram o contrato.)
- quando o gerúndio
estiver precedido de
preposição ou de negação. (Em
se calando o réu, a
audiência foi interrompida.
Não se deixando
iludir, a jovem foi à luta.)
*
Gerúndio
[do latim tardio gerundiu] é
o nome que se dá à forma
nominal do verbo, formada,
em português, pelo sufixo
-ndo. Exemplos: comendo,
falando, deixando, calando
etc.