Espíritos –
evoluiremos
até
à perfeição
“Há Espíritos
que permanecerão
para sempre nas
ordens
inferiores?
– Não; todos se
tornarão
perfeitos. Eles
mudam de ordem,
mas isso demora,
porque (...) um
pai justo e
misericordioso
não pode banir
eternamente seus
filhos.
Pretenderíeis
que Deus, tão
grande, tão bom,
tão justo, fosse
pior do que vós
mesmos?”1
A Doutrina
Espírita
oferece-nos, sem
mistérios ou
rodeios,
informações
maravilhosas
sobre a
realidade
espiritual que
nos aguarda.
Incentiva-nos a
conhecê-las; e a
conquistar a fé
real; a banir
crendices
enganosas
(crença em juízo
final; céu de
contemplação
eterna etc.) e
temores infantis
(existência do
inferno, de
demônios etc.).
Convence-nos de
que a paz é
conquista a
exigir mudanças
interiores,
diante da vida e
do próximo; e
nos conduz por
caminhos suaves,
à medida que
aviamos as
receitas de paz,
contidas no
Evangelho.
Conscientiza-nos
de que no
Universo vige a
Lei do Mérito;
que a evolução é
processo longo,
da qual ninguém
é excluído, nem
se perderá ‘para
sempre’, por
mais que erre, e
que cabe a cada
um realizá-la.
Revela-nos que o
instrumento para
cada Espírito
atingir a
perfeição é a
reencarnação,
que ocorre
infinitas vezes,
tantas quantas
sejam
necessárias.
Tudo pode ser
conquistado, à
medida que nos
empenhamos em
vivenciar as
lições de Jesus.
É o que Ele nos
diz:
“E a vontade de
quem me enviou é
esta: Que nenhum
se perca de
todos os que me
deu; (...).” -
Jo 6:39.
E é o que
assinala Allan
Kardec2:
“(...) todos os
seres gravitam
para um fim
comum, que é a
perfeição, sem
que uns sejam
favorecidos à
custa de outros,
visto serem
todos filhos de
suas próprias
obras”.
Sobre a
evolução, Carlos
T. Pastorino3
assinala:
“(...) vemos
que, no início
da evolução,
(...) a criatura
corre atrás de
tudo o que lhe
cai sob os
sentidos,
enganada de
objetivo, crente
de que a
felicidade que a
atrai e arrasta
são as riquezas
materiais, são
os prazeres
físicos, são as
sensações
exóticas, são as
emoções
violentas, é a
glória dos
aplausos, é a
cultura que a
incha de
orgulho, e até é
a religião
ritual que a
eleva pela
autoridade aos
olhos das
multidões e dos
‘reis’. E após
errar séculos e
séculos em busca
dessas ilusões,
sente em cada
uma delas o
travo amargo da
decepção, do
vazio, da
solidão (...)
Até que um dia,
depois de lições
práticas e de
experiências de
dor, percebe que
a atração não
vem de nada que
esteja fora
dela: é de
dentro, (...) o
Cristo aduz como
testemunho de
autoridade a
palavra de
Isaías: ‘Todos
(sem exceção)
serão instruídos
por Deus’.
Instruídos todos
por Deus, que
pacientemente
nos espera a
volta como o pai
esperou o ‘filho
pródigo’ (Lc
15:11-32),
acabamos
atinando com o
rumo verdadeiro
que é para
dentro de nós
mesmos (...)”.
Jesus
oferece-nos
segunda lição:
“Declarou-lhes
Jesus: Em
verdade vos digo
que publicanos e
meretrizes vos
precedem no
reino de Deus.”
(Parábola dos
dois filhos, Mt
21:31.)
Aí está
implícito que
todos entrarão
no reino de
Deus, embora o
detalhe
significativo de
que os fariseus
serão precedidos
pelos pecadores:
chegarão por
último! Por
último, mas
chegarão! Não
serão excluídos
‘para sempre’.
Ainda Pastorino4,
ao comentar essa
parábola, afirma
que a humanidade
se divide entre
aqueles que
dizem sim ao
Evangelho, mas
que não
vivenciam suas
lições e aqueles
que a ele dizem
não, mas que se
transformam
interiormente,
revelando
obediência às
Leis Divinas.
"O sim é dito
por todos os
pretensos
justos, e o não
por todos os
pecadores que,
mais tarde, se
convertem à
senda do bem.
(...) muitos se
apressam a dizer
o SIM,
exteriormente,
com os lábios, e
a entrar para as
religiões, as
ordens e
fraternidades,
seguindo os
preceitos
externos com
todo o rigor,
executando os
ritos e rituais
(...).
(...) os que se
julgam justos,
estão fiados na
personagem que
cumpre os
preceitos
humanos
externos,
voltando-se para
fora. Por dentro
deles, existe a
vaidade e o
convencimento de
que são bons e
superiores às
demais
criaturas,
porque eles
estão no caminho
certo e os
outros são
‘errados’.
Enquanto isso,
os pecadores e
as prostitutas
encontram, em
seu âmago, a
humildade que
reconhece suas
fraquezas, suas
deficiências,
seus erros. Isso
faz que se
voltem para
dentro de si
mesmos,
mergulhando no
íntimo, onde –
ao ver seus
desregramentos
–, mais humildes
se tornam.
Eis que, então,
têm facilitado o
caminho para o
reino de DEUS
que está dentro
deles e que só
se conquista
através da
humildade e do
amor. (...)
Jesus agiu de
modo diverso.
Apesar da
sagrada
maternidade e da
santidade
reconhecida por
todos em Maria
de Nazaré, Sua
mãe, Ele concede
as primícias de
Seu contato,
após a
ressurreição, à
pecadora de
Magdala. Não que
não houvesse
merecimento da
parte de Sua
mãe: mas quis
ensinar-nos que
o parentesco é
coisa secundária
na vida
espiritual,
mesmo em se
tratando de mãe;
e segundo, que
as meretrizes
merecem tanto
quanto qualquer
outro Espírito,
em nada devendo
ser sacrificados
no processo
evolutivo.
(...)
Quem cultiva o
amor sintoniza
com Deus, que é
Amor. Quem
cultiva sede de
domínio, de
desforra ou
vingança, quem
alimenta
orgulhos e
vaidades de raça
superior, e
ódios de
vizinhos,
sintoniza com o
Adversário
(satanás) e se
dirige ao polo
oposto de Deus:
encaminha-se em
sentido
contrário, erra
‘contra o
Espírito-Santo’.
(...)
Lição dura de
ouvir, porque
todos nós nos
acreditamos
escolhidos e
evoluídos!
Sejamos
humildes: somos
piores que
pecadores e
prostitutas,
pois a vaidade
nossa nos afasta
do polo
positivo, e a
humildade real
deles os
aproxima de Deus
e com Ele
sintonizam. Não
são nossas
palavras que
definem nossa
sintonização: é
o sentimento
íntimo de cada
um que faz
afinar ou
desafinar com a
tônica do amor”.
(Grifamos!)
Jesus
apresenta-se a
Saulo de Tarso
no caminho de
Damasco (Atos
9:1-19) e não o
condena. Dá-lhe
meios de se
converter e de
se redimir.
“(...) e
conhecereis a
verdade e a
verdade vos
libertará.”
– Jo 8:32.
Saulo
libertou-se pelo
conhecimento da
Verdade, eis que
aproveitou de
tal forma a
extraordinária
oportunidade, à
custa de muitas
renúncias e
sofrimentos por
amor a Ele, ao
ponto de
afirmar, anos
após:
“(...) já não
sou eu quem
vive, mas Cristo
vive em mim;
(...)”
- Gl 2:20.
Os Espíritos nos
revelam que a
aquisição da
Verdade se dá
lentamente, a
pouco e pouco,
em múltiplas
reencarnações
concedidas a
todos nós,
Espíritos – sem
exceção! Renovam
a todos nós
oportunidades de
nos
transformarmos
para melhor, de
repararmos
nossos erros e
de aprendermos
lições novas,
que nos
harmonizem com
as Leis Divinas!
A reencarnação
é, pois,
instrumento para
evolução. E
prova a
amorosidade do
Criador para com
todos nós, Seus
filhos.
Referências:
1.
KARDEC,
Allan. O
Livro dos
Espíritos.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
2. ed. 1. impr.
Rio de Janeiro:
FEB, 2011. Q.
116, p. 139.
2.
KARDEC, Allan.
A Gênese.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
2. ed. 1. impr.
Brasília: FEB,
2013. 2 cap. I,
item 30, p. 28.
3.
PASTORINO,
Carlos T.
Sabedoria do
Evangelho.
Rio de Janeiro:
SPIRITVS, vol.
3, p. 149.
4.
PASTORINO,
Carlos T.
Sabedoria do
Evangelho.
Rio de Janeiro:
SPIRITVS, vol.
7, pp. 35 e 36.