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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 484 - 25 de Setembro de 2016

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 


A efusão do espírito

A ascensão dos Mundos de Provas para os de Regeneração
é um belíssimo espetáculo

"Os mortos são os invisíveis, mas não são os ausentes." - Victor Hugo
 

Léon Denis rende tributos à mediunidade gloriosa em um périplo pela História da Humanidade.

Acompanhemo-lo no[1] "(...) curso das idades, para testemunharmos a expansão da mediunidade nos mais diversos meios, uniforme em seu princípio, variada ao infinito em suas manifestações: a história dos profetas de Israel se encerrou com a aparição de Jesus. Toda a Sua pessoa e toda a Sua passagem pela Terra, bem como toda a Sua existência, estão envoltas no mistério do Invisível. Ele conversava com Moisés e Elias, e legiões de Almas O assistem. Seu pensamento abrange dois Universos; Sua palavra tem a doçura dos Mundos Angélicos; Seu olhar lê no recesso dos corações, e com um simples contato Ele faz cessar o sofrimento.

Essas maravilhosas faculdades são por Ele transmitidas parcialmente a Seus apóstolos. E lhes diz[2]: ‘não cuideis como ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será inspirado o que haveis de dizer. Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é o que fala em vós’.

Decorrem os séculos; muda-se a cena... Além, no Oriente, surge outra imponente figura: no silêncio do deserto, Maomet, o fundador do Islam, redige o ‘Alcorão’, sob o ditado de um Espírito... Singular coincidência! Sua missão começa como a de Joana d`Arc; se lhe revela mediante vozes e visões. Como Joana, também ele - por muito tempo - se esquivara; mas o poder misterioso o arrasta contra a sua vontade, e o humilde condutor de camelos torna-se o fundador de uma religião que se estende sobre uma vasta região do mundo; ele cria integralmente um grande povo e um grande império.

Na Idade Média, mencionemos duas grandes figuras históricas: Cristóvão Colombo, o descobridor de um novo mundo, impelido por uma intuição superior, e Joana d’Arc, que obedece às suas vozes. Em sua aventurosa missão, Colombo era guiado por um gênio invisível. Já a vida de Joana d’Arc está na memória de todos. Sabemos que, em todos os lugares, seres invisíveis inspiravam e dirigiam a heroica virgem de Domrémy. Todos os êxitos de sua gloriosa epopeia são previamente anunciados. Surgem aparições diante dela; vozes celestes ciciam-lhe ao ouvido. Nela a inspiração flui como o borbotar de uma torrente impetuosa. Como médium e missionária, seria sem igual na História se não tivesse havido antes dela o Mártir do Calvário. Pode-se pelo menos dizer que nada se viu de mais augusto desde os primeiros tempos do Cristianismo...

A esses nomes gloriosos temos o direito de acrescentar os dos grandes poetas. Depois da música é a poesia um dos focos mais puros da inspiração; provoca o êxtase intelectual, que permite entrar em comunicação com as Esferas Superiores. Nele cantam as vozes todas da Natureza. O ritmo da Vida Invisível regula a cadência de seus versos...

Todos os grandes poetas heroicos principiam seus cantos por uma invocação aos deuses ou à musa; e os Espíritos inspiradores atendem ao chamado.  Murmuram ao ouvido do poeta mil coisas sublimes, mil coisas que só ele entende, entre os filhos dos homens.

Homero tem cantos que vêm de mais alto que a Terra.

Platão dizia: ‘o poeta e o profeta, para receberem a inspiração, devem entrar num estado superior em que seu horizonte intelectual se dilata e ilumina por uma luz mais alta’.

Segundo Pitágoras, ‘a inspiração é uma sugestão dos Espíritos que nos revelam o futuro e as coisas ocultas’.

Vergílio foi muito tempo considerado um profeta, em virtude de sua ‘Écogla messiânica de Polion’.

Dante Alighieri é um médium incomparável. Sua ‘Divina Comédia’ é uma peregrinação através dos Mundos Invisíveis.

Ozanam, o principal autor católico, que já analisou essa obra genial, reconhece que o seu plano é calcado nas grandes linhas da iniciação nos mistérios antigos, cujo princípio, como é sabido, era a comunhão com o oculto.

Tasso compõe aos dezoito anos seu poema cavalheiresco ‘Renaud’, sob a inspiração de Ariosto, e mais tarde, em 1575, sua obra capital, a ‘Jerusalém Libertada’, vasta epopeia, que afirma haver-lhe sido igualmente inspirada.

Shakespeare, Milton e Shelley foram também inspirados; Goethe se abeberou amplamente nas fontes do Invisível; outro tanto se pode dizer de Klopstock e de sua ‘Messiada’, poema em que se sente perpassar o sopro do Além; W. Blake afirma ter escrito suas poesias sob a direção do Espírito Milton, e reconhecer que todas as suas obras foram inspiradas.

Mais próximo de nós, Alfred de Musset tinha visões, via aparições e ouvia vozes. Em todos os tempos essas comunicações sutis dos Espíritos aos mortais têm vindo fecundar a arte e a literatura.

Na obra de Rogério Bacon, ‘O Doutor Admirável’, ‘Opus Majus’, todas as grandes invenções do nosso tempo estão profetizadas e descritas; Jerônimo Cardan, em ‘De Rerum Varietate’ felicitava-se por ter os "dons’ que permitem cair em êxtase à vontade; Schiller declarou que seus mais belos pensamentos não eram de sua própria criação; ocorriam tão rapidamente e com tal energia que ele tinha dificuldade em apreendê-los com suficiente presteza para transcrevê-los.

As faculdades mediúnicas de Emmanuel Swedenborg, o filósofo sueco, são atestadas por comunicações do Além, impossíveis de serem contraditadas.

Poderíamos citar ainda Chateaubriand e sua irmã Lucília; Balzac; Edgard Quinet; Lamartine; Michelet; Henri Heine...

Victor Hugo escreve[3]: ‘Les morts sont des vivants mêlés à nos combats. Et nous sentons passer leurs flèches invisibles’.

Na vida dos santos ressuma exuberante a seiva mediúnica de que foi saturada a primitiva Igreja pelo Cristo e Seus apóstolos...

Assim, o fenômeno da mediunidade se patenteia em todas as épocas, ora fulgurando com intenso brilho, ora velado e obscurecido, conforme o estado de alma dos povos, jamais cessando de encaminhar a Humanidade em sua peregrinação terrestre. Todas as grandes obras são filhas do Além. Tudo o que há revolucionado o mundo do pensamento, aduzindo um progresso intelectual, nasceu de um sopro inspirador...

Deus envia Seu pensamento ao mundo por emissários que incessantemente descem os degraus da escada dos seres e vão levar aos homens a comunicação divina, como os astros enviam à Terra, através das profundezas, suas irradiações sutis. Assim tudo se liga no Plano Universal. As Esferas Superiores promovem a educação dos mundos inferiores.

A ascensão dos Mundos de Provas para os de Regeneração é o mais belo espetáculo que pode ser oferecido à admiração do pensador.

(...) É tempo de que um novo influxo percorra o Mundo para substituir debilitados envoltórios doutrinários quanto formas gastas e ancilosadas.

Só a Ciência e a Revelação podem dar à Humanidade a exata noção de seus destinos. Um imenso trabalho em tal sentido se realiza atualmente; uma obra considerável se elabora. O estudo aprofundado e constante do Mundo Invisível, que o é também das causas, será o grande manancial, o reservatório inesgotável em que se hão de alimentar o pensamento e a vida. A mediunidade é a sua chave.

Por esse estudo chegará o homem à verdadeira ciência e à verdadeira crença que se não excluem mutuamente, mas que se unem para fecundar-se; por ele também uma comunhão mais íntima se estabelecerá entre os vivos e os mortos, e socorros mais abundantes afluirão dos Espaços até nós, cumprindo a profecia registrada no Novo Testamento[4]: nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões, e os velhos sonhos”.

E finaliza Denis em alvissareira peroração: “O homem de amanhã saberá compreender e abençoar a vida; cessará de recear a morte. Há de, por seus esforços, realizar na Terra o Reino de Deus, isto é, da paz e da justiça, e, chegado ao termo da viagem, sua derradeira noite será luminosa e calma como o ocaso das constelações, à hora em que os primeiros albores matinais se espraiam no horizonte”.

Vivesse em nossos dias, León Denis não trepidaria em afirmar que das Minas Gerais brotou a gema mais preciosa, a mais poderosa antena mediúnica onde a efusão do Espírito patenteia-se - exuberante - a espraiar as luzes do Mais Além nas sendas da Humanidade através da imarcescível e singela criatura que para nós é o saudoso, querido, meigo e Cândido, Francisco Xavier.

Afirmou Jesus[5]: "se os meus discípulos se calarem, as pedras clamarão", e isso se deu na escura Noite Medieval onde o baraço, o cutelo e as fogueiras inquisitoriais silenciaram as nobres expressões do Espírito.

Por isso, no dizer de Camilo[6], o Guia Espiritual do médium fluminense Raul Teixeira, as “Vozes do Infinito (o que equivale a dizer: as vozes dos Espíritos), ressoam como trombetas, arrebentando as lápides tumulares" em altissonante convite às criaturas nos cipoais terrestres, indicando-lhes os caminhos da Eternidade, restabelecendo as coisas no seu verdadeiro sentido e escoimando a mensagem cristã das gangas nela incrustadas pela mão ambiciosa e venal do homem imediatista com seus escusos, inconfessáveis e subalternos alvitres.

Conforme desejo expresso do Espírito de Verdade[7], “num hino sagrado, devemos fazer uníssonas todas as vozes, para que possam repercutir de um extremo a outro do Universo”.    


 

[1] - DENIS, Léon. No invisível.  19. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2000, capítulo 26.

[2] - Mateus, 10: 19 e 20.

[3] - "Os mortos vivos são; partilham nossas lutas. E ouvimos sibilar suas setas".

[4] - Atos, 2: 17 e 18

[5] - Lucas, 19: 40

[6] - TEIXEIRA. Raul. Vozes do infinito. Niterói: Fráter Editora, 1991. Pp. 7-8.

[7] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, prefácio.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita