A receita de Pedro
Por falar em receita,
algumas vezes assisti a
um determinado programa
de televisão onde uma
senhora idosa e
extremamente simpática
ensinava a confeccionar
as receitas que ela
trazia como sugestão aos
telespectadores.
Eu ficava admirado como
todos os ingredientes
misturados aparentemente
ao acaso por essa
senhora iam ganhando
forma e textura para
compor pratos que
pareciam ser deliciosos
a quem assistia à
programação. Se me fosse
dada a incumbência de
seguir rigorosamente a
receita em todos os seus
mínimos detalhes,
confesso que nada sairia
de saboroso ao término
da tarefa. É que o tal
de dom pesa muito
naquilo a que nos
propomos na vida.
Dito isso, vou passar a
receita simples
de Pedro, o apóstolo,
para que tenhamos dias
felizes. Diz ele em I
Pedro, 3: 11:
Aparte-se do mal, e faça
o bem; busque a paz, e
siga-a.
Confessemos: não é uma
receita fácil? Não, não
é! Pelo contrário, é
extremamente difícil! E
vamos transferir as
explicações para o
Espírito de Emmanuel,
contidas na página
Indicação de Pedro,
no livro Vinha de Luz:
Não é fácil
apartar-se do mal,
consubstanciado nos
desvios inúmeros de
nossa alma através de
consecutivas
reencarnações, e é muito
difícil praticar o bem
dentro das nocivas
paixões pessoais que nos
empolgam a
personalidade,
cabendo-nos ainda
reconhecer que, se nos
conservamos envolvidos
na túnica pesada de
nossos velhos caprichos,
é impossível buscar a
paz e segui-la.
Evidentemente que
Emmanuel tem toda a
razão. Acumulamos
imperfeições que ainda
encontram abrigo em
nosso íntimo e temos uma
enorme dificuldade em
fazer o bem porque
incorremos na
advertência do apóstolo
Paulo contida em
Romanos, quando
afirmava que o bem que
desejava fazer não
conseguia, mas o mal que
não desejava, esse era
de fácil realização.
Creio ser exatamente
isso que pesa contra nós
no atual estágio
evolutivo, com o
seguinte agravante:
desejamos fazer o mal e
não queremos realizar o
bem. Perdoem-me os que
não se incluem mais
nessa condição, mas eu
ainda estou enquadrado
nela.
Toda conquista que impõe
como condição
abandonarmos o homem
velho para construirmos
um homem novo é sempre
difícil.
Por exemplo: quantas
pessoas ficaram
deslumbradas com a
mediunidade de Chico
Xavier? Creio que é
impossível
quantificá-las. Só que
essa mediunidade não
caiu como um maná do
céu. Foi uma conquista
palmo a palmo, lágrima a
lágrima, dessa alma
grandiosa através dos
sofrimentos pelos quais
passou na sua trajetória
evolutiva.
Confrades plenamente
confiáveis e estudiosos
da nossa Doutrina dos
Espíritos narram que uma
das reencarnações de
Chico foi na
personalidade de Joana
de Castela, denominada a
louca no século XVI, na
Espanha. Joana foi
confinada em seu castelo
devido ao fato de ver e
conversar com os
Espíritos. Era, por isso
mesmo, considerada como
louca. Evidentemente que
a mediunidade dele não
se iniciou nesse período
da humanidade, mas tendo
o seu início em época
muito anterior a essa,
que não podemos
precisar. Talvez, como
continuam a revelar
esses mesmos confrades
confiáveis, no sexto
século antes de Jesus,
como pitonisa no oráculo
de Delfos, onde teria
tido uma de suas
reencarnações.
Citamos o exemplo do
período mencionado para
demonstrar que a
mediunidade que encantou
o século XX custou a ele
muitos sofrimentos e a
reencarnação mencionada
foi um exemplo disso.
Continua ensinando
Emmanuel para explicar a
imensa dificuldade que
nos caracteriza a
marcha, para nos
afastarmos do mal e
procurarmos o bem, na
mesma obra mencionada
anteriormente:
Cegaram-nos males
numerosos, aos quais nos
inclinamos nas sendas
evolutivas, e,
acostumados ao
exclusivismo e ao atrito
inútil, no desperdício
de energias sagradas,
ignoramos como procurar
a tranquilidade
consoladora.
Mesmo reconhecendo essa
dificuldade, nos
recomenda o Mentor:
Dilacere-se-nos o ideal
ou fira-se-nos a alma,
apartemo-nos do mal e
pratiquemos o bem
possível, identifiquemos
a verdadeira paz e
sigamo-la.
Parece que Pedro e
Emmanuel insistem na
mesma receita. Na
cozinha do mundo
material, quando erramos
uma determinada receita,
voltamos a repeti-la até
conseguir que ela se
apresente através do
prato saboroso por ela
inspirada.
Será que na cozinha
da reencarnação
estaremos dispostos a
repetir a receita de
Pedro até conseguir que
ela consiga dar forma ao
homem novo, deixando
para trás o homem velho
que deveríamos ter
vergonha de apresentar
no cardápio da
vida?