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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 484 - 25 de Setembro de 2016

JANE MARTINS VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)
   

 


Socorro preciso


Preceito básico do Espiritismo, a reencarnação tem seu detalhamento nas obras da codificação, particularmente em O Livro dos Espíritos e n´O Evangelho segundo o Espiritismo. Allan Kardec se aprofunda nesse assunto, no capítulo IV de “O Livro dos Espíritos”. Fica bem claro que o espírito reencarna, não para sofrimento, mas para progredir, em direção ao amor e que, despojando-se das impurezas em cada encarnação, melhorando mais, consequentemente, a humanidade progressivamente melhora. Sofrimentos são consequências de más escolhas do Espírito, que se desvia do caminho do bem, compreendendo que a lei Divina é de amor e misericórdia, e não de dor. A dor é um chamamento para o Espírito rebelde.

Joanna de Ângelis, no livro Momentos de Consciência, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, relata que a reencarnação é instrumento do progresso do ser espiritual. Ora ele expia, quando são graves os seus delitos, submetendo-se a aflições que constituem disciplinas educativas mediante as quais se fixam nos painéis profundos da consciência, os deveres a cumprir. Noutras vezes, são provações, que enrijecem as fibras morais responsáveis pela ação dignificadora. Diz ela que, longe de ser uma punição, a dádiva do renascimento corporal é dádiva do amor, auxiliando os Espíritos a desenvolver os recursos que lhe jazem latentes, qual terra arroteada e adubada em condições de transformar a semente diminuta no vegetal exuberante que nela dorme.

No livro Boa Nova, de Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, Jesus, conversando de modo elucidativo com André e Tiago, irmão de João, que presenciaram seu diálogo com Nicodemos sobre a reencarnação, lhes diz de modo didático: “As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é sempre o mesmo. O corpo é uma veste. O homem é o seu dono. Toda a roupagem material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus, encontra sempre em seu amor, os elementos necessários à mudança do vestuário. A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências, até que consiga a imprescindível provisão de luz para a entrada definitiva no reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo dos rudes caminhos”.

Sabemos que na caminhada de muitas vidas, os Espíritos que se amam se buscam, se reencontram na encarnação terrena. Daí surgem as amizades plenas, os laços comoventes de amor que exemplificam a união fraternal, abençoados laços de amor, que extrapolam a consanguinidade, porque são ligações de Espíritos afinizados.

Bela é a explicação dos Espíritos, n´O Evangelho segundo o Espiritismo, sobre a reencarnação. Dizem eles que, passando pela vida corporal, os Espíritos podem cumprir, com a ajuda material, os desígnios cuja execução Deus lhes confiou. Ela é necessária porque a atividade que são obrigados a desempenhar ajuda no desenvolvimento da inteligência.

As provações são degraus de subida, quando aceitas com resignação e amor a Deus. Nesse sentido, o Espírito de Bernardin, no capítulo V do referido Evangelho, elucida que, quando se pode, deve-se ajudar a pôr fim às provações do próximo, considerando que Deus pode ter posto um limite à provação e que a providência divina poderia ter escolhido determinada pessoa para ser ela a pôr fim no sofrimento de seus semelhantes.

Uma senhora nos contou uma história que muito nos emocionou. Trata-se de um fato que nos mostra a lei de atração das afinidades e o socorro divino para quem pode terminar uma determinada provação. Estava ela com uma sobrinha de 11 anos de idade. Uma menina linda, afrodescendente, que veio da região de Minas Gerais. A tia é daqui, da região. No ano passado, ela foi a uma cidadezinha de Minas, onde mora seu irmão, que ela não via há muitos anos. Conheceu, na ocasião, essa sobrinha de 11 anos, que estava sob os cuidados da madrasta. Ela percebeu que o irmão não fazia nada o dia todo, só bebia. A madrasta cuidava do filho bebê do casal e a menina trabalhava o dia todo, sem parar. Lavava louça, dava banho no bebê, limpava a casa, lavava roupa. Trabalhar para auxiliar é dever de todos, mas ela percebeu que a menina não tinha lazer, não brincava, não tinha tempo de estudar, as notas da escola estavam baixas. Ficou poucos dias lá e voltou.

Contou-nos que em janeiro pelejava, quando telefonava para eles, falar com essa sobrinha, cumprimentá-la e eles sempre se esquivavam dando uma desculpa, para justificar que a menina não podia atender ao telefone. Um dia, exasperada e preocupada, ameaçou a madrasta que ia pedir à polícia ir verificar o que estava acontecendo. A menina nunca podia atender ao telefone. A madrasta então contou que o pai da menina a havia dado a um casal. Ela ficou horrorizada. Como? Ela foi dada para adoção e ninguém da Justiça procurou a família?

Quando soube disso, ela, uma senhora jovem, com a ajuda do marido, moveu barreiras, localizou a menina, que graças a Deus estava bem cuidada, foi à Justiça e conseguiu a guarda da sobrinha.  A juíza lhe telefonou dizendo que ela tinha uma semana para buscar a menina. Aquilo a pegou de surpresa. Ela pensou que ia demorar mais e justo naquele mês eles tinham ficado sem dinheiro para viajar. Ela e o marido removeram os obstáculos. Pediram ajuda a amigos, o patrão do marido ajudou, enfim, disse ela, “choveu” dinheiro, com a ajuda de Deus. Conseguiram 2 mil reais para irem buscar a sobrinha. O casal que a tinha recolhido ficou amigo deles, compreendeu a justiça de sua causa, chegaram a jantar na casa deles. A menina está com eles há dois meses.

“É nossa filha, disse ela, da idade do nosso filho e pouco mais velha que nossa menina. Tínhamos um certo temor de como seria seu temperamento, a educação falha que recebeu, pois vivia abandonada pelo pai, não sabia o que era receber amor de ninguém. Ela, no entanto, é um doce, amorosa, carinhosa, não está dando trabalho. Querida por todos. Está na escola, fazendo reforço, porque as notas eram muito baixas. É minha filha agora e meu marido me apoia em tudo.”

Pudemos ver que a menina é realmente carinhosa, abraçava essa tia e a beijava... Uma criança, espírito forjado em provações na infância, amadurecida, mas ainda criança e agora feliz. O amor que cobre uma multidão de pecados se compadeceu e socorreu. A tia foi o socorro eficaz e preciso. Nem conhecia direito a menina, só a viu uma vez e rapidamente, mas intercedeu e socorreu, quando soube o que havia acontecido. Assim age um cristão. Minimiza as dores alheias e ampara em nome de Deus.

Os Espíritos que se amam se buscam e se encontram. Essa criança, com os tios e primos que a acolheram, foi assim. Está amada por todos, inclusive pelos filhos do casal, que a receberam como irmã. Bendito o amor de Deus que sempre ampara seus filhos e felizes aqueles que já sabem amar!

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita